A festa, em toda potência estética, política e comunitária, toma forma de arte no Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Com mais de 250 obras e forte presença de artistas cearenses, a exposição “Bloco do Prazer” transforma o MAC-CE em um grande território de celebração, memória e invenção coletiva — um convite para entender o Brasil pelas cores, sons e ritos
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Uma investigação da festa como força de criação estética, articulação comunitária e disputa simbólica no Brasil, a exposição “Bloco do Prazer” abrilhanta o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Com acesso gratuito, a mostra reúne em torno de 250 obras, incluindo pinturas, fotografias, objetos, arquivos, documentos históricos, instalações e registros de rituais e festas populares.
Assinada pelos curadores Marcelo Campos, Amanda Bonan e Bitu Cassundé, a exibição segue aberta ao público até maio de 2026. As visitas podem ser feitas de quarta a sábado, das 9h às 19h, e aos domingos e feriados, das 10h às 20h. “A exposição traz a festa e a alegria do povo brasileiro como tema e suas várias manifestações artísticas e populares” define Aretha Gallego, gerente do MAC, em entrevista ao Tapis Rouge.
Batizada com o título da canção de Fausto Nilo e Moraes Moreira — eternizada na voz de Gal Costa —, a exposição aprofunda a festa como linguagem cultural complexa e destaca a produção local ao reunir 33 artistas cearenses, reafirmando o papel do Ceará como polo ativo de criação e pensamento. O conjunto se expande com obras de 50 artistas nordestinos, além de 13 coleções e acervos e 14 trabalhos recentes ou comissionados, que exploram temas como corpo, som, rito, movimento, performance e ocupação das ruas.
No Ceará, a exposição ganha contornos próprios ao incorporar a vitalidade das manifestações tradicionais e a força dos Tesouros Vivos da Cultura, maracatus, reisados, bois e mestres da cultura popular. Ao reafirmar o museu como espaço de encontro entre arte, território e comunidade, o projeto territorializa sua proposta curatorial e celebra o fazer coletivo que impulsiona a cultura cearense. A mostra também destaca expressões afrobrasileiras, cortejos e celebrações, evidenciando as continuidades entre criação artística, ancestralidade e as políticas do viver em comunidade.
“Quando o MAC fez o convite para trazer essa exposição para Fortaleza, houve um realinhamento dessa curadoria, trazendo uma perspectiva muito mais nordestina e principalmente cearense para essa exposição. Dando esse destaque ao Nordeste como uma potência também nesse campo dos festejos populares, dos mestres e mestras da cultura, dando uma dimensão mais aqui, da nossa região para exposição”, revela Gallego.
Ainda segundo Aretha, essa ênfase regional se alinha ao propósito maior da mostra, que é educar o público sobre o profundo significado da festa popular: “Principalmente entender que festa é uma força criativa e artística popular do povo brasileiro, que tem uma dimensão política e estética muito relevante. Além disso, que essa dimensão está presente na cultura popular e na arte contemporânea e que essas duas essas dimensões podem dialogar juntas no espaço de museu, acerca do mesmo tema”, conclui.
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Exposição “Bloco do Prazer”
Visitação até maio de 2026
Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE)
Horário de funcionamento de quarta a sábado: 9h às 19h; domingos e feriados: 10h às 20h
Acesso gratuito



















