Tendo cumprido 300 apresentações vista por mais de 130 mil pessoas, “A Última Sessão de Freud” chega a Fortaleza neste fim de semana, no Teatro RioMar Fortaleza, propondo um encontro fictício entre Sigmund Freud e C. S. Lewis. Intérprete de Freud, o veterano Odilon Wagner detalha o espetáculo em entrevista ao Tapis Rouge
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
O embate intelectual entre Sigmund Freud e C. S. Lewis, duas das mais brilhantes mentes da humanidade, ganha o palco em “A Última Sessão de Freud”, peça brasileira de maior sucesso desde 2022, que desembarca na capital cearense neste fim de semana. Com direção de Elias Andreato, o espetáculo entra em cartaz no Teatro RioMar Fortaleza, com sessões neste sábado, 16, e domingo, 17, às 20h. Em cena, os personagens — interpretados por Odilon Wagner e Marcello Airoldi, respectivamente — discutem calorosamente sobre Deus e o ateísmo, além de discorrer sobre o sentido da vida, a natureza humana, sexo, morte e as relações humanas.
Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, o ator Odilon Wagner revela detalhes sobre a montagem, que tem texto do premiado autor americano Mark St. Germain, baseado no livro “Deus em Questão” (2002), escrito pelo Dr. Armand M. Nicholi Jr., professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School. “(…) o texto que é profundo, mas extremamente acessível. A troca de ideias entre esses dois gênios do século XX, Freud e C.S.Lewis, sobre a existência de Deus, o sentido da vida, vida após a morte, sexualidade, tem um impacto muito grande no público que se identifica com esses temas que são universais”, reflete o veterano, conhecido também por grandes papéis na televisão.
Divergências intelectuais
Ambientada no gabinete de Freud, na Inglaterra, a peça imagina um encontro fictício entre Freud, duro crítico da crença religiosa, e Lewis, ex-ateu e influente defensor da fé baseada na razão. Na conversa, o pai da psicanálise, Freud, busca compreender os motivos que levaram o escritor e poeta irlandês a abandonar a crença no ateísmo e adotar a compreensão de mundo relacionado à religião, mais especificamente o cristianismo. Ao longo da discussão, humor, sagacidade, sarcasmo e ironia ganham cada vez mais espaço, permeando de maneira profunda os argumentos dos personagens.
Essa riqueza dramática, junto da complexidade cênica, renderam indicações aos prêmios Shell, APCA e Bibi Ferreira para Odilon Wagner, pela interpretação de Freud. De acordo com o ator, fazer um personagem tão complexo e marcante foi um dos momentos mais potentes da carreira, que já ultrapassa as cinco décadas. “Raras vezes um ator tem oportunidade de receber personagens tão carismáticos, que transformam profundamente a história contemporânea como este homem brilhante fez. A responsabilidade e o grande desafio era não fazer uma caricatura de Freud, mas, sim, trazer o lado humano dele, aos 83 anos de idade”, comenta.
Além disso, Odilon também comenta sobre a importância as camadas de humor presentes no espetáculo. Para ele, essa característica é um dos destaques da montagem. “Essa peça, que já foi montada em quase todo o mundo, empolga e inspira muitas reflexões para qualquer tipo de público, pois sua linguagem é acessível a qualquer um. Mas poderia destacar o humor. São dois homens brilhantes que debatem ideias, se ironizam, se analisam sempre com muito bom humor, o que aproxima muito o público”, expõe.
Reflexão
Mais do que um embate intelectual, “A Última Sessão de Freud” se sobressai pela mensagem atemporal sobre a importância do diálogo respeitoso, segundo o ator. A capacidade desses dois homens de trocarem ideias veementemente, mas sempre com respeito, para o ator, é um ponto de profunda reflexão que o público leva consigo após prestigiar a montagem. “‘A Última Sessão de Freud’ é um elogio ao diálogo. Freud um ateu convicto, Lewis um ex-ateu que se torna um dos maiores propagadores da fé cristã. Pensam completamente diferente, debatem veementemente, mas nunca passam do limite do respeito pessoal. O debate é de ideias, tentando entender as razões um do outro, nenhum deles tem certezas absolutas. Isso tem sido um ponto muito importante de reflexão do público”, analisa.
serviço
Espetáculo “A Última Sessão de Freud”
Dias 16 e 17 de agosto, às 20h
No Teatro Riomar Fortaleza (R. Des. Lauro Nogueira, 1500, Papicu)
Ingressos de 25 a R$ 180 no site uhuu.com
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida