O multiartista Zé Tarcísio conversa com o público na manhã desta segunda (29), pelo Instagram, onde relembra e conta o que viveu em sua trajetória
Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br
A história do pintor, artista intermídia, gravador, escultor, cenógrafo e figurinista Zé Tarcísio – ao longo de seis décadas – é tão grande e valorosa para os registros das artes do Ceará, que ganhou duas edições do projeto “Entre Telas Artes Visuais”, uma série de lives realizadas pela Escola Porto Iracema das Artes, durante esse período de pandemia.
Mediado pela coordenadora do Laboratório de Artes Visuais da escola, Aline Albuquerque, o primeiro encontro do multiartista com o público, intitulado “Café com o Zé”, ocorre nesta-segunda-feira (29). O bate-papo será transmitido pelo Instagram da instituição, a partir de 10h45min de hoje.
Na ocasião, José Tarcísio Ramos – que tem seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente em um percurso que passa por terras cearenses, Rio de Janeiro e países da Europa – abordará sua vivência e produção artísticas nas décadas de 1960 e 1970. O segundo encontro está previsto para acontecer no dia 6 de julho, também no mesmo horário, quando explanará sua relação artística no período da década de 1980 até 2020, onde ainda continua sua incansável produção.
“Tudo que vivi se incorporou, automaticamente, ao meu acervo de experiências vitais, estando de uma ou outra forma, expresso em meus trabalhos. Tem gente que passa por um processo de dissociação, entre o passado e o presente. Minhas experiências, pelo contrário, se misturam todas, entre o sonho e a realidade, entre o que eu quis ser e o que eu sou. E dessa mistura renasço a cada dia e a cada trabalho criado, inteiramente liberto para viver tudo de novo, mas com uma predisposição diferente, sentindo que tudo me amadurece e me prepara para o exercício destas duas coisas maravilhosas: a vida e a arte, as duas tão entrelaçadas que já sei onde acaba uma e começa outra”, já disse Zé Tarcísio, quando comemorava seus 10 anos de carreira.
“A ideia é que a gente possa traçar um panorama de sua trajetória, que é imensa e ele continua produzindo. Pensamos então em dividir em dois dias e ainda assim, acho pouco. No primeiro dia abordaremos mais sua produção plástica dos anos 60 e 70, assim como criou e resistiu nos anos de chumbo (época da Ditadura Militar). Foi quando Zé foi para o Rio de Janeiro, morou em Santa Teresa (bairro). É muito rico esse período, as pessoas com as quais ele conviveu, quem ele conheceu; como era a cena das artes do Rio de Janeiro. Ele participou de bienais, foi premiado e tem obra que integra o acervo do Museu Nacional de Belas Artes”, explica Aline Albuquerque.
No segundo encontro com Zé Tarcísio, Aline diz que será um desafio contar a sua produção dos anos de 1980 até os dias de hoje. “É quando ele volta para Fortaleza. Queremos partir da série produzida por ele, a ‘SOS Litoral’, em que ele denunciou a especulação imobiliária, especialmente nas dunas em Fortaleza. Mas, como ele gosta muito de conversar, pode ser que ele aborde outras coisas”, diz ela. “Zé é um artista que está sempre na resistência e em produção. Acho que é muito importante trazê-lo para esse momento”, afirma.
MAIS
Projeto “Entre Telas Artes Visuais”, conversa com o artista Zé Tarcísio. O “Entre Telas” é série de debates online com artistas e pesquisadores a fim de discutir suas formações e processos criativos sob diferentes contextos, especialmente durante o isolamento social
Quando: Nesta segunda-feira (29) e dia 06/07
Hora: 10h45min
Onde: Instagram da Escola Porto Iracema das Artes