A procura cada vez maior de academias por idosos aponta para o aumento da expectativa de vida da população. Por isso, especialista fala sobre as vantagens de fazer atividades e exercícios físicos e alerta sobre os cuidados a serem tomados em diversas faixas etárias após os 60
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Com o aumento da expectativa de vida da população, surgiu a preocupação sobre a qualidade desses anos adicionais. Com isso, diversos estudos científicos foram desenvolvidos nas últimas décadas e comprovam o que muitas mulheres e homens com mais de 60 anos já perceberam: a prática regular de atividades e exercícios físicos ajuda na proteção contra doenças cardiovasculares, diabetes e até alguns tipos de câncer.
Segundo o educador físico Vladimir Lemos, que vem percebendo uma demanda cada vez maior de idosos em academias, os diversos exercícios físicos promovem muito mais que força muscular: elas combatem os impactos naturais do envelhecimento no corpo. “O que sustenta o organismo em pé são os músculos. Com o idoso praticando exercício físico, ele aumenta a sua massa muscular, gerando hipertrofia muscular. Com isso, esse idoso vai chegar aos 70, 80 e até mesmo aos 90 bem seguro sobre o peso do próprio corpo. Se o idoso não pratica qualquer atividade física, a tendência é que, com o passar dos anos, ele vá perdendo força e massa muscular, que é o que o mantém em pé”, ressalta.
Mas antes de tudo, é importante distinguir atividade física de exercício físico. Enquanto a atividade física engloba qualquer ação com gasto calórico acima do repouso, o exercício físico é uma prática com objetivos específicos, como o ganho de massa muscular. É esse entendimento permite que o profissional saiba qual atividade ou exercício é mais indicado para cada idoso. Isso porque os exercícios físicos, de força, visam combater o envelhecimento muscular, enquanto as atividades físicas mais gerais, aeróbicas, mantêm o condicionamento cardiovascular.
Se o exercício físico demanda mais do corpo, ele pode ser indicado para idosos acima dos 60 anos, mas dificilmente para super idosos, acima dos 80. Estes super idosos, por sua vez, quando não têm um histórico de prática de exercícios físicos, pode ser aconselhado a fazer apenas atividades físicas, como hidroginástica, dança, entre outras. Mas é importante consultar um médico e um profissional do esporte antes de iniciar qualquer programa de exercícios.
O educador alerta: “É sempre bom que o idoso nos apresente uma bateria de exames de coração, de colesterol, de diabetes… Precisamos ter ciência das doenças. Porque o programa de atividades precisa ser específico para ele. Então não existe uma restrição, em si. O que existe é saber da realidade do aluno e saber trabalhar com cada área”, aponta.
O especialista ainda explica que o envelhecimento afeta diversos sistemas do organismo, incluindo o cardiovascular, muscular, ósseo e nervoso. Ao realizar exercícios físicos, é possível direcionar o treinamento para melhorar cada um desses sistemas, que tendem a perder sua função ao longo do tempo. “Cada pessoa deve respeitar seus próprios limites e realizar movimentos de acordo com sua condição física. A prática contínua é essencial para alcançar bons resultados e garantir uma saúde melhor ao longo dos anos.”, diz Vladimir.
Além disso, os exercícios também estão associados à melhoria da saúde mental e ao combate do declínio funcional e cognitivo. “Atividades físicas ajudam a diminuir a perda de memória e até em casos de Alzheimer”, ressalta o educador físico. Além disso, a prática de exercícios em grupo também promove o aspecto social, estimulando a interação e o surgimento de novas amizades. Iniciativas como o walking football, um futebol adaptado para longevos, a hidroginástica e a dança de salão proporcionam momentos de diversão e mantêm os participantes ativos e engajados.
Para obter benefícios substanciais à saúde, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que idosos pratiquem atividades físicas focadas em equilíbrio, coordenação e fortalecimento muscular. A entidade sugere pelo menos de 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada por semana, ou uma combinação equivalente de atividades físicas com intensidade moderada e vigorosa.
Já para o caso de super idosos, Vladimir indica que o importante é não ficar parado. “Nós manipulamos o treino com as ações que essa pessoa já faz em casa, como sentar, agachar para pegar algo no armário, ficar de ponta de pé para pegar algo em cima da geladeira, inclinar o corpo para pegar algo dentro da geladeira, subir e descer uma escada dentro de casa… São exercícios bem específicos”, explica.
Vale ressaltar que os exercícios e as atividades físicas não substituem a medicação, e qualquer alteração no tratamento deve ser discutida com um médico. Entretanto, as práticas podem contribuir para a redução da necessidade de remédios e para uma vida mais saudável e ativa após os 60 anos.