Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Um desejo antigo do artista plástico cearense Sérvulo Esmeraldo, falecido em 2017, está prestes a se realizar. Criado em 2012, ao longo do ano passado, o Instituto Sérvulo Esmeraldo ganhouum novo espaço oficial, com a execução de um projeto arquitetônico que transformou a última casa do artista – localizada no bairro Salinas, onde residia desde 2004 com a esposa Dodora Guimarães e onde também funcionava o seu ateliê – em um espaço museológico que se preparapara receber o público logo que a pandemia permitir.
Segundo Dodora Guimarães, curadora e presidente do Instituto Sérvulo Esmeraldo, apesar de ainda não ter data, a exposição de abertura já está desenhada e vai se chamar “Sérvulo Esmeraldo: Sempre”. O projeto vai reunir um conjunto de obras doartista, entre gravuras, desenhos, esculturas e objetos, ao lado de máquinas e ferramentas utilizadas em seu processo criativo. “Com essa exposição, queremos mostrar que o Sérvulo foi sempre um artista claro, preciso e simples.Não obstante ser um artista geométrico, construtivo, os discursos dele privilegiaram sempre o intuitivo, o sensível”, diz Dodora Guimarães.
A ideia de transformar a casa em um espaço museológico é antiga e vem atender aos objetivos e finalidades do Instituto: apresentar e manter aberta ao público, pesquisadores e estudiosos das artes plásticas a obra de Sérvulo Esmeraldo no ambiente do seu ateliê.O casal já fazia isso na sua própria casa, recebendo pesquisadores, estudantes e grupos de escolas.
Novo espaço
Projetado pelo Escritório Marcus Novais Arquitetura, o novo local contempla três blocos integrados à casa do casal, onde Dodora segue residindo.Um dos blocos, onde funcionava o ateliê, será um espaço museológico do artista, no qual estarão expostas suas obras, parte do seu maquinário de trabalho, ferramentas e com um pequeno histórico. Outro bloco funcionará como um espaço multiuso, que poderá receber eventos e exposições itinerantes.
Já o terceiro bloco abrigará a reserva técnica, onde ficarão obras que não estão em exposição e o acervo documental: projetos, maquetes, fotografiasde obras que ele realizou, projetos cinéticos – os quais estão projetados, mas não foram executados -, biblioteca, correspondências do artista e documentação de outros artistas.“A gente tem pastas e mais pastas de desenhos, de gravuras… A gente está em processo de catalogação desse material, mas a equipe está sem vir desde fevereiro por causa do lockdown”, explica Dodora.
Para ela, esta é parte mais importante do trabalho desenvolvido pelo Instituto. “Vai ser a grande fonte de pesquisa da obra do Sérvulo, não só para o Ceará, mas para mundo, porque vamos digitalizar esse acervo e ele vai ficar disponível na internet”, pontua a curadora. “O que é lindo desse projeto, do acervo documental, por exemplo, é um pesquisador ter a oportunidade de conhecer o procedimento de produção desse artista, ver a evolução dele, de como ele desenvolveu essa obra, como ela foi construída e como esse vocabulário se manteve. Essa coerência foi permanente na obra do artista”, ressalta a presidente do Instituto.
De acordo com a curadora, todo o investimento realizado tem o objetivo de abrigar o acervo e manter a obra de Sérvulo viva e dinâmica. “Nosso objetivo é de, espelhados no exemplo do Sérvulo, colaborarmos com a dinâmica da arte para o fomento das novas gerações de artistas”, destaca Dodora, destacando a realização do Festival Sérvulo Esmeraldo, que realiza anualmente a formação de artistas e de público no Crato, terra Natal do artista.
Projetos do Instituto
Além da implantação do acervo documental de Sérvulo, outro projeto tocado pelo Instituto é o “Festival Sérvulo Esmeraldo”, que teve a sua primeira edição realizada em 2019, em celebração aos 90 anos do artista. A ação ocorreu no Crato, no Cariri, com a realização de exposições e residências artísticas. Uma nova edição do festival está prevista para acontecer em setembro deste ano, porém, de forma híbrida, com o tema “Sérvulo Esmeraldo: O Crato no Mundo”.
Outro projeto tocado pelo Instituto Sérvulo Esmeraldo é a colaboração com uma grande exposição com as obras do cearense, que está sendo organizada pelas galerias Pinakotheke Cultural (comandada por Max Perlingero, representante de Sérvulo no Rio de Janeiro) e Raquel Arnaud (representante em São Paulo). A exposiçãoestá prevista para estrear em setembro, concomitante à Bienal de Arte de São Paulo.
Um terceiro projeto tocado paralelamente pelo Instituto é uma exposição de obras do Sérvulo no Centro Cultural do Banco do Brasil, que será inaugurada no Rio de Janeiro – com previsão para outubro – e depois seguirá para São Paulo, Brasília e Belo Horizontes, prevista para inaugurar em outubro. A curadoria será de Dodora Guimarães e Marcus de Lontra.
