Exposição de obras de três artistas latino-americanos, na Casa D’Alva, marca o fim de semana em Fortaleza. Em entrevista ao Tapis Rouge, o curador Hernán Pacurucu fala da importância de Fortaleza para além do circuito artístico Rio-São Paulo
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Que Fortaleza é um expoente criativo na arte contemporânea nacional, isso não é segredo. Mas além disso, a cidade adquiriu visibilidade o suficiente para ser ponto de interesse recorrente de artistas de outros lugares que desejam expor por aqui. É o caso dos artistas Boris Ordoñez, Iván Zambrano e Danilo Espinoza, que trazem à apreciação exposições com curadoria de Hernán Pacurucu. A inauguração acontece na Casa D’Alva neste sábado (24), das 10h às 14h.
Os três artistas já expuseram em diversos países, como Argentina, Polônia e seus países natais, Equador e Chile. Mas segundo o curador Hernán Pacurucu, diretor da Bienal de Cuenca, na Espanha, o interesse em Fortaleza vem de estabelecer dispositivos curatoriais em cidades que, aos olhos gerais, não são centros hegemônicos. “O país geralmente está nas periferias. Essa exploração me interessa como elemento constante de trabalho que evita os circuitos artísticos. Acreditamos que o cerne é a valorização artística não viciada pelos brindes e coquetéis que turvam o real sentido da arte”, explica o equatoriano.
Boris Ordoñez traz do Equador a mostra ‘Ir Para a Tempestade – A Origem do Nada (Acudir a la a Tempestad – El Origen desde la Nada). Aqui, somos arrebatados à imensidão de fenômenos reais e virtuais que atuam como máquinas automáticas, quase inteligentes e autodestrutivas. Segundo Hernán, essa lógica presente nas obras do artista não se mostra a nós de maneira óbvia, mas espera para ser decodificada “assim como na fábula de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, quando em um diálogo a raposa diz ao principezinho: ‘só com o coração pode ver bem; o essencial é invisível aos olhos’”.
Já o chileno Danilo Espinoza nos apresenta ‘Silêncio na Caminhada (Silencio en Marcha). Aqui, a fumaça é o elemento principal, que se desenvolve em um processo técnico experimental semelhante ao do estêncil. “Fumaça torna-se um material etéreo e pouco controlável, contrastando com o uso de novas estratégias e tecnologias para produzir imagens, como mídia digital, corte a laser, imagens de sublimação, que são características de produção visual contemporânea”, afirma o mestre em Estudos Culturais. E é através deste diálogo entre a natureza e a morte que o espectador encontra um lembrete da própria transitoriedade.
Ivan Zambrano, também do Chile, exibe a coleção ‘Reflexos em Voo, Vidas em Movimento (Reflejos en Vuelos, Vidas en Movimiento). As peças centram-se na figura da sua avó materna, com o objetivo de refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para construir sua própria identidade dentro do quadro regulamentar rígido da sociedade. Com o uso de fotografias, a exposição “pretende questionar as estruturas que perpetuam a opressão e limitam a expressão da identidade especialmente feminina, ao mesmo tempo em que busca gerar reflexão na interseção entre o individual e o coletivo, e resistência a essas restrições”, afirma o crítico de Arte.
As exposições ficam em cartaz até dia 22 de julho na rua João Brígido, 934, no bairro Aldeota.
Serviço
Exposições de Boris Ordoñez, Iván Zambrano e Danilo Espinoza
Casa D’Alva (rua João Brígido, 934 – Aldeota)
Abertura sábado, a partir das 10h
Em cartaz até 22/7
Outros eventos
São João de Maracanaú a partir das 18h. Na sexta (23) com Amigos D’Farra, Lorin Vaqueiro, Seu Jorge & Alexandre Pires e Forró Real. Sábado (24) com Preto Joya, Alok, Luis Marcelo & Gabriel e Eric Land.
XXII Parada pela Diversidade Sexual do Ceará neste domingo (25), a partir das 15h na Avenida Beira-Mar.
Concerto com Coral Vozes de Iracema e Orquestra Jacques Klein neste sábado (24), às 17h, no Teatro Celina Queiroz. Gratuito.
Festival Acordes do Amanhã nesta sexta (23), no Espigão da Praia de Iracema, Anfiteatro Dragão do Mar e outros espaços. Programação no @acordesdoamanha. Gratuito.
Moisés Loureiro ‘Só Pros Íntimos’ no Teatro Morro do Ouro, anexo do Theatro José de Alencar, nesta sexta-feira (22) às 18h e 20h. Ingresso no Sympla a partir de R$ 53.