O mundo da fotografia perdeu nesta sexta-feira (23) um de seus maiores nomes: Sebastião Salgado faleceu em Paris, aos 81 anos, vítima de complicações decorrentes de malária contraída nos anos 1990. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização fundada pelo fotógrafo, e por amigos próximos. Mineiro de Aimorés, Salgado deixa um legado que transcende a fotografia, marcado por seu olhar humanista sobre as contradições do mundo contemporâneo.
Reconhecido internacionalmente por suas poderosas imagens em preto e branco, Salgado construiu uma obra que dialogava com as grandes questões da humanidade. Séries como “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis” tornaram-se referências absolutas na fotografia documental. “Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, destacou o Instituto Terra em nota emocionada.
Economista de formação, Salgado descobriu a fotografia em 1973 e nunca mais deixou a câmera de lado. Autodidata, desenvolveu um estilo único que unia rigor estético a um profundo compromisso social. “Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte”, afirmou certa vez, recusando o título de artista para se definir como fotógrafo. Ao lado da esposa Lélia Wanick, com quem fundou o Instituto Terra em 1998, transformou seu trabalho em ferramenta de transformação ambiental e social.
Em 2024, ao anunciar sua aposentadoria ao The Guardian, Salgado já demonstrava estar em paz com sua trajetória: “Já vivi tanto e vi tantas coisas”. Sua morte encerra um capítulo fundamental da história da fotografia, mas seu olhar sensível e sua mensagem humanista continuarão a inspirar gerações através das imagens que eternizou. O velório será realizado em Paris, com detalhes a serem divulgados pela família.