Embora práticos e, por vezes, mais saborosos, alimentos fritos podem representar um risco à saúde e ao peso, aumentando predisposições a algumas doenças. Nutricionista consultada pelo O Otimista explica razões para isto e aponta saídas mais leves
Danielber Noronha
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Frango empanado, coxinha e aquele tradicional pastel de feira podem ser um deleite ao paladar de muita gente. Contudo, o consumo de alimentos preparados a partir da imersão em gorduras, as famosas frituras, deve ser moderado, principalmente para evitar prejuízos à saúde e também quem deseja manter o peso.
Quando o óleo ou a gordura são submetidos a altas temperaturas por um determinado tempo e em contato com o oxigênio ou com a água presente nos alimentos, explica a nutricionista Kananda Almeida, começam a ser degradados, iniciando processo de oxidação e, como consequência, a liberação de radicais livres. “Substâncias tóxicas para o nosso organismo são produzidas nesse processo, trazendo um grande risco para a saúde, como maior predisposição para câncer, doenças cardiovasculares, artrite, doenças intestinais e envelhecimento precoce”, explica. O risco aumentado para doenças, pondera a especialista, diz respeito ao consumo contínuo de frituras.
No Guia Alimentar elaborado pelo Ministério da Saúde, a indicação é reduzir o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, embutidos (salsicha, linguiça, salame, presunto, mortadela), queijos amarelos, frituras e salgadinhos, para, no máximo, uma vez por semana. Além disso, a instrução da pasta é de que sejam usadas pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar (canola, girassol, milho, algodão e soja). Uma lata de óleo por mês é suficiente para uma família de quatro pessoas, direciona o guia.
Saciedade prejudicial
Óleos ou gorduras possuem a característica de conceder mais saciedade, pois, ao serem ingeridos ficam mais tempo no estômago, uma vez que levam mais tempo para a digestão. “Alimentos fritos possuem em sua composição uma maior quantidade de gorduras e acabam proporcionando mais saciedade. Mas, pensando nos malefícios que esse tipo de alimento pode trazer, é mais racional pensar que ele trará mais prejuízos do que benefícios”, frisa. Para alcançar maior saciedade, aponta, é preferível investir no aumento do consumo de fibras e comer devagar, mastigando bem os alimentos.
Pós-graduada em Nutrição Clínica, Esportiva e Fitoterápica, Kananda explica que existem tipos mais indicados de gorduras para usar no preparo de alimentos. “Existe uma temperatura máxima em que um óleo ou gordura pode ser submetido, sem que haja nenhuma alteração do mesmo. Isso se chama Ponto de Fumaça ou ponto de queima. Passado deste ponto, eles começam a queimar e a oxidar, alterando o sabor e o cheiro, tornando-se nocivo para à saúde”, acrescenta.
Começando pelos que não são indicados para frituras, por possuírem baixo ponto de fumaça: azeite de oliva extra virgem, margarina, manteiga, óleo de coco e gordura de porco. Os indicados seriam óleo de soja, óleo de girassol, óleo de canola, óleo de milho e manteiga de garrafa, em pequenas quantidades. “Os primeiros possuem ponto de fumaça muito baixo, menos do que 180 °C. Já os seguintes são superiores a 200°C, tornando-se mais seguros para o processo de temperatura”, diferencia a nutricionista.
Entre as opções para substituir o uso de óleo, destaca Kananda, estão fritadeiras elétricas, também conhecidas como airfryers, grills, panelas antiaderentes e forno do fogão convencional. “Se tem dificuldade para se livrar dos alimentos fritos e não consegue ainda comê-los cozidos, faça-os assados ou grelhados, acrescente temperos naturais, um pouco de azeite para dar mais sabor”, indica a nutricionista. “Tenho o costume de dizer que tudo é hábito e que ele é uma característica mutável. Então, crie novos hábitos e pratique-os, até que eles façam parte de sua rotina”, completa.
Dicas para equilibrar o consumo de frituras:
– Opte por preparos em fritadeiras elétricas sem óleo, grills, panelas antiaderentes e forno do fogão convencional;
– Introduza alimentos grelhados na alimentação e invista em temperos para agregar sabores diferenciados ao preparo;
– Evite utilizar gorduras com baixo ponto de fumaça, como azeite de oliva extra virgem, óleo de coco, manteiga, margarina e gordura de porco.