Recomeçar para seguir: histórias de quem venceu obstáculos por uma vida mais saudável

Dois recomeços. Duas pessoas que tiveram o esporte como alicerce para superar dificuldades e ter mais qualidade de vida. Conheça as histórias do administrador Marcos Karam e da empresária Carla Nuto

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

Dia 1º de janeiro. No calendário cristão, a data indica o início de um novo ciclo, de um recomeço. Para o administrador de empresas Marcos Karam, no entanto, o ano de 2019 não começou exatamente no primeiro dia. Seu recomeço veio ainda em dezembro de 2018, quando um pequeno lance de escada e seus 121kg de sedentarismo o fizeram chegar ofegante a uma entrevista de emprego que precisou ser pausada até que a respiração voltasse ao normal. “A entrevista até que foi boa, mas o fato de eu estar ofegante e limpando o suor do rosto pegou muito mal”, lembra Karam, que iniciou 2019 ainda sem estar com a vida profissional como planejara.

De mais uma frustração surgiu a mola que dizem existir lá no fundo do poço. Com um 2017 e um 2018 difíceis profissionalmente, Karam já tinha recuperado boa parte dos 60kg perdidos com a cirurgia bariátrica realizada em 2000, quando chegou a pesar 157kg. “Eu entrei em um quadro depressivo. Mas eu sabia qual era o meu problema: era o excesso de peso e o fato de eu não estar com a vida profissional estável. Aí um dia disse para mim mesmo: agora chega, se eu baixar a cabeça e continuar dentro de casa, eu vou morrer!”, conta.

Em janeiro de 2019, as mudanças começaram pela rotina de treinos reiniciada na academia. Fortalecida a musculatura e já com uns quilos a menos, voltou a jogar tênis. “Eu sempre fui esportista na época de colégio, mas depois disso, não tinha mais conseguido dar continuidade a nenhum esporte”, ressalta Karam. Concomitante à volta aos esportes, o administrador tirou do seu cardápio o excesso de guloseimas e inseriu uma alimentação balanceada, que não exclui o caranguejo e a cerveja gelada aos fins de semana. Daí já se foram cerca de 20 quilos perdidos ao longo de 2019.

Hoje, prestes a completar 50 anos e a fechar mais um ciclo do calendário cristão, Karam teve suas preces de ano novo atendidas. “Sempre que rezava, era para agradecer. Mas em 2018 eu rezei para pedir mesmo. Eu pedia coragem para ter atitude de vida”, diz. Em outubro ele conseguiu engatar um projeto profissional de sucesso depois de quase dois anos de instabilidade. “Foi uma mudança que estava muito mais na cabeça que no corpo, mas se você não tiver corpo para acompanhar a cabeça, você não consegue colocar em prática o que acumulou de experiência”, ensina o administrador. “A mudança de atitude que foi movendo montanhas”.

Esporte, amigos e família como alicerces

Quando saiu de casa para fazer exames e tentar desvendar o que causava as dores no estômago, a empresária e maratonista Carla Nuto, 49, jamais imaginou o susto que os resultados lhe dariam. Em 2013, aos 42 anos, ela foi diagnosticada com linfoma do Tecido Linfoide Associado à Mucosa (MALT, na sigla em inglês). “Você faz esporte, come saudável, faz isso, aquilo e se acha indestrutível. E de repente, toma um susto”, revela Carla.

Ela conta que teve sorte de ter detectado a doença em estágio inicial e que as dificuldades do período de três meses de tratamento foram superadas com o amor da família e dos amigos e a prática de esportes. “Não sei se eu não tivesse essa prática de atividade física, como seria. A cadeia de amigos que o esporte me trouxe foi muito importante também. Em todos os aspectos, o esporte foi importante”, destaca a empresária.

Enquanto fazia as sessões de radioterapia e imunoterapia, ela seguiu treinando, porém, em uma carga menor. “Os médicos diziam que enquanto eu tivesse a disposição, continuasse. O Rossmam [marido e treinador] fez todo meu acompanhamento, passava um treino de acordo com o que eu podia fazer”, conta a empresária. Três meses depois do fim do tratamento, Carla já estava participando de provas de 10km. Em 2017, ela fez uma ultramaratona e, neste mês, cruzou a Cordilheira dos Andes em uma corrida com duração de três dias (100km).

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