A notícia da inclusão do apresentador Faustão na fila de transplantes e sua subsequente cirurgia bem-sucedida para receber um novo coração no último domingo (27) levantou questionamentos sobre as prioridades na lista de espera e o tratamento dado a figuras públicas. Apesar de desmentidos por especialistas e autoridades, os rumores de que o apresentador teria furado a fila por sua fama e status fizeram eco. Mas, afinal, como funciona o sistema de transplantes no Brasil e quais são os critérios para escolher os receptores de órgãos?
Critérios de prioridade
O tempo de espera por um transplante pode variar consideravelmente devido a diversos fatores, como o tipo sanguíneo, a gravidade da condição do paciente e a disponibilidade de órgãos. Para o caso específico de Faustão, com sangue tipo B e necessitando de um novo coração, a espera média estava estimada entre um a três meses. No entanto, sua condição crítica levou a sua inclusão na lista de prioridades, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde.
Seleção de receptores
A escolha de quem receberá um órgão é um processo complexo, baseado em critérios como compatibilidade imunológica, gravidade da condição e urgência do procedimento. Não há priorização de figuras famosas ou de alta classe social. Os pacientes são identificados por números para evitar favorecimentos pessoais. Segundo especialistas, fatores como poder financeiro e influência não podem garantir prioridade ao receptor. Casos como o do humorista Mussum, que foi priorizado devido a uma condição grave, e de MC Marcinho, que mesmo na fila de espera não pôde receber um novo coração devido à sua condição delicada, ilustram essa imparcialidade do sistema.
Lista de espera e procedimentos
A lista de transplantes é única, abrangendo a rede pública e particular, e é controlada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A gravidade do paciente e o tempo de inscrição na fila determinam a prioridade. Uma lista secundária, organizada por tipo sanguíneo, existe dentro da fila principal. Critérios adicionais como peso, altura e compatibilidade imunológica são considerados. Doadores acima de 45 anos frequentemente são rejeitados devido a riscos de complicações.
Do diagnóstico à recuperação
A identificação de potenciais doadores ocorre em unidades de terapia intensiva (UTIs) e emergências, onde pacientes com diagnóstico de morte encefálica são avaliados. Após autorização da família, testes de compatibilidade entre doador e receptor são realizados. O transplante é um processo complexo que envolve várias etapas, desde a identificação do doador até a cirurgia de transplante em si. O pós-operatório envolve imunossupressores para prevenir rejeição e exige acompanhamento constante.
Vida após o transplante
O pós-transplante exige cuidados rigorosos, com taxa de sobrevida inicial de 80%, chegando a mais de uma década com tratamento adequado. Histórias de sucesso, como a de Francisco Sebastião de Lima, que viveu 34 anos após um transplante cardíaco aos 17 anos, demonstram a eficácia do procedimento quando acompanhado de perto.