Envelhecer com autoestima, mas sem perder a essência: a harmonização facial na terceira idade está revolucionando a relação com o espelho. Especialistas explicam como equilibrar rejuvenescimento e naturalidade, garantindo segurança e resultados que respeitam a história de cada rosto
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Quem disse que envelhecer significa abrir mão de se sentir bem consigo mesmo? A harmonização facial tem ganhado espaço entre os idosos não como uma busca pela eterna juventude, mas como uma forma de resgatar traços perdidos pelo tempo, sem apagar a história que cada ruga conta. Mas onde está o limite entre revitalizar e tornar artificial? Como garantir que o procedimento seja seguro para uma pele mais madura? Duas especialistas no assunto, Luane Macêdo e Eduarda Diógenes, discutem os caminhos para um rejuvenescimento que valoriza a identidade.
Para Luane Macêdo, mestra e doutora em Ciências Morfofuncionais pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o maior desafio é equilibrar expectativas e resultados naturais. “É um limite muito tênue. Primeiro, temos que compreender o que o paciente considera natural e desejável, e explicar que o envelhecimento é progressivo. Muitos buscam resultados imediatos, sem entender que a naturalidade exige tempo. É aí que a artificialização toma conta”, diz. A especialista reforça que a ética do profissional é fundamental para guiar o tratamento sem perder de vista a saúde e o bem-estar do paciente.
Atenção específica
Segundo Eduarda Diógenes, dentista e especialista em harmonização facial, os benefícios dessa técnica vão muito além da aparência. “Ela promove uma revitalização que resgata não apenas traços, mas também a autoconfiança. Muitos pacientes idosos relatam sentir-se invisíveis com o tempo, e ao se olharem no espelho após o procedimento, voltam a se reconhecer e a se gostar. Não se trata de apagar o tempo, mas de envelhecer com mais dignidade e amor-próprio”, explica.
Vale ressaltar que, antes de qualquer procedimento, é preciso avaliar os riscos. Condições como doenças cardiovasculares, diabetes descompensada ou uso de anticoagulantes exigem cautela. “Uma boa avaliação prévia é indispensável para analisar benefícios e possíveis complicações. O ideal é sempre optar por profissionais qualificados e técnicas adaptadas”, alerta Luane. A pele madura, com menos colágeno e elasticidade reduzida, exige técnicas mais delicadas e um planejamento rigoroso. “É fundamental avaliar o histórico de saúde do paciente. Condições como uso de anticoagulantes, hipertensão, doenças autoimunes ou diabetes descompensada podem influenciar nos riscos e no processo de cicatrização. Mas, com uma boa anamnese e a técnica correta, é totalmente possível alcançar resultados seguros e eficazes”, alerta também a Dra. Eduarda.
Sem máquina do tempo
E quando o paciente chega ao consultório com expectativas irreais? “É preciso empatia e honestidade. Muitos associam o procedimento a uma volta no tempo, mas nosso papel é mostrar o que é possível, saudável e natural”, afirma Luane. Pacientes idosos, segundo ela, têm uma resposta mais lenta devido à perda de colágeno, elastina e à redução hormonal.
“Os resultados podem exigir mais sessões, mas isso não diminui sua eficácia — só requer paciência”, esclarece. Eduarda reforça a importância de um plano de tratamento personalizado e o uso de técnicas sutis. “O foco deve ser no rejuvenescimento sutil, na melhora do contorno e da qualidade da pele — não na busca por um rosto ‘jovem demais’ ou artificial. Cada traço tem história, e nosso papel é valorizar essa trajetória com harmonia”.
Os cuidados pós-procedimento também são diferentes. “Hidratação intensiva, proteção solar rigorosa e monitoramento de infecções são essenciais. A pele do idoso é mais frágil, e qualquer descuido pode comprometer o resultado”, explica Luane. Já Eduarda aponta que, após o procedimento, é importante prevenir hematomas com compressas, evitar exposição solar e seguir as orientações do profissional para o uso de produtos tópicos. “Sempre reforço aos pacientes que a resposta do organismo pode ser mais lenta, mas isso não compromete os resultados, que costumam ser lindos e duradouros”, conclui.