Uma mente exausta afeta a atenção e a memória. Veja atitudes que você pode tomar para fugir do problema

Uma mente exausta interfere diretamente na capacidade cognitiva do indivíduo. A atenção, a memória e a capacidade de tomar decisões são as primeiras a ser afetadas. Confira algumas atitudes que você pode tomar para fugir da exaustão mental

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

Assim como o corpo se cansa ao ser submetido a exercícios físicos de alta intensidade ou por períodos prolongados, nossa mente também sofre os efeitos do trabalho intenso. Sentir-se cansado continuamente e de forma desproporcional às atividades realizadas naquele momento são os primeiros sinais de que a sua mente pode estar exaurida.

A pandemia veio catalisar essa exaustão que já vinha acompanhando muita gente diante de tantas demandas (aparentemente) urgentes que o mundo moderno apresenta. A incerteza contínua, a incapacidade de pôr fim aos fatores estressantes, o home office que passou a exigir mais atenção (e, muitas vezes, mais horas de trabalho), a escolarização em casa, tudo isso ajudou a piorar o quadro de cansaço mental.

“Vivemos, do ano passado até aqui, demandas emocionais muito densas. Um misto de estado de alerta com tantos cuidados que se fazem necessários, o entrar em contato com uma grande temática tabu, que é a morte, nas esferas individuais e sociais, a nível concreto, exponencial e a nível de ameaça, risco iminente, com pouco preparo e manejo emocional das pessoas nesse âmbito, infelizmente”, pontua a psicóloga clínica Marília Coelho.

Ela aponta ainda o uso excessivo das telas e tecnologias como um fator agravante da exaustão mental, apesar de serem grandes facilitadoras da vida moderna. “Percebo essa falta de fronteira que nos cerca, nos pedindo limites o tempo inteiro. Se agora as telas nos acompanham mais intensamente e rotineiramente, investirmos em outros formatos nos momentos de descanso, se faz uma convocação urgente e necessária”, recomenda a psicóloga.

Reflexos da mente exausta 

A exaustão mental afeta, principalmente, a capacidade cognitiva do indivíduo. No início, de forma mais tênue, porém, com o acúmulo de fatores estressores, ela vai se intensificando. “Ela vai alterando a capacidade de manter a atenção focada, de fazer memória, do processamento mental e de tomada de decisão”, explica o psiquiatra Joel Porfírio Pinto, membro da diretoria da Sociedade Cearense de Psiquiatria.

Segundo ele, um exemplo clássico disso foi um estudo realizado ainda na década de 1970, o qual concluiu que médicos não poderiam trabalhar mais de 24 horas initerruptamente, uma vez que, após esse período, aumentavam os riscos de erros médicos, desde os mais leves até os mais graves. Com o passar das horas, a exaustão mental começa a afetar a capacidade de atenção dos profissionais, seu desempenho e interferem nas suas tomadas de decisão.

A exaustão mental leva ainda a uma perda da capacidade de estudar ou trabalhar, o que, de acordo com o psiquiatra, pode virar um ciclo danoso porque a pessoa fica se sentindo mal com a queda de desempenho e isso ocasiona alterações de necessidades básicas para o bom funcionamento do organismo, como no sono ou no apetite. “Esses também são sinais precoces da exaustão. Se tiver a manutenção desse esgotamento, você pode ter alteração de humor, irritabilidade desproporcional à personalidade do indivíduo, o que vai piorar o ambiente de convívio com os outros, até chegar no ponto de perda de interesse pelas coisas de que gosta e que fazem sentido”, alerta o especialista.

Como melhorar

Evitar que, em algum momento, a mente se canse é praticamente impossível. Porém, há formas de amenizar e evitar que a mente chegue à exaustão. As recomendações são velhas conhecidas de todos, mas nunca é demais lembrar que elas precisam ser colocadas em prática.

– Inserir atividade física na rotina: é uma maneira de reduzir os efeitos do estresse sobre o organismo e melhorar a capacidade de enfrentamento para os problemas ou tarefas a serem executadas.

Momentos de pausa: eles devem acontecer tanto ao longo do dia, como em intervalos mais prolongados, de modo que permitam se dedicar a atividades sociais em família ou com amigos dentro do que é possível neste momento. Momentos de autocuidado também são importantes, equilibrando o zelo pelo outro, mas sem se descuidar e se perder de si.

Cuidados com a saúde emocional: procure realizar atividades em contato com a natureza; conecte-se com as artes (música, dança, poesia, pintura, desenho); se desconecte das redes sociais e invista em outros tipos de leituras;busque redes de apoio relacionais afetivas e seguras; se achar necessário, busque ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra.

Sono de qualidade: ter uma boa noite de sono influencia em todo funcionamento do seu organismo. Desligue os aparelhos eletrônicos pelo menos uma hora antes de ir dormir, mantenha uma rotina de horários e tente esquecer os problemas que você não vai conseguir resolver enquanto está na cama.

– Organize-se: planejar seus dias, suas semanas e fazer lista de tarefas contribui para uma organização mental e ajuda você a não fazer mil coisas ao mesmo tempo.

– Meditação: para quem ainda não é adepto à técnica milenar de esvaziar a mente, há aplicativos que servem como guias para iniciantes. Começar o dia meditando funciona como uma espécie de limpeza mental.

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