No Dia do Livro Infantil, leitores contam obras que marcaram suas infâncias e como a leitura mudou suas vidas

Neste Dia Nacional do Livro Infantil, lembrado hoje (18), Tapis Rouge apresenta relatos de carinho e esperança de quem busca mudar e transformar suas realidades a partir da leitura

Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br

Hoje (18) é celebrado o Dia Nacional do Livro Infantil. Muito além de contar a história de personagens fictícios, o acesso à leitura é capaz de moldar a vida de pessoas reais, especialmente quando incentivado desde a infância. No Brasil, os dados são animadores, segundo mostra pesquisa mais recente do Instituto Pró-Livro (IPL), lançada em 2020. Isto porque a faixa etária de cinco a 13 anos é a que mais lê por gosto e com maior periodicidade. Entretanto, o País ainda esbarra em questões estruturais, como a dificuldade no acesso, o preço dos livros e o incentivo à prática, sobretudo na parcela mais pobre da população.

Nem todos sabem, mas um livro lido por uma criança pode se tornar uma lembrança eterna e reverberar em várias fases da vida. Em alusão à data, Tapis Rouge apresenta três histórias de pessoas que carregam com carinho esta memória e, hoje, tornaram-se agentes de difusão da leitura.

Doar e agregar

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Guilherme dos Reis leu o primeiro livro aos oito anos, O Meu Pé de Laranja Lima (Foto: Edimar Soares)

O estudante universitário Guilherme dos Reis leu o primeiro livro aos oito anos, O Meu Pé de Laranja Lima (1968), de José Mauro de Vasconcelos. A obra aproximou o menino de Fortaleza do personagem Zezé, uma criança do subúrbio carioca, já iniciando essa viagem propiciada pela leitura. “Apesar de escrito para crianças, o livro tem uma grande lição para os adultos, é de fácil compreensão e muito envolvente. Chorei e ri, mas, acima de tudo, aprendi muito com o Zezé”, resgata.

Do contato com a leitura, evidencia, veio a melhor capacidade de se expressar, abrindo várias portas na vida do fortalezense, culminado na escolha dele por cursar Comunicação Social na graduação. Mas não parou por aí! O amor pelo livros fez Guilherme fundar o projeto Doe Livros Fortaleza, com intuito de prover material didático a estudantes em situação de vulnerabilidade social, bem como disseminar cultura e arte pela Cidade. “Começamos pequenos, com 150 livros. No primeiro semestre de 2022, foram contabilizados 35 mil livros. Projetamos que isso impactou a vida de mais de cinco mil pessoas”, estima. Pela iniciativa ele foi intitulado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE) como “Jovem Agente de Direitos Humanos”.

Livros para todos

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Menino de Asas foi o ponto de partida de leitura para Talles Azigon (Foto: Pierre Veras)

Vindo de família com poucos recursos, o escritor e gestor cultural Talles Azigon demorou a descobrir a leitura, mas carrega consigo até hoje a lembrança da primeira obra que teve a oportunidade de ler, Menino de Asas, escrito por Homero Homem e publicado nos anos 1980. E foi justamente para diminuir as desigualdades no acesso aos livros que ele criou, ao lado da mãe, Dona Rita de Cassia, a biblioteca comunitária Livro Livre Curió, em Fortaleza.

O projeto oferece a retirada gratuita de livros, atividades formativas, palestras e várias outras ações direto com a comunidade. “Quando penso no trabalho que a gente faz, tendo um monte de crianças na nossa porta e discutindo sobre livros, é mais do que gratificante. Me sinto justiçado, porque estou proporcionando a eles tudo que não tive acesso, é um trabalho de extrema importância e que nos dá muito orgulho”, ressalta.

Leitura sem fronteiras

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Beatriz Fernandes guarda As Rosas Inglesas para repassar aos filhos (Foto: Divulgação)

Com a internet e as redes sociais, os livros ganharam outras formas de fluir. Em plataformas como o TikTok e o Instagram, é notório o aumento de produtores de conteúdo cujo foco é a literatura. A jovem Beatriz Fernandes é um exemplo deste movimento. Diariamente, ela posta aos seus mais de 67 mil seguidores (somando as duas redes sociais já mencionadas) sobre resenhas, dicas e curiosidades de sagas, fantasias e romances. Mas essa história começou há muito tempo, mais especificamente quando ela tinha seis anos e devorou as páginas de As Rosas Inglesas (2003), da Madonna. “É um livro que sempre foi lindo aos meus olhos, a capa dura, as ilustrações em cada página, e a lição de que não devemos julgar alguém apenas pelo que vemos por fora, na verdade, de maneira nenhuma. Guardo o livro com muito carinho e pretendo um dia passar aos meus filhos”, projeta. Os livros, segundo Beatriz, a tornaram mais confiante em si mesma e empática, por ver tantas situações pela ótica de personagens diversos.

Mesmo trabalhando com algo pelo qual nutre forte paixão, a influenciadora tem ciência do comprometimento que o ambiente virtual demanda. “Tenho noção da responsabilidade que tenho ao estar nesse lugar de exposição, sabendo que tem pessoas que serão influenciadas pela minha opinião. Poder trabalhar com isso parece um sonho. Mesmo nos dias cansativos, só consigo ser grata por poder fazer o que faço”, completa.

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