Com financiamento coletivo, o projeto Bestiário na Estrada pretende produzir um documentário sobre manifestações do mundo fantástico de artistas nordestinos. A curadoria do projeto é de Rafael Limaverde e Marquinhos Abu
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Foto: Rafael Limaverde/Divulgação
A riqueza da imaginação humana é algo inesgotável. Há milhares de anos, esse mundo fantástico vem sendo registrado em forma de arte, através das mais diversas manifestações artísticas e nas mais diferentes partes do mundo. Em 2015, os artistas visuais Rafael Limaverde e Marquinhos Abu mergulharam em uma extensa pesquisa sobre o imaginário do homem nordestino, percorrendo quatro estados do Nordeste em busca das aberrações, demônios e bestas que permeiam a cultura da xilogravura estampada na capa de cordéis e no entalhado das esculturas populares.
O resultado dessa jornada compôs a exposição “Bestiário Nordestino – Um olhar sobre a gravura fantástica”, que, entre 2016 e 2019, percorreu as cidades de Fortaleza, São Paulo, Juazeiro do Norte, João Pessoa e Sousa, na Paraíba. Agora, os dois curadores querem ampliar o olhar sobre esse mundo fantástico, indo além da gravura. Para isso, criaram o projeto “Bestiário na Estrada”, que propõe a produção de um documentário através de uma viagem curatorial por 11 cidades do Nordeste.
Ao todo, serão 4.500 km rodados de carro pesquisando manifestações populares, caretas, reisados, caboclos, carrancas do Rio São Francisco, máscaras tradicionais de Carnaval e jaraguás. “O documentário pretende adentrar o universo dessas manifestações entrevistando os mestres, os brincantes, os artesãos, registrando não só as manifestações, mas tudo que as envolve”, explica Rafael Limaverde, que além de Marquinhos Abu, contará também com o realizador audiovisual Henrique Dídimo na equipe.
Para viabilizar o projeto, no último dia 10, os curadores lançaram uma campanha de financiamento coletivo através da plataforma Benfeitoria (benfeitoria.com/bestiarionaestrada). A meta a ser alcançada é de R$ 26.750, os quais serão divididos entre custo da viagem e edição do documentário (58,18%), taxa da plataforma (13,5%) e envio de recompensas para os apoiadores (28,3%). A campanha segue aberta por mais 54 dias e, caso não atinja a meta, os valores serão devolvidos para cada apoiador. Quem ajudar no financiamento terá recompensas que variam de acordo com o valor doado.
Registro da memória
Pesquisador do tema desde 2005, Rafael Limaverde explica que documentar essas manifestações artísticas é uma forma de valorizar e preservar patrimônios culturais desconhecidos por parte da população. O desafio do documentário é exatamente registrar as vivências, conhecendo de perto a vida das pessoas responsáveis pela feitura dessas experiências e como elas influenciam os lugares e as pessoas nas quais estão inseridas.
“Há um desconhecimento de grande parte do público em relação a esse patrimônio cultural. Conhecer é o primeiro passo para cuidar e é esse nosso papel: compartilhar essas experiências para contribuir para o reconhecimento, a valorização e a perpetuação dessas tradições”, diz o curador.
A ideia, conta Rafael, é que o projeto consiga ampliar a exposição Bestiário e, em breve, abranja mais artistas identificados na pesquisa e que, por uma questão de tempo de falta de verba, ficarão de fora desse primeiro registro. Por enquanto, ainda não há previsão para que uma nova exposição aconteça por conta da pandemia da covid-19. Já a viagem está prevista para 2021.
Para apoiar também:
benfeitoria.com/bestiarionaestrada
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