Seis meninas vindas de quatro continentes e um reality global que mobilizou milhões de votos deram origem ao Katseye, grupo que mistura o rigor do treinamento do k-pop ao frescor multicultural. Após viralizar no TikTok e conquistar as paradas com hits como “Gabriela”, o sexteto se apresenta no Lollapalooza Brasil 2026 e promete ser um marco do pop mundial
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Seis meninas, um reality show e um sonho: mudar a cara da música pop. Assim nasceu o Katseye, grupo que mistura as técnicas do k-pop com a diversidade cultural de um casting global. Depois de conquistar o topo das paradas com o EP “Beautiful Chaos” e viralizar no TikTok com o hit “Gnarly”, o sexteto chega em 2026 ao palco do Lollapalooza Brasil, pronto para mostrar ao público que “soft is strong”.
A formação do Katseye não foi obra do acaso. Ela é o resultado de uma colaboração entre a HYBE, a mesma empresa responsável pelo grupo BTS, e a Geffen Records, da Universal Music Group, e foi criada dentro do reality “The Debut: Dream Academy”. Entre as 120 mil candidatas inscritas, apenas seis chegaram até a final: Sophia (Filipinas), Manon (Suíça), Daniela (EUA, com raízes venezuelanas e cubanas), Lara (EUA, de ascendência indiana), Megan (Havaí, com sangue chinês e cingapuriano) e Yoonchae (Coreia do Sul). O programa, transmitido globalmente pelo YouTube e Weverse, exibiu provas de canto, dança e performance, além de revelar a jornada pessoal das participantes. “Esta é a primeira vez que um grupo feminino americano vai fazer música pop americana, mas treinado para fazer a coreografia maluca do k-pop”, descreveu Daniela em entrevista à revista i-D.
Trajetória de sucesso
O sucesso do grupo ganhou corpo rapidamente. Após a estreia em 2024 com o single “Debut” e o EP “SIS (Soft Is Strong)”, as meninas chegaram ao grande público em 2025 com Gnarly, um hyperpop ousado que dividiu opiniões, mas viralizou nas redes sociais. O clipe já soma mais de 78 milhões de visualizações e levou a coreografia para milhões de vídeos no TikTok. Logo depois, o grupo lançou Gabriela — com influência latina e coautoria de Charli XCX —, que entrou para o Top 50 global do Spotify e alcançou o 24º lugar na Billboard Global 200. Para Sophia, líder do sexteto, a diversidade musical é reflexo da identidade do grupo: “Cada uma traz suas referências culturais, e o resultado é algo que não parece de um lugar só, mas do mundo todo”, diz a filipina.
Essa diversidade também se traduz nas histórias pessoais das integrantes. Manon fala quatro idiomas e sonha em se teletransportar para visitar a família sempre que sentir saudade. Já Megan tem no currículo passagens por desfiles em Paris e Los Angeles e inspirações que vão de Jennie (Blackpink) a Beyoncé. Lara também não esconde sua ambição: “Quero colaborar com Rihanna, Britney Spears, Timbaland e Pharrell. Quero que nossa música dialogue com todos os cantos do planeta”, afirma.
Viral na música e na moda
O alcance global do Katseye já extrapolou os palcos e as paradas musicais, chegando também ao mundo da moda. O grupo foi escolhido como protagonista da campanha Better in Denim, da marca de jeans estadunidense Gap, que resgata a estética dos anos 2000 em um filme coreografado ao som do clássico “Milkshake”, de Kelis. A marca apostou na diversidade cultural das seis integrantes como metáfora de autenticidade. Talvez não coincidentemente, a campanha foi divulgada poucas semanas depois da recente polêmica envolvendo a American Eagle, outra marca de jeans dos EUA, cuja propaganda com Sydney Sweeney dizia que a atriz tem “bons genes” — no inglês, “genes” e “jeans” têm a mesma pronúncia. O trocadilho foi acusado de ecoar mensagens de supremacia branca, enquanto a Gap apostou justamente no oposto: na multiculturalidade do Katseye para transmitir frescor, inclusão e relevância cultural junto à geração Z. Resultado: a coreografia feita por elas no comercial viralizou nas redes sociais, garantindo milhões de visualizações em pouquíssimo tempo e reforçou o papel do grupo não apenas como ícone da música pop, mas também da representatividade, consolidando sua imagem como símbolo de uma juventude globalizada que valoriza diversidade e autoexpressão.
Fãs globais
Além da força das integrantes, outro motor por trás da escalada meteórica é o fandom, ou grupo de fãs, batizado de Eyekons. Organizados em mutirões de streaming, votações e hashtags, eles transformaram o grupo em um fenômeno digital. O resultado? Mais de 900 milhões de streams no Spotify desde a estreia, além de ingressos esgotados para a primeira turnê norte-americana, marcada para novembro deste ano.
O sucesso é tanto que o Katseye é uma das principais atrações do Lollapalooza Brasil 2026, ao lado de nomes como Sabrina Carpenter, Chappell Roan e Doechii. E tudo que essas seis meninas prometem trazer ao País é uma performance que mescla vocais poderosos, coreografias milimetricamente ensaiadas e a estética retrô dos anos 1990/2000, que permeia a identidade visual do grupo. Para muitos Eyekons brasileiros, será a chance de ver ao vivo a combinação que vem conquistando o mundo: a energia explosiva do k-pop com o frescor multicultural de um grupo que fala, literalmente, em muitas línguas. Como resume Sophia: “Somos de lugares diferentes, mas quando subimos no palco nos tornamos uma só voz. E é isso que queremos compartilhar com todos: unidade, força e, acima de tudo, música”.