Presente no novo álbum de Beyoncé, o funk carioca pode se tornar a nova aposta das estrelas pop

O gênero carioca tem chamado a atenção de artistas internacionais como Beyoncé, Madonna, Maluma e Cardi B, podendo se tornar uma forte aposta para bombar nas paradas de dança internacionais cada vez mais

Danielber Noronha

danielber@ootimista.com.br

Beyoncé chacoalhou o mundo da música ao lançar um álbum country. Intitulado Cowboy Carter, o disco já disponível está fazendo bastante barulho nas plataformas de streaming e nas redes sociais, levantando discussões importantes, como o apagamento de figuras negras que ajudaram a solidificar o gênero tipicamente estadunidense ao longo das últimas décadas. Outra surpresa chamou atenção especialmente dos fãs brasileiros: a presença de batidas de funk no ousado e arrojado projeto da diva pop. Trata-se da faixa SPAGHETTII, que traz sample da música Aquecimento das Danadas, hit lançado pelo brasileiro DJ O Mandrake há 14 anos.

Ele se manifestou e demonstrou felicidade em ter sido incluído na nova incursão musical da cantora, embora alegue não ter sido procurado em “nenhum momento” por ela ou pela equipe de produção dela. O nome do carioca, inclusive, passou a figurar como um dos responsáveis nos créditos da canção em questão após o lançamento, mas nada foi revertido em ganhos financeiros para ele. Este, porém, é um tópico para outras ocasiões. O que vale destacar aqui é, mais uma vez, a aparição do funk carioca no trabalho de uma artista de dimensão global, como é o caso de “Queen Bee”. Seria o gênero, outrora marginalizado no Brasil, a próxima aposta da indústria musical internacional?

O caso de Beyoncé é apenas um dos muitos vistos e ouvidos nos últimos anos, podendo indicar, sim, um interesse maior pelo som que brotou das favelas do Rio de Janeiro e ganhou os quatro cantos do País. Atenta ao que se produz por todo o globo, Beyoncé já havia visto potencial no gênero desde muito tempo, tanto que dançou o Passinho do Volante, do quarteto Os Leleks, durante show realizado em 2013 no Palco Mundo do festival Rock in Rio.

Com o passar dos anos, muitas outras figuras também notaram que as batidas do funk carioca podem ser o tempero ideal para deixar uma música ainda melhor. Um ótimo exemplo é a “Rainha do Pop”, Madonna, que convidou Anitta para colaborar com ela na faixa Faz Gostoso, lançada em 2019, junto do álbum Madame X, dando uma nova versão em funk para faixa que foi gravada originalmente pela cantora luso-brasileira Blaya. Em tempo: especula-se que Madonna possa chamar Anitta para fazer uma participação no show gratuito que a “Material Girl” fará na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, em 4 de maio.

Presença da Malandra

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Por falar em Anitta, é fato que a cantora tem parcela de responsabilidade neste movimento que convencionou-se chamar de internacionalização do funk. Entre seus vários singles e álbuns, já fez artistas como Snoop Dogg, J Balvin e Cardi B se jogarem no gênero. Esta última gostou tanto que lançou uma faixa em parceria com a rapper Megan Thee Stallion, intitulada Bongos, onde traz claras referências do funk nas cadências, além de ter utilizado um remix feito pelo DJ Pedro Sampaio para uma performance no Grammy de 2021.

Foi também Anitta que construiu a ponte para que Dennis e MC Kevin O Chris lançassem um remix do hit Tá OK com as participações internacionais de Maluma e Karol G, voz forte do reggaeton que já revelou um grande desejo em lançar algum projeto com influências de funk.

Além disso, a própria Anitta tem levado o gênero lá para fora, performando hits e medleys em premiações como o Grammy Latino, o Lo Nuestro e o MTV Video Music Awards (MTV VMA). Agora, mais um passo será dado por ela, mirando justamente o exterior, com o lançamento do álbum Funk Generation, previsto para ocorrer em 26 de abril, contando com músicas em inglês, espanhol e português.

Para completar a lista, tem o curioso episódio envolvendo a funkeira Bibi Babydoll, que conseguiu emplacar uma faixa de “proibidão” em 1º lugar nas músicas mais ouvidas do Spotify na Ucrânia, com o single “Automotivo Bibi Fogosa”, enquanto o país estava enfrentando uma guerra sem precedentes contra a Rússia.

Diante de tantos causos, não seria pretensioso dizer que o funk carioca pode se tornar o novo queridinho dos artistas e produtores da gringa, assim como ocorreu com o reggaeton após sucessos arrebatadores como Despacito, de Luis Fonsi, e Mi Gente, de J Balvin. Basta a música certa, com uma estrela de cacife, para catapultar de uma vez por todas o gênero para o disputado mainstream global.

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