Milhem Cortaz inicia temporada do espetáculo “Diário de um Louco” em Fortaleza e dá detalhes do projeto

Trazendo uma experiência teatral visceral e intimista, Milhem Cortaz desembarca na capital cearense com o monólogo “Diário de um Louco”. Adaptação contemporânea do conto homônimo do autor Nikolai Gogol, peça explora a linha tênue entre a realidade e o delírio na mente humana.

Onivaldo Neto 

onivaldo@ootimista.com.br

“É um espetáculo que fala do amor da forma mais singela”. Assim, com essas palavras, o premiado ator Milhem Cortaz define “Diário de um Louco”, monólogo que apresenta no icônico palco da Caixa Cultural Fortaleza em dois ciclos: de 14 a 18, e de 22 a 25 deste mês. A montagem, baseada no conto homônimo do escritor russo Nikolai Gogol (1809-1952), conduz o público em uma jornada pela mente de Akcenti Ivanovitch, um funcionário público que se encontra perdido entre o real e o fantasioso. Com ingressos já disponíveis para compra, a peça, dirigida por Bruce Gomlevsky, terá a primeira sessão gratuita, exclusivamente para clientes do Banco Caixa.

“Como sempre não escolho as coisas, o teatro me escolheu. ‘Diário de um Louco’ era um projeto de outro ator. Eu estava há 12 anos sem fazer teatro, tinha acabado de fazer uma comédia, estava louco para fazer um drama e ‘Diário’ caiu no meu colo. E eu amei a ideia de um solo onde eu tinha que me virar sozinho. É um bom exercício para o meu retorno ao teatro depois de mais de uma década. Foi como uma luva, um convite melhor que esse não poderia existir”, relembra Milhem em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge.

Em “Diário de um Louco” o espectador é apresentado à delicada saúde mental do personagem por meio de histórias humilhantes e degradantes, relatadas em um diário. A transmissão desses eventos complexos e sensíveis exigiu um processo de ensaio intenso e dedicado, porém curto, conforme o ator revela. “Na verdade, a gente teve um espaço tão curto de tempo de ensaio que meu mergulho foi diário. Meu e do Bruce, para extrair dessa peça o máximo que a gente podia daquilo que a gente queria dizer. Foi um mergulho intenso e diário para a gente descobrir como construir e como definir esse espetáculo”, conta.

Descrita como minimalista por Gomlevsky, a encenação transmitida no monólogo, que busca provocar uma ponte direta entre o público e o protagonista, rememora os primeiros passos de Cortaz no teatro, segundo relata. “Contar essa história numa linha direta com eles [o público], olho no olho, me traz uma memória do início do meu trabalho, que é essa comunicação direta com a rua, com sons, com a dispersão, como fazer essas pessoas ficarem concentradas e querendo ouvir a sua história. A ação é minimalista porque o importante mesmo é o que está sendo dito, a palavra. E o grande desafio pra mim e pro Bruce era como construir essas imagens e contar essa história com o mínimo possível”, pontua.

O que fica

Questionado sobre qual seria a principal mensagem que o público pode internalizar ao assistir à peça, o ator crava: “Que o amor provoca loucura. E que o mais importante não é amar de uma forma externa, é se amar. Tudo começa na gente”, diz. O artista também destaca a potência emocional do espetáculo e a conexão com a realidade cotidiana. Sensível e multifacetada, a montagem busca evocar questionamentos sobre a maneira como nos relacionamos com nós mesmos e com o mundo ao redor. “Eu acho que a peça fala um pouco disso, do amor-próprio, da forma como o sistema do mundo oprime a gente e a gente tem que se virar para conseguir continuar caminhando a nossa vida. É apresentado de uma forma complexa, mas, na verdade, eu acho que todo mundo passa isso no dia a dia. Na verdade, a gente acorda buscando o amor assim, né, a compreensão dos outros, a afetividade, pra gente conseguir caminhar num mundo tão duro”, reflete.

Fortaleza

Assim como em outras apresentações, as expectativas para a temporada em solo alencarino são altas, segundo Cortaz. Mesmo com uma carreira consolidada, o artista afirma que antes de subir no tablado sente a ansiedade de alguém que está começando a se dedicar agora às artes cênicas. “Me sinto um iniciante com frio na barriga. Fortaleza é um lugar que eu tenho uma paixão muito grande – o Nordeste inteiro, né? Então, a minha expectativa é de que eu consiga comunicar para as pessoas, que elas embarquem na minha história e que a gente saia do teatro feliz, leve, com muita vontade de se abraçar, sair, ser feliz, pensando, falando na peça e transformando aquela noite em uma noite de reflexão, de delícia, de papo. É isso, acho que o grande barato do teatro é essa celebração (…)”, aspira.

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