Exaltando o talento cearense, Catarina Mina leva peças do projeto Vai Maria ao São Paulo Fashion Week

A carnaúba ganhou a passarela do São Paulo Fashion Week. Em um desfile que uniu o crochê da Catarina Mina aos bordados do projeto Vai Maria, do IPREDE, o Ceará celebra a força feminina criativa com uma coleção inspirada na “árvore da vida”, símbolo de resistência e beleza que atravessa o sertão e agora alcança o cenário mais prestigiado da moda brasileira

Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br

Nesta semana, a passarela do São Paulo Fashion Week recebeu um sopro de vento quente do Ceará. A marca Catarina Mina, em parceria com o projeto Vai Maria, do Instituto da Primeira Infância (IPREDE), apresentou uma coleção inspirada na carnaúba, a “árvore da vida”, transformando o símbolo cearense em poesia vestida. Foram mais de 15 criações que uniram o crochê da marca aos bordados feitos à mão pelas mulheres do projeto, em um desfile que fez da moda uma declaração de força e pertencimento.

A escolha da carnaúba nasce de uma admiração antiga. “É um símbolo que está aqui conosco de uma forma muito expressiva, pois a palha que vem dela é um dos materiais mais presentes na nossa marca”, diz Celina Hissa, diretora criativa da Catarina Mina. “A palha é sustentável, é parte de um processo lindo, que começa na colheita da folha e passa por muitas etapas até ser trançado. Tem um valor enorme pra mim, para o estado e pra nossa economia. Além disso, garante que nossa presença internacional seja ainda mais expressiva. Os clientes adoram no Exterior”.

O desfile marcou também a estreia do Vai Maria no circuito oficial da moda, como primeiro projeto social a levar peças para a SPFW. Criada pelo IPREDE, a iniciativa ensina costura e modelagem a mães e cuidadoras em situação de vulnerabilidade, inserindo-as no mercado da moda sustentável. Para Celina, a parceria foi um encontro natural: “O Vai Maria é brilhante. Não tem quem não se encante pelo trabalho deles. A seriedade com que o IPREDE cuida de tão diversos públicos é emocionante, então não foi difícil criar espaço pra que pudéssemos trabalhar juntos. A gente é apaixonado por bordado manual, é uma tipologia que sempre esteve presente desde o começo da nossa marca”.

Celebração ao Nordeste
Entre rendas e trançados, o desfile mostrou que o artesanal também é sinônimo de luxo. “Um evento dessa grandeza é o lugar perfeito para dar voz – e corpo – ao nosso trabalho. O desfile é o formato espetacular da moda, e é com ele que a gente coroa o que vem fazendo da porta pra dentro. Organizamos o trabalho em uma narrativa e damos vida com ela ao que temos feito no cotidiano”, afirma Celina.

O que se viu na passarela foi mais do que moda: foi uma celebração da resistência feminina nordestina. “Quando eu olho para o trabalho manual, eu sou automaticamente levada a olhar pras mãos de quem faz, pra vida de quem faz. Não tem como separar o artesanato da artesã. Esse olhar para o trabalho manual e, consequentemente, pra quem faz é transformador. Todo mundo ganha. Como se diz: o futuro é feito à mão”, diz.

Em meio à comemoração dos 30 anos do SPFW, a presença das mulheres do Ceará trouxe nova textura ao evento. O desfile destacou um Nordeste que se reconhece não mais pela escassez, mas pela abundância criativa. “Antes éramos apenas uma parte do Norte, conhecidos pela seca. Agora que sejamos conhecidos pela fartura, pela criatividade, pela potência. Somos, em nossa origem, um povo profundamente interessante, rico, exuberante no pensar e no fazer. Que assim seja nossa imagem para o resto do mundo, pois é o que, naturalmente, somos”, finaliza Cleina Hissa.

 

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