Entre brindes, ceias e encontros, o fim de ano também impõe desafios à saúde e ao bem-estar. Por isso, especialista alerta que o risco não está em um exagero pontual, mas no acúmulo de excessos que afetam o metabolismo, o sono e o equilíbrio hormonal. A boa notícia é que pequenas escolhas conscientes podem ajudar a atravessar as festas sem “cobrar juros” do corpo em 2026
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Entre dezembro e janeiro, o clima de celebração costuma vir acompanhado de hábitos que desafiam o metabolismo — muitas vezes sem que o impacto seja percebido de imediato. Um estudo da Universidade de Cornell (EUA), realizado nos Estados Unidos, Japão e Alemanha, mostra que o período das festas concentra parte significativa do ganho de peso anual, que tende a não ser revertido nos meses seguintes.
Segundo o nutrólogo Victor Camarão, o principal risco não está em um episódio isolado, mas na repetição diária de excessos. “O corpo até consegue lidar com um excesso pontual. O problema é a soma: vários dias seguidos de exageros mantêm a insulina elevada, aumentam a inflamação e reduzem a capacidade de o organismo ‘voltar ao eixo’. O metabolismo não tem pausa para se reorganizar”, diz o médico.
Acúmulo
Com o avanço das semanas de confraternizações, o impacto vai além da balança. “Esses exageros deixam o corpo mais inflamado, facilitam o ganho de gordura e sobrecarregam o fígado. A pessoa se sente mais inchada, cansada e com menos disposição, além de perceber que engorda com mais facilidade e emagrece com mais dificuldade depois das festas”, afirma o especialista.
Esse processo inflamatório, explica Victor, afeta diretamente o humor, a imunidade e o controle do apetite. A sensação de fadiga constante e retenção de líquidos costuma ser um dos primeiros sinais de que o metabolismo está sobrecarregado.
Desequilíbrios
Outro fator decisivo nesse período é a piora da qualidade do sono, muitas vezes associada ao consumo de álcool. “Dormir mal aumenta a grelina, que estimula a fome, reduz a leptina, responsável pela saciedade, e desorganiza hormônios como cortisol e dopamina. O resultado é mais vontade de comer, menos controle e maior irritabilidade”, explica.
O álcool, por sua vez, tem efeito direto no acúmulo de gordura. “Bebidas alcoólicas têm prioridade metabólica. O fígado precisa metabolizá-lo antes de tudo, e enquanto isso a queima de gordura desacelera. Além disso, o apetite aumenta, a lipogênese [criação e armazenamento de gorduras] é favorecida e o sono piora”, alerta o nutrólogo.
Alimentação emocional
O fim do ano também traz uma carga emocional significativa, que influencia o comportamento alimentar. “Muitas pessoas comem não por fome fisiológica, mas por ansiedade, nostalgia ou cansaço. A alimentação emocional é urgente, específica e aparece como resposta ao estresse”, observa Victor. Para ele, reconhecer esse padrão é essencial para evitar exageros automáticos.
Na tentativa de compensar os excessos, dietas radicais até costumam surgir em janeiro, mas não são o caminho mais indicado: “O corpo interpreta a restrição extrema como ameaça. O metabolismo desacelera, a massa muscular é sacrificada e os hormônios da fome aumentam. O resultado é um ciclo de perda rápida seguido de ganho ainda maior. Equilíbrio corrige; radicalismo cobra juros”.
Para o médico, atravessar as festas com consciência evita que o ano comece com culpa e medidas extremas. “Cuidar da saúde agora impede que janeiro comece com inflamação e punição. O verdadeiro recomeço acontece com consciência, não com sofrimento”, completa.
mais
DICAS PRÁTICAS PARA AS FESTAS DE FIM DE ANO:
Mantenha horários regulares de refeições sempre que possível;
Priorize proteínas e vegetais nas principais refeições;
Hidrate-se bem
ao longo do dia;
Limite o consumo de álcool e intercale com água;
Cuide do sono, mesmo em dias de confraternização;
Observe se a vontade de comer é fome real ou resposta emocional;
Lembre-se que equilíbrio não é perfeição: é constância consciente.



















