A cantora Roberta Fiuza conta que a música a ajudou a superar a Covid 19 e faz coro a favor do isolamento social. “A ignorância ainda vai custar muito caro para todos nós. Acho inclusive que deveriam existir regras muito mais duras”
Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootmista.com.br
Na semana que antecedeu o surgimento dos primeiros sintomas do novo coronavírus – final do mês de março -, a cantora Roberta Fiuza, 35, relata que cantou por cinco dias seguidos, nadou e até correu, como de costume. Tudo até então parecia dentro da normalidade. “Eu comecei com uma febre e não fico febril nem com crise de garganta. Sou de um jeito que sequer termômetro tenho em casa. Daí parei em uma farmácia para comprar um termômetro e estava com 38.9 graus e a temperatura foi aumentando até eu chegar ao hospital”.
Roberta conta que teve muita dor no corpo, “talvez uma reação como se fosse uma febre reumática. Fiquei com minhas extremidades dormentes e logo perdi o olfato e o paladar. Não sinto gosto de nada até agora. Estava tossindo muito e achei que era alguma coisa de garganta. Senti que ia começar uma sinusite, porque comecei a perceber um ardor na face. Eram muitas as dores nas juntas. Fiquei de um jeito que não estava conseguindo usar minhas lentes de contato. Uma sensação muito estranha”, relata ela, lembrando que já teve dengue hemorrágica e passou por cirurgia de emergência, “mas nada se compara às dores que eu tive no meu corpo com a Covid“.
A cantora cearense lembra que sempre alertou sobre o vírus para as pessoas de seu convívio. “Desde o primeiro caso que chegou no Brasil fiquei muito atenta e fui ironizada e ridicularizada por muita gente. Quando foi confirmado que eu estava com o vírus, só acreditei porque confio na classe médica. Confiei, pratiquei minha fé e fiz o protocolo necessário, que era ficar no hospital. Passei cinco dias no isolamento na UTI. Não fui entubada, mas fiquei em observação e recebi oxigênio no começo. Uma das madrugadas foi mais complicada, mas foi tudo contornado”.
Ela diz que, por uma questão pessoal, não está saindo de casa, a não ser para o extremamente necessário. “Não tenho tido contato com as pessoas, estou bem melhor, mas a minha imunidade ainda está muito baixa”. Roberta conta que esses dias tentou ir ao supermercado por quatro vezes. “Eu tentei, mas voltei para casa porque tomei um susto. Não estou acreditando na quantidade de pessoas na rua”, enunciou assustada, ao lembrar do que passou.
Terapia
A música foi uma aliada e uma terapia para ela durante os dias em que esteve internada, assim como quando voltou para o lar mais reestabelecida. “A música não só me ajudou no processo de volta para casa, como durante todo o processo no hospital, onde eu não podia ter acesso a nada. Tinha hora em que eu pedia para ouvir uma música, isso pela minha sanidade mental. Ela sempre foi meu SOS”.
Diante da experiência que passou, Roberta afirma que é totalmente a favor dos decretos governamentais que clamam pelo isolamento social. “Acho um absurdo o que tenho visto na minha cidade. Chego a ter vergonha do comportamento das pessoas em Fortaleza. A ignorância ainda vai custar muito caro para todos nós. Acho inclusive que deveriam existir regras muito mais duras. As pessoas não obedecem, parece que precisam ser vigiadas. A minha vida não é mais a mesma”, avalia ela.






















