Exposição “Crônicas da Beleza e do Horror” celebra 50 anos de carreira de Araquém Alcântara no Museu da Fotografia Fortaleza

Traduzindo emoções, dilemas e urgências que atravessam o tempo, “Crônicas da Beleza e do Horror”, do fotógrafo Araquém Alcântara, ganha exibição no Museu da Fotografia Fortaleza, neste sábado (8). Mostra reúne mais de 70 imagens que convidam o público a uma profunda reflexão sobre a relação entre o homem e o meio ambiente

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

O Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) abrigará, a partir deste sábado (8), a nova exposição do fotógrafo Araquém Alcântara. Intitulada “Crônicas da Beleza e do Horror”, a mostra, instalada no segundo andar do equipamento, reúne cerca de 76 obras que convidam à reflexão sobre humanidade e a natureza. Na ocasião do lançamento, que ocorre a partir das 10h, Araquém estará presente ao lado de Diógenes Moura, curador da exposição. Juntos, eles participarão de um bate-papo no auditório do equipamento. Totalmente gratuita e aberta ao público, a mostra poderá ser visitada de terça a domingo, das 12h às 17h.

Em entrevista ao Tapis Rouge, Araquém Alcântara discorre acerca da exposição, que, segundo ele, também celebra meio século da carreira como fotógrafo e jornalista. “O ponto de partida para essa exposição veio de um diálogo. Primeiro o convite do Museu, segundo o diálogo com Diógenes Moura, o curador. A gente tentou fugir dessa ideia do ‘Araquém Alcântara, 50 anos de fotografia’, que é o título do meu livro. Então, o ponto de partida foi que eu sou um cronista da beleza e da destruição desse País. Eu pautei o meu trabalho em fotografar a natureza, os bichos, as paisagens e os homens”, explica.

Riqueza estética

Uma intensa jornada aguarda o público durante a exposição. Nas obras que adornam o Museu, paisagens grandiosas e ricas da Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e do agreste do Cerrado são eternizadas. A beleza desses biomas, no entanto, é contrastada com o horror da devastação ambiental e social que as ameaça. Essa dualidade — que provoca uma reflexão sobre a relação do ser humano com a natureza — é ressaltada por Araquém ao selecionar imagens que, na visão dele, se sobressaem na mostra.

Eu destacaria duas imagens: uma da beleza e outra do horror. A foto da beleza é de um pássaro chamado Biguatinga, que está com asas abertas, pousadas e secando. Ela fez parte de exposição no MASP [Museu de Arte de São Paulo] em 1980, chamada 10 mil Hiroshimas, em protesto contra a instalação de duas usinas atômicas no litoral de São Paulo, Iguape 1 e 2. Agora a foto do horror é um tamanduá-mirim queimado numa atitude de defesa, mas que parece uma súplica, queimado e cego saindo de uma floresta. Essa foto é de 2005, detalha.

E para que essas imagens e as demais compusessem “Crônicas da Beleza e do Horror”, foi necessário um processo de curadoria e edição que se estendeu por cinco meses, de acordo com Diógenes Moura. “A mostra reúne imagens minuciosamente editadas. Trata-se de um encontro entre a natureza da Terra e a natureza do homem. Os visitantes verão imagens de um país verdadeiro, a partir do olhar de dois poetas: um, fotógrafo, que comemora 50 anos de carreira”, comenta.

Esse processo curatorial rigoroso reforça o diálogo entre o olhar do curador e a sensibilidade do artista, que se cruzam na intenção de provocar, emocionar e despertar consciência. “A minha expectativa como artista que espalha histórias e que conta histórias do povo brasileiro, da sua natureza, é transformar consciências, seduzir as pessoas pelo meu modo de enxergar o mundo e, nessas 75 obras, o público vai ter uma visão de uma caminhada que hoje completa 56 anos já. E estou desde esse tempo comemorando os 50 anos de um trabalho dedicado a interpretar o Brasil”, pontua Araquém.

serviço

Exposição “Crônicas da Beleza e do Horror”
Abertura: neste sábado (8), às 10h
No Museu da Fotografia Fortaleza (Rua Frederico Borges, 545, Varjota)
Visitação gratuita
Horário de visitação: de terça a domingo, das 12h às 17h.
Aberta até março de 2026

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