“Frankenstein” ganha adaptação por Guillermo del Toro com estreia nesta quinta (23) e chegada já marcada na Netflix

“Frankenstein” ganha adaptação por Guillermo del Toro e reacende debate sobre o legado imortal da criatura de Mary Shelley. Estreia em cinemas selecionados ocorre nesta quinta (23). Na sequência, longa chega à Netflix em novembro

Gabriel Amora
amoragabriel@ootimista.com.br

Algumas histórias atravessam os séculos sem perder a força, e “Frankenstein”, publicado em 1818 por Mary Shelley, é uma dessas obras imortais. A combinação de suspense, humanidade e horror sempre me fascinou, e suas inúmeras adaptações reforçaram ainda mais esse encanto: do clássico estrelado por Boris Karloff aos filmes da Hammer com Peter Cushing, passando por versões menos lembradas como a de Kenneth Branagh, e até pelos derivados bem-humorados como “Jovem Frankenstein” (1974) e “Frankenweenie” (2012). Mais do que admirador dessas produções, sou fã da carreira de Guillermo del Toro, cuja sensibilidade em humanizar monstros já brilhou em “A Espinha do Diabo” (2001),” O Labirinto do Fauno” (2006) e “A Forma da Água” (2017). Com “Frankenstein” (2025), ele finalmente realiza seu sonho de criar uma nova versão cinematográfica deste clássico da literatura.

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(Foto: Ken Woroner/Netflix)

Tive a oportunidade de assistir à primeira sessão brasileira do filme na imponente sala Petrobras da Cinemateca Brasileira, durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e tudo se revelou surpreendentemente positivo. Do impacto visual à potência sonora, da força nas atuações à precisão da narrativa, cada detalhe contribuiu para uma experiência imersiva que só a grande tela consegue proporcionar. Não há dúvidas: este é um filme que precisa ser visto no cinema antes de chegar à Netflix em 7 de novembro. Algumas salas selecionadas recebem sessões já a partir desta quinta-feira (23).

Como era de se esperar, del Toro entrega um longa barulhento, urgente e profundamente romântico, que captura o espírito do livro, ao mesmo tempo em que se distingue das adaptações anteriores. Oscar Isaac brilha como Victor Frankenstein, incorporando a fúria contida de um homem que jamais aprendeu a lidar com o luto, transformando seus traumas em uma descida lenta e inexorável ao inferno. Do mesmo modo, Jacob Elordi, na pele da Criatura, impressiona com uma presença física e vocal inédita, mesclando melancolia, majestade e terror de forma única, estabelecendo um contraste intenso entre criador e criatura.

Consequentemente, del Toro não economiza em excessos: o filme é violento, sanguinolento, e a trilha sonora, inesperada e precisa, acompanha a narrativa com intensidade. A fotografia gótica, os movimentos de câmera e a montagem criam um efeito de filme-evento, onde forma e conteúdo se entrelaçam de maneira orgânica, elevando cada cena a uma experiência sensorial completa.

A grande força de “Frankenstein”, entretanto, reside na humanidade da Criatura. Cada momento em que ele aprende a falar é belíssimo, condensando o coração da filmografia de del Toro: a busca incansável por palavras, cores e formas capazes de expressar a sensação de ser diferente. Ou de apenas existir.

No fim, o longa respeita a tradição do material original, mas o reinventa com sensibilidade e ousadia, reafirmando por que Frankenstein atravessa séculos sem perder força, mantendo-se vivo, atemporal e irresistivelmente fascinante.

Expectativa

A empolgação em torno da nova adaptação é tão grande que o próximo encontro do clube de leitura Terceira Margem, em Fortaleza, será dedicado ao clássico de Mary Shelley, marcado para sábado (25). O grupo promete discutir os temas universais da obra e compartilhar a empolgação sobre a visão única de del Toro.

Para Selma Licia, organizadora do clube, a escolha é natural: “’Frankenstein’ continua atual, lidando com questões como responsabilidade, rejeição e os limites éticos da ciência. Estou ansiosa para ver como del Toro vai traduzir tudo isso para o cinema.” O professor de literatura Lourenço Becco compartilha do mesmo entusiasmo: “A força da história vem da combinação entre os avanços científicos do século XIX e os dilemas humanos universais que ela aborda. Acredito que a versão de del Toro vai se destacar, com sua identidade visual marcante e o cuidado que demonstra com as criaturas”.

serviço

Filme “Frankenstein”
Estreia em cinemas selecionados nesta
quinta-feira (23), com entrada na Netflix em 7 de novembro
Duração: 2h 29m

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