O artista visual Ivan Guimarães apresenta sua mais nova exposição, intitulada “Há Mar!”, na Casa Bendita, nos dias 9 e 10 de novembro. A mostra, que é gratuita e aberta ao público, reúne obras inéditas que refletem as múltiplas influências acumuladas ao longo de sua trajetória como pesquisador e artista.
Entre as suas inúmeras inspirações, podem ser citadas algumas referências ao enigma dos girassóis e das noites estreladas de Van Gogh, à vibrante paleta de cores de El Greco, à desconstrução audaciosa de Picasso, à organicidade da obra de Ernesto Neto, à inventividade de Jean Arp. Essas influências se entrelaçam com a criação própria de Ivan, que incorpora elementos da arte rupestre às expressões contemporâneas, celebrando a não-linearidade da arte e seu papel como elo entre passado e presente e, seguramente, um futuro que ainda não existe, mas que pode ser imaginado a partir do que realizamos hoje.
Como artista visual, Ivan explora nesta exposição a importância da água como recurso finito e essencial à vida no planeta, abordando a relação vital da água com os seres vivos e as subjetividades humanas. A exposição convida o público a refletir sobre o impacto das mudanças climáticas e os desequilíbrios ambientais que afetam mares, rios e todas as formas de vida. Dados alarmantes, como a informação de que apenas 0,007% da água da Terra está diretamente disponível para consumo humano, reforçam a urgência da conservação. Nesse sentido, a exposição evoca a célebre reflexão de Rachel Carson: “Na natureza, nada existe isolado”, enfatizando a interdependência entre as ações humanas e o meio ambiente. Assim, ressoa também o pensamento de Edgar Morin, para quem a natureza e a humanidade são “tecidos da mesma trama”, devendo ser compreendidas em sua complexidade e indissociabilidade.
Além das questões ambientais, a exposição Há Mar! explora as memórias pessoais de Ivan enquanto artista e pesquisador, evidenciando camadas temporais e afetivas que interferem em sua criação. A exposição mergulha nas profundezas simbólicas e culturais do mar, resgatando suas lendas e histórias, e as complexas relações humanas que ele inspira. Como o próprio artista afirma: “Nasci entre o rio e o mar. A água sempre fez parte da minha vida”. Ivan complementa destacando que seu trabalho é “marcado pela organicidade e pelos ciclos de existência e resistência, manifestados em técnicas variadas como estêncil, óleo pastel, xilogravura, pintura e instalações”.
A técnica central nesta mostra é a pintura em relevo sobre madeira, que envolve a aplicação de tinta seguida por entalhes que revelam camadas internas do material, criando um diálogo entre a superfície e o substrato. A madeira, tratada como tela, é pintada com lápis de cor ou tinta acrílica e, em seguida, escavada com goivas, num processo que remete a uma “arqueologia visual”. Esse método confere profundidade física às obras e amplia a narrativa ao sugerir fluxos e movimentos que transcendem o espaço físico da obra.
A arte de Ivan Guimarães, com seus sulcos e camadas, torna-se metáfora para uma realidade em constante transformação e convida à reflexão sobre a degradação ambiental, causada pela ação humana desenfreada. Aqui, tendo o mar como fio condutor, a obra do artista atua simultaneamente como denúncia e como grito de esperança, buscando despertar o melhor da humanidade. Sobre o processo criativo que envolveu essa mostra, Ivan comenta que “não poderia haver escolha mais poética e coerente para conectar meu lado educativo, de pesquisador e artista, do que a água. Tenho grande admiração e respeito pela água; ela ativa minha criatividade, imaginação e energia, conectando-me ao todo”.
A exposição Há Mar! celebra os 30 anos de Ivan Guimarães como pesquisador de arte, período em que ele conduziu centenas de estudantes, adultos, jovens e crianças a museus nacionais e internacionais, como o Louvre, Reina Sofia, Uffizi, MoMA, Tate Modern, Pergamon, Hermitage e MASP. Comemora também seus 8 anos como artista, nos quais vem explorando e reinventando linguagens visuais. “Celebro esse momento, em sintonia com as minhas raízes e com a minha trajetória com a arte que já é bem longeva”, declara Ivan.
Entre as suas exposições individuais e coletivas anteriores, destacam-se: a internacional “O Colecionador de Paisagens” (2022) na Art Source, em Dublin – Irlanda; e as nacionais “Corpo Pintura” (2023) no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza-CE; “Paisagens Afetivas” (2023) no Espaço das Artes Barão de Messejana, em Aracati-CE; “Fortaleza em Cores” (2024) na Artivo Galeria, em Fortaleza-CE; “Pietà” (2024) na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, em Fortaleza-CE; e “Vermelho Monet” (2024) no Espaço Cegás de Cultura, em Fortaleza-CE.
Serviço:
Exposição Há Mar!
Data: 9 e 10 de novembro de 2024
Horário: das 15h às 19h
Local: Casa Bendita – Av. Rui Barbosa, 888, Meireles, Fortaleza-CE
Entrada: Gratuita
