Estreia hoje (23) segunda temporada de Cine Holliúdy, com cenas gravadas em solo cearense. Idealizador deste universo e diretor, Halder Gomes, e ator Carri Costa, ambos talentos da Terra do Sol, falam ao O Otimista sobre desafios e expectativas da produção
Danielber Noronha
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Uma sátira do Brasil. É assim que se apresenta a nova temporada de Cine Holliúdy, produção que faz uma paródia entre o cinema e a televisão, no jocoso universo idealizado pelo cineasta cearense Halder Gomes. Produção que fez barulho no cinema chega ao segundo ano na TV aberta com estreia hoje (23), logo após a novela Pantanal, na TV Globo. Porém, se engana quem acha que a série, criada e escrita por Cláudio Paiva e Marcio Wilson, vai se furtar de discutir temas super latentes, que refletem os dias de hoje, como política, sociedade e, claro, a riqueza cultural do Nordeste brasileiro.
Contada em 11 episódios, a história é ambientada na década de 1970 e se passa na fictícia cidade de Pitombas, localizada no Interior do Ceará. Para trazer mais realismo, algumas cenas foram filmadas em Quixadá, mesmo endereço de onde se passa os dois filmes de Cine Holliúdy que deram início à saga estrelada pelo ator cearense Edmilson Filho, que retorna ao papel de Francisgleydisson. A novidade deste ano é que a série ganhou seu próprio cenário no Projac. Halder Gomes, um dos diretores da série, brinca que Pitombas é o 185º município cearense.
Enquanto a primeira temporada abordou a chegada da televisão em Pitombas, a nova leva de episódios traz os moradores já acostumados com o aparelho e apaixonados pelas novelas, acarretando no fracasso do cinema de Francis, que vai fazer de tudo para se reinventar, propiciando boas risadas no meio do caminho. A temporada teve a adição da atriz Luisa Arraes ao elenco. Ela chega como protagonista e interesse amoroso do personagem de Edmilson. Retornam Heloísa Périssé, Matheus Nachtergaele, Lorena Comparato e Stepan Nercesian. Nanda Costa e Eduardo Sterbilich também fazem participações especiais.
Desafios da produção
A segunda temporada chega com hiato de três anos em relação à primeira e tem sido bastante aguardada pelo público. O maior motivo para a demora foi a pandemia.
“Começamos a gravar num momento de alta da pandemia e, com os protocolos cada vez mais severos, o projeto parou. Como as ondas [da covid-19] continuavam vindo, não conseguimos estabelecer uma data para voltar e isso só foi possível quando atingimos um percentual seguro de vacinação”, justifica Halder Gomes. O lado positivo é que, frente à demora para iniciar a gravar, foram encomendadas duas temporadas, incluindo a que estreia logo mais. A terceira está prevista para 2023.
Em entrevista ao O Otimista, o cineasta afirma que o principal desafio de Cine Holliúdy foi migrar do cinema para a TV, uma vez que cada um tem características bastante particulares. “O cinema é um lugar de imersão, onde você compromete o seu tempo para aquilo. Já na televisão tem o horário para acontecer e você disputa atenção com a tentação de mudar de canal, de olhar o celular, de assuntos que podem aparecer durante a exibição”, pontua. Para driblar as possíveis barreiras, a série apostou em dinamismo e ritmo acelerado. “Temos um elenco que se movimenta diante das câmeras criando uma zona quase que de hipnose, onde você mergulha no primeiro segundo e não consegue mais sair até que o episódio termine”, destaca o diretor.
Valorizar o que é nosso
O ator cearense Carri Costa retorna ao elenco como o bodegueiro Lindozo. E, buscando referências em figuras que via pelas ruas de Fortaleza durante a infância, não foi difícil retornar ao personagem mesmo diante das pausas sofridas ao longo da execução do projeto. “O Lindozo é afrontoso e tem uma intervenção muito significativa na política da cidade e vai querer brigar por um pedaço do poder de Pitombas”, adianta.
Com 40 anos de atuação no teatro completados em 2022, Costa celebra com emoção o fato de estar em cena com um personagem tipicamente cearense e ainda mais feliz de poder chegar a tantos lares brasileiros. “A série vai propor ao público determinados questionamentos, posturas, posições, críticas e sátiras dentro de uma competência artística muito grande. Com a ‘cearensidade’ moleque que a gente tem, conseguimos comunicar muito bem para o Brasil inteiro, porque o Brasil inteiro cabe no Ceará e vice-versa”, vibra. Segundo ele, retratar outras paisagens do País na televisão aberta é uma forma de exaltar a pluralidade nacional. É importantíssimo perceber que não conseguimos ser um país fortalecido se não olharmos para todos os cantos da nossa nação, que precisam estar representados dentro da teledramaturgia”, completa Carri Costa.
Serviço
Cine Holliúdy
Segunda temporada estreia hoje (23), logo após Pantanal, na TV Globo
11 episódios, com exibição às terças-feiras