A segunda matéria da série sobre visitas guiadas leva você para conhecer um pouco mais do Museu de Arte da UFC (Mauc), onde estão obras de alguns dos artistas mais expressivos do Ceará
Texto: Naara Vale – naaravale@ootimista.com.br
Foto: Beatriz Bley
Você já visitou um museu em Fortaleza? E seus filhos, já tiveram a experiência de passear por um museu? Se esse programa nunca esteve na agenda da sua família, começar pelo Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) é uma boa dica. O local oferece visita guiada para grupos ou individual, de segunda a sexta-feira, com necessidade de agendamento antecipado. Quem mediou nossa visita realizada na última quinta-feira (16) foi a museóloga e presidente do Mauc, Graciele Siqueira, que se reveza com outros profissionais na recepção dos cerca de 1.500 visitantes que passam mensalmente por ali.
O passeio começa com a história do museu, inaugurado em 1961, pelo então reitor da UFC, Antônio Martins Filho. Com a criação da UFC, em 1954, teve início também o sonho de instalar um espaço de memória para as artes do Ceará. O sonho de Martins Filho se concretizou em 1961 e, hoje, o Mauc é um dos principais equipamentos de arte do Ceará, com um acervo de aproximadamente 8 mil peças.
Dali passamos por uma das duas salas de exposições temporárias que, até o dia 14 de fevereiro, estão ocupadas com as exposições “Jogos e Brinquedos do Mundo” e “Interseção – Arte, Arquitetura, UFC”. Seguimos para a primeira sala de exposições de longa duração, a Sala de Cultura Popular, onde estão exemplares do acervo de aproximadamente 2 mil peças de artistas de todo o Nordeste, entre esculturas em barro cru, madeira, cerâmica e xilogravuras. “É uma coleção atualizada, que tem alguns de seus artistas ainda vivos. Museus não são lugares só de coisas antigas. As coisas novas entram para dialogar e mostrar as diferenças”, ressalta Graciele.
Retratos do Ceará: o artista e a cidade
A segunda sala guarda a coleção individual de Chico da Silva, um acreano que veio ainda criança para Fortaleza. Ali somos questionados do porquê a última estação do metrô, no bairro Pirambu, se chamar Chico da Silva. Com a negativa, descobrimos que foi lá onde o artista morou e pintou seus primeiros muros. “Na visita, a gente tenta sempre colocar o artista dentro da cidade. Levar uma identificação do visitante com o que ele está vendo”, destaca Graciele Siqueira.
Na terceira sala está a coleção de Aldemir Martins, conhecido pelos seus famosos gatos. Porém, o acervo do artista no Mauc vem exatamente para desconstruir isso e nos mostra que Aldemir foi muito além dos gatos comerciais. Na quarta sala, encontramos a arte abstrata de um dos responsáveis por plantar em Martins Filho a semente do Mauc, o artista cearense Antônio Bandeira. Nela é onde os mediadores brincam com a criatividade dos visitantes e os levam a enxergar mais que os olhos estão vendo naquelas telas coloridas.
Raimundo Cela ocupa a penúltima sala com telas que mostram o cotidiano da cidade e enfatizam o jangadeiro herói, tema pelo qual ficou conhecido. A visita é finalizada com a coleção de Descartes Gadelha, artista ainda vivo que apresenta um acervo com obras impactantes, como os dias em que viveu no aterro sanitário ao lado de catadores de lixo, o sincretismo religioso do Cariri, além de grandes esculturas em ferro. “O que a gente faz aqui não é colocar o valor artístico de cada artista. É colocar as pessoas em contato com esses universos porque todos têm uma familiaridade”, finaliza a museóloga.
SERVIÇO:
Visita guiada ao Museu de Arte da UFC
De segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h às 17h.
Agendamento necessário pelo telefone: 3366.7481
Gratuito
Mais informações: www.mauc.ufc.brou instagram @museudeartedaufc