Pinacoteca apresenta exposição fotográfica de Claudia Andujar, expoente na luta pelos Yanomami


A Pinacoteca do Ceará recebe, a partir deste sábado (22), a exposição fotográfica ‘Claudia Andujar: Minha Vida em Dois Mundos’, com a exibição do documentário ‘A Senhora das Flechas’. A mostra faz um panorama da trajetória de uma das mais emblemáticas fotógrafas experimentais do Brasil, além de ressaltar a importância do trabalho de divulgação da questão Yanomami. Saiba mais

Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br

Após receber um prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte pela qualidade de sua programação, a Pinacoteca do Ceará se prepara para abrir as portas de mais uma exposição. Claudia Andujar, uma das mais renomadas fotógrafas experimentais contemporâneas, será tema da exposição Minha Vida em Dois Mundos. A partir deste sábado (22), às 17h, o público poderá conferir gratuitamente uma vasta coleção de trabalhos que exploram o intenso vínculo da artista com o Brasil e, especialmente, com o povo Yanomami.

A abertura será marcada pela exibição do documentário A Senhora das Flechas (2024), dirigido por Heidi Specogna, às 17h30. O filme, que foi exibido apenas durante o festival internacional de documentários É Tudo Verdade, revela a relação de Andujar com os Yanomami, reforçando seu papel não apenas como fotógrafa, mas como ativista na luta pela preservação da floresta amazônica e dos direitos indígenas. Serão distribuídos 80 ingressos por ordem de chegada, a partir das 16h.

Curador da exposição, Eduardo Brandão explica ao Tapis Rouge que a ideia de trazer o trabalho de Andujar para a Pinacoteca surgiu do desejo de apresentar uma visão abrangente de sua carreira. “A exposição foi especialmente organizada para cá, abrangendo diversas fases da Cláudia, incluindo trabalhos que vão além dos Yanomami”, diz Brandão. Ele destaca a importância de mostrar a amplitude do trabalho da artista, que vai do fotojornalismo à arte experimental.

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Fotografia de Claudia Andujar

Uma vida em dois mundos

Suíça naturalizada brasileira, Claudia Andujar começou sua trajetória fotográfica nos anos 1950 e, ao longo das décadas, construiu um corpo de trabalho profundamente humanista. O envolvimento de Claudia com os Yanomami começou em 1971, durante um trabalho para a revista Realidade sobre a Amazônia. Desde então, ela dedicou sua vida a documentar e defender este povo, culminando na fundação da Comissão pela Criação do Parque Yanomami, em 1977, e a posterior divulgação internacional acerca da problemática da demarcação de terras. “É um trabalho de denúncia, de conquista, briga por espaço, literalmente”, observa o curador.

Além das fotografias icônicas com os Yanomami, a exposição na Pinacoteca do Ceará também celebra a fase experimental de Andujar nos anos 1970. “Ela influenciou toda uma geração de fotógrafos experimentais com o uso de novos filmes e técnicas de iluminação”, diz o curador, que trabalha com a artista há mais de 20 anos. Em séries como Famílias Brasileiras e Trem Baiano, a fotógrafa mergulha nas vidas cotidianas de brasileiros comuns, enquanto que em A Sônia explora formas do corpo feminino.

A exposição apresenta também suas produções mais recentes, onde Andujar reinterpreta suas próprias fotografias através de processos modernos e tecnológicos. “A Claudia tem uma produção dos anos 2000 em que ela fotografa a própria fotografia, algo experimental, que a gente chama de pós-moderno. Então uma mulher que começa a fotografar nos anos 1950, dentro de um contexto moderno, e vem até hoje fotografando as próprias fotografias e criando vídeos, eu acho um trabalho importante, mas ainda pouco conhecido”, comenta Eduardo.

Pinacoteca do Ceará para o mundo

Para o curador, que também é dono da Galeria Vermelho, em São Paulo, a Pinacoteca do Ceará está mais que preparada para se conectar a um circuito internacional de museus e exposições. “Não é só mostrar arte: é uma preocupação com a parte educativa, com a manutenção das obras, com a iluminação… É uma questão complexa, que muitas vezes a gente tem carência dessa complexidade em vários lugares do Brasil. Isso é crucial para estabelecer um diálogo internacional”, afirma. Desde sua inauguração em dezembro de 2022, a Pinacoteca já recebeu mais de 165 mil visitantes.

A exposição ficará em cartaz até 29 de dezembro deste ano.

Serviço

Abertura da exposição “Claudia Andujar: Minha vida em dois mundos
”
Sábado, 22 de junho de 2024, a partir das 17h
Pavilhão 2 e auditório da Pinacoteca do Ceará. Rua 24 de maio, s/n, Centro
Com acessibilidade em Libras
Classificação indicativa de 12 anos

Exibição do documentário A Senhora das Flechas (2024)
Sábado, 22 de junho, a partir das 17h30
Auditório da Pinacoteca do Ceará
Acesso gratuito, com 80 ingressos distribuídos por ordem de chegada, a partir das 16h

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