Inúmeros pacientes relatam sintomas persistentes pós-covid; Especialistas indicam os caminhos a serem seguidos

Apesar de inúmeros pacientes relatarem sintomas persistentes após se recuperarem de covid-19, ainda não há um protocolo específico para o pós-infecção.. Especialistas consultados pelo O Otimista indicam os caminhos a serem seguidos

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

Em pouco mais de um ano do início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, mais de 13 milhões de brasileiros já foram infectados. Enquanto alguns pacientes apresentaram apenas sintomas leves como dor de garganta, febre, coriza, tosse, dor no corpo ou perda passageira de olfato e paladar, outras evoluíram para quadros moderados ou graves da doença. Muitos deles têm apresentado sintomas persistentes que chegam a durar de duas semanas a quatro meses ou mais após a fase aguda da infecção.

Dados reunidos pela Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) com base em 15 estudos realizados em 2020 apontam que entre as sequelas mais comuns estão fadiga (58%), dores de cabeça (44%), dificuldade de atenção (27%), queda de cabelo (25%), perda de olfato (21%) e paladar (23%), entre outras.

“Algumas pessoas têm os sintomas desde o princípio até o fim [da doença], podendo permanecer por um mês ou mais com cefaleia ou mesmo falta do paladar ou olfato. Esses são os sintomas mais frequentes e os que mais demoram”, explica a médica infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

O que faço?

Apesar de ser cada vez mais frequente o relato de sequelas que vão além do acometimento pulmonar, diferentes especialistas afirmam que ainda não há estudos científicos que determinem um protocolo específico a ser seguido após o paciente se recuperar da covid. “Os tratamentos pós-covid são todos pontuais e tópicos”, lembra Sylvia Lemos.

De acordo com o médico intensivista Mozart Rolim, que atua na linha de frente do Hospital São Camilo, em Fortaleza, pacientes que têm o quadro leve da doença devem tratar os sintomas (antitérmico para febre, repouso e hidratação) e após terem a saúde restabelecida (o que normalmente se dá em cerca de 14 dias), seguir no isolamento social normal, uma vez que não há evidências de que o paciente estará imune a uma reinfecção. Segundo ele, não é necessário realizar exames posteriores ou tomar medicações após a recuperação.

Já pacientes que apresentam quadros moderados e, principalmente, graves, é comum que precisem de reabilitações específicas ou multidisciplinar. “Numa fase de reabilitação, o ideal é ser acompanhado por um clínico, um pneumologista que possa entender a função pulmonar, a fraqueza muscular ou algum outro déficit com que ele tenha saído da doença, junto com uma equipe de fisioterapeutas, nutricionista, terapeuta ocupacional para que ele possa ser reabilitado na sua plenitude e voltar a fazer as atividades diárias normais”, indica o intensivista.

Em ambos os casos, leves ou graves, o médico Mozart Rolim descarta a necessidade de realizar check-ups de rotina. “No paciente moderado a grave, dependendo do grau de acometimento dos órgãos – porque a gente tem pacientes que não acometem só o pulmão, mas também rim, coração, desenvolve alguma doença cerebrovascular –, você tem indicação de fazer exames que determinem ou não a melhora clínica. Check-ups e exames de rotina para poder flagrar algo, não tem indicação”, explica o intensivista.

Nunca é demais lembrar: independente do grau de gravidade da doença, imprescindível que pacientes recuperados de covid-19 passem por uma avaliação médica antes de iniciar ou retomar os exercícios físicos, como deve ser feito por qualquer pessoa.

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