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Ricardo Cavalcante quer unir o Sistema S em ações pelo Ceará

 

Ricardo Cavalcante assume a Presidência da Fiec com planos que vão além da indústria. Também presidente do Conselho de Administração do Sebrae, ele quer mobilizar todo o Sistema S em torno de ações de desenvolvimento do Ceará. Para começar, ele cita difusão da informação e interiorização. “Vamos tentar fazer esse trabalho unidos, não só em prol do Sistema, mas em prol do Estado”, diz, frisando que só em 2018 o Sistema S atendeu 1,9 milhão de pessoas no Ceará. 

Mas o trabalho, claro, começa em casa. Fortalecer o Observatório da Indústria, aprimorar a comunicação e levar o Sistema Fiec a novos municípios estão na lista de prioridades. Além disso, já nos próximos 50 dias, a Federação deve lançar novo serviço para empresas que desejam exportar ou importar. O projeto, revela Ricardo, é que o Centro Internacional de Negócios, pesquise a oferta externa de produtos sob demanda dos empresários. “Conhecimento é o futuro”, afirma. 

A união também começa em casa. Com quase 30 anos de associativismo, não é à toa que Ricardo é considerado um homem de perfil conciliador. “Acho que tem que ter humildade também. A gente só consegue conciliar se puder ouvir”. Foi assim que ele conseguiu reunir os 39 sindicatos para aclamar a vitória da sua chapa, Fiec Unida.  A filosofia é clara: “está tudo tão difícil aí fora, a gente ainda vai se dividir?!” 

Para o presidente, é preciso conciliar, mas sem perder a capacidade de se posicionar. Neste sentido, e num país polarizado, seu alicerce é firme. “A nossa política é a industrial e eu vou sempre me basear nela. A gente briga e vai atrás do melhor (para a indústria) porque a gente precisa crescer. A política partidária eu deixo para os políticos”. 

Se dizendo otimista, Ricardo revela ter boas perspectivas para a economia do Ceará. Ele cita a trinca de hubs, a atração de investimentos e a situação fiscal local. Tudo isso, avalia, prepara o estado para deslanchar assim que as reformas estruturantes nacionais forem resolvidas. “A  indústria também precisa entrar nessa trinca e olhar as oportunidades”, afirmou em entrevista concedida ao Tapis Rouge na última quarta-feira, 2, em seu gabinete. Confira. 

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Você estava na Diretoria Executiva da Fiec nas duas últimas gestões. Que Federação foi construída nesse período? Que Federação o presidente Ricardo Cavalcante assume agora? 

Estou recebendo um presente. A Federação está toda organizada, estruturada, na parte de processos, como na parte financeira, como estrutural. Eu fiz parte também da administração do Beto (Stuart), fui diretor administrativo também adjunto na administração do Roberto Macêdo. Acompanhei o trabalho deles, espetacular. A Fiec está organizada e unida, que é o mais importante. Temos, hoje, 39 sindicatos. Todos têm presidentes atuantes, estão procurando o melhor para o seu setor e a Fiec tem dado essa resposta. Então posso dizer que estou recebendo uma federação de uma forma espetacular, para mim é um ganho e com certeza eu poderei acelerar mais várias ações em função dessa federação como estou recebendo. 

Quais são as suas metas da sua gestão?

Eu tenho várias metas e, hoje, meta a gente tem que dividir porque, nesse mundo disruptivo, a cada um ano, muda tudo. Mas inicialmente eu tenho o interesse em melhorar cada vez mais a informação para o associado. O Beto deixou aqui o observatório da indústria, que é o maior legado da administração dele, porque é conhecimento. E conhecimento é o futuro, tanto da indústria, quanto do comércio e de todo mundo. Vou cada vez mais melhorar e aumentar o número de informações que o Observatório precisa. Segundo é a interiorização da indústria. Hoje estamos em Fortaleza, Maracanaú, Sobral, Crato e alguma coisa em Limoeiro. Eu estou querendo entrar em novas regiões, Marco, Iguatu, Serra Grande. A gente está olhando que novas regiões iremos atacar para que a gente possa dar condições a esses empresários de terem um atendimento melhor do Sistema Fiec, que tem também Sesi, Senai e IEL.  

O associativismo vem passando por muitas mudanças, a principal delas foi o fim da contribuição sindical obrigatória. Como a Fiec e seus sindicatos se adaptam a essa nova realidade?

Para os sindicatos, tanto patronal como do trabalhador, houve uma queda. Não é mais obrigatório, então só paga quem se interessa. Nós tivemos uma queda muito grande em todos os 39 sindicatos nessa arrecadação. Mas a Federação está fazendo um trabalho para a gente dar condições aos nossos sindicatos para que eles tragam novos associados, apresentando projetos, serviços. O Observatório é um grande estimulador de serviços para esses sindicatos, Sesi e Senai também, prestando um serviço, tanto no atendimento a saúde, como a treinamento dos colabores. Essa deficiência a gente está tentando fazer com que o Sistema, junto com os sindicatos, dê uma condição melhor. A gente precisa dos sindicatos porque são eles que estão nas empresas. A gente precisa estar cada vez mais perto do associado e também dos sindicatos.

Qual o papel social da Fiec?

O papel social da Fiec é que hoje temos quase 300 mil empregos dentro da indústria do estado do Ceará. Se você colocar que cada empregado tem a mulher e dois filhos, é 1,2 milhão de pessoas. Agora eu vou abranger um pouco porque também sou presidente do Conselho do Sebrae e mandei providenciar junto com as outras entidade um vídeo, mostrando que em 2018 o Sistema S do Ceará atendeu 1,9 milhão de pessoas. Nós temos 9 milhões de habitantes. Então é um sistema que está muito participativo em todos os municípios do Estado do Ceará. Do Sistema Fiec, que é indústria, só posso atender onde tem indústria. Esse número de 300 mil empregos faz com que a gente tenha, no mínimo, treinamento para essas pessoas. A construção civil, por exemplo, muda a forma de construir e precisa de treinamento. Esse treinamento quem faz é o Senai ou Sesi. Essa participação na sociedade também é importante porque no entorno das indústrias sempre tem alguma coisa a se trabalhar. Nós atendemos também o colaborador fazendo exames pelo Sesi. Esse ano, acho que já atendemos mais de 70 mil pessoas. É um trabalho muito grande que a gente tem não só com o colaborar, mas com a família dele e o entorno das fábricas.

Existem ações planejadas em conjunto pelo o Sistema S do Ceará?

Nós precisamos, não só a Federação, informar mais o que nós fazemos. O Sistema S faz muito, faz muito dentro do Estado do Ceará, faz muito no Brasil. Mas a gente expõe e publica pouco. Isso, com certeza, nós vamos fazer de uma forma diferenciada. Nós precisamos não só que o colaborar saiba a que ele tem direito, mas também o empresário. A gente vai fazer esse trabalho e vamos trabalhar isso em conjunto. Queremos estar juntos da Fecomércio, do Sebrae, da Faec, da Federação dos Transportes. Trabalhando em conjunto, se a gente conseguir interiorizar, chegando todo mundo junto, fica muito mais fácil e a gente pode ajudar muito. Vamos tentar fazer esse trabalho unidos, não só em prol do sistema, mas em prol do Estado.

O Brasil passa por momentos difíceis e o Ceará não fica imune. Qual a sua perspectiva para a indústria cearense?

Eu sou otimista, acho que essas reformas irão passar. Passando, tem recurso no mundo. O mundo hoje trabalha com juros negativo. As pessoas aplicam dinheiro no banco para receber menos do que colocaram. O Brasil tem negócios com rentabilidade. Temos um estado saneado, onde todos os governos sempre tiveram muita responsabilidade com o caixa, tiveram projeto de governo. Pode olhar o Porto do Pecém, que hoje tem parceria com Roterdã, temos os canais de irrigação… Ou seja, perpassaram por vários governos e todos eles deram continuidade para que a gente tivesse condição de estar onde está hoje. A Prefeitura também está organizada, saneada. Então no momento em que a economia melhorar, e a economia não depende só do estado, mas essas reformas passando, tenho certeza que o Estado do Ceará está na frente de vários outros. Vai ter um crescimento muito mais acelerado do que se espera de outros estados. Semana passada o governador assinou acordo com a Klabin. Uma empresa como essa vindo para cá… tudo isso são sinais. Eu acredito muito que o estado vai crescer bem mais que outros em função dessa infraestrutura e esse trabalho que os governos têm feito, que é muito importante. 

A indústria cearense está se modernizando?

Temos várias empresas que são cases nacionais. Temos uma CSP, que a produção é a primeira ou segunda em nível mundial. Como também temos indústrias que não estão nesse ritmo. Mas a velocidade com que as coisas estão acontecendo, a informação vai fazer com que as pessoas transformem suas empresas numa velocidade muito grande. Por isso, é que eu estou pegando o Centro Internacional de Negócios (CIN) e transformando em um grande facilitador da importação e da exportação. Hoje, tem empresários que conseguem exportar porque tem uma certa estrutura, mas como o pequeno exporta? E como o pequeno importa? Por que o bom de uma balança comercial não é só exportar muito e importar pouco. A somatória dos dois é que mostra a riqueza do estado e do país. Então estamos montando uma estrutura no Centro Internacional de Negócios na qual vamos ser facilitadores. Qualquer empresário que tem um produto para vender, ele informa para a gente o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) e vamos procurar o que tem no mercado internacional para comprar ou para vender para ele se situar em nível mundial. Com esses três hubs que nós temos, Roterdã, o Aeroporto e os cabos de fibra ótica, a indústria também precisa entrar nessa trinca, olhar as oportunidades. O empresário precisa empreender e arriscar. Nós precisamos compreender melhor isso. Essa será uma das grandes vantagens de quem estiver precisando mudar a sua situação. Nós precisamos vender para o mercado interno e também para o externo. Você vende no mercado interno, tem tributação. Quando vende no externo, é isento. A gente tem que abrir a cabeça do empresário para isso e, acredito que em 45 a 50 dias, já teremos essa mesa para atender todos os industriais inicialmente e, depois, todos os empresário. Para a gente, se o comércio também compra, ele vai comprar num segundo momento da indústria e a gente fecha esse ciclo. Eu posso estar comprando um produto de São Paulo hoje a R$ 10 e ter esse mesmo produto na China que custa R$ 2. Eu posso trazer esse produto, transformar e vender para mais pessoas. É o momento em que a gente tem que entender qual a melhor forma de transformar a indústria. Então é uma mesa para compra e venda.

Uma dor da indústria cearense era a desconexão entre a academia e o mercado. A Fiec trouxe a inovação para dentro de casa. Como está a inovação na indústria a partir disso?

Eu criei assim que assumi uma Diretoria de Inovação, quem está nela é o Sampaio Filho, presidente do Simec (Sindicato da Indústria Metalmecânica) e também coordenador do Observatório da Indústria. Nós já temos essa união, temos o Cointec, que é o conselho de inovação e tecnologia da Federação, quase todos os reitores estão dentro. Essas informações, cursos, pós-graduações, ao invés de irem para a prateleira, vão direto para o empresário. Assim se transforma em riqueza para todos, não só para o empresário, mas também para quem fez o trabalho. Com isso, a gente tem mudado. Na administração do Beto, ele conseguiu fazer isso com muita facilidade. Foi um trabalho muito grande, de muito tempo, dois, três anos. Mas hoje, graças a Deus, a gente tem esse ambiente de inovação todo junto. 

A Fiec tem muita força política e gente vive em um País muito dividido. Como a sua gestão pretende trafegar neste cenário?

A nossa política é a industrial e eu vou sempre me basear nela. Nós estamos aqui e minha política, dentro do trabalho que eu vou fazer nos próximos cinco anos, é exatamente pensando na política industrial. O que o industrial precisa? A gente briga e vai atrás do melhor porque a gente precisa crescer. A política partidária eu deixo para os políticos.

Conciliador é uma característica muito atribuída a você. Você se considera um conciliador? 

Sim. Acho uma qualidade. Acho que tem que ter humildade também. A gente só consegue conciliar se puder ouvir. Às vezes as pessoas querem falar mais e ouvir menos. Estou na Federação há 27 anos, sempre trabalhei em sindicato, sempre fui uma pessoa de fazer elos, ligações. Dentro da Federação, também a gente conseguiu isso desde a época do Roberto Macêdo, como também quando o Beto lançou-se candidato. A gente sempre discutiu e uniu. Na minha eleição agora, nós já éramos 39 sindicatos e eu tinha uma chapa com 37 sindicatos. As pessoas se uniram a uma ideia, que é exatamente: se está tão difícil lá fora, a política está difícil, a economia está difícil, a gente ainda vai se dividir para ficar brigando internamente? Então a gente conseguiu fazer essa união. Eu criei a chapa, com o nome Fiec Unida, que os 39 sindicatos aclamaram. Para mim foi motivo de muito orgulho. Mas também sempre nos preocupamos em discutir. Eu sou conciliador, mas, ao mesmo tempo, temos que ter posições fortes. Em dado momento, a gente tem que resolver como fazer e o que fazer. Acho que esse meu tempo de casa, de trabalho, na Federação e nos sindicatos, faz com que as pessoas pensem em mim como um grande conciliador. E eu acho que sou, acho que as grandes soluções do mundo a gente faz com conciliação. A gente tem que trabalhar nesse meio tempo para caminhar na vida. É assim na Federação, é assim na família, é assim no Estado. Acho que é uma forma de pensar e trabalhar que fica mais leve a vida, a gente poder agregar as pessoas. 

A sua história na Fiec é longa. Além do coroamento, com a presidência da entidade, que outro momentos marcam essa caminhada?

Acho que a primeira vez em que assumi um sindicato. É um momento que você chega, começa a conhecer e dá importância ao associativismo. Quando a gente é empresário, cada um está olhando o seu: melhor produção, melhor venda, o que vai ganhar em detrimento do concorrente. Quando a gente entra no mundo do associativismo, isso fica muito pequeno, às vezes até irrisório. A gente começa a pensar coisas estruturantes e sonhar de uma forma bem diferente. Esse período em que eu passei dentro do Sindibrita, logo que vendi as nossas empresas de pedreira tanto aqui quanto do Maranhão, em 2011, eu ainda tinha um ano de mandato e cheguei no sindicato e disse: “pessoal, eu vendi a minha pedreira e eu queria sair do sindicato para entregar para o vice”. Aí me pediram para passar mais um ano. É UM momento em que você olha que as pessoas sabem do seu trabalho. Eu estava lá não para tirar proveito para mim e sim para a comunidade para a qual a gente trabalhava. Então esse foi um momento. O segundo momento foi agora em 2018, que eu estava no meu gabinete e recebo a diretoria do Sindiminerais, ao qual eu já era associado desde 2011 pela minha empresa de areia industrial, e entrou a Diretoria e disse: “rapaz, acabamos de eleger o novo presidente”. E eu: “quem é o presidente?”. “Vai ser você”, eles disseram. Então a gente fica alegre porque as pessoas têm o nome da gente e isso faz com que a gente seja leve e, ao mesmo tempo, trabalhe como eu sempre fiz aqui, com muita seriedade, muita honestidade e com determinação. A gente precisa ter foco, ter meta. Acho que, em todos esses sindicatos em que a gente trabalhou, a gente sempre conseguiu chegar no que precisava?

Como está o setor de minerais hoje?

O setor de mineração está muito bem. Apanhou muito porque é um setor que trabalha muito com infraestrutura, com obras públicas, privadas, construção civil. Ou seja, onde tem obra, tem esse setor de mineração. Esse final de ano, eu acho que tem dado uma melhorada. Nós temos vários setores que estão melhorando, não em função da construção civil em si, mas em função das obras estruturantes que estão aparecendo. A mineração é muito importante porque, sem ela, você não tem o conforto. Às vezes, se diz que a mineração tem problema porque agride a natureza, mas ela é feita dentro da regra. E sem ela você não tem conforto, não tem escola, não tem casa, não tem ar-condicionado… Ou seja, todo o conforto que o cidadão precisa hoje vem da mineração. Então é um mundo muito grande. O estado tem várias coisas em que está trabalhando hoje. Nós temos Itataia, que em algum momento vai sair. É um investimento, diria, quase do tamanho da CSP. É estruturante também. Nós temos várias fábricas de cimento, calcário, britagem, granito, que está cada vez mais aparecendo, minério de ferro, vários outros setores. Hoje, basicamente, a minha empresa é a maior do setor de areia industrial, trabalho para quase todas as empresas. Eu processo a areia, classifico e remeto para transformar em concreto. Os concretos hoje estão criando, cada vez mais, resistência. Para isso funcionar, precisa ter qualidade no material e é o que a gente tem feito. Logo que vendi as pedreiras, pensei que ia dar uma parada, pensar, fazer outra coisa, mas no outro mês eu já tinha a empresa, já botei para funcionar. A gente só sabe estar se for trabalhando, não dá para ficar parado. 

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