Talento cearense, o confeiteiro Wellington Teixeira conquistou os holofotes ao participar da primeira temporada do MasterChef Confeitaria. Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, Wellington compartilha detalhes da trajetória profissional, bastidores do reality e planos para o futuro
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Em meados de 2024, o nome do confeiteiro Wellington Teixeira ganhava notoriedade após impressionar o Brasil com seu talento na primeira temporada do Masterchef Confeitaria, ramificação do reality de sucesso MasterChef, transmitido pela Band TV. De lá para cá, a trajetória do cearense, natural de Fortaleza, continuou em constante ascensão, acumulando atualmente apenas em uma rede social, onde compartilha receitas de doces e sobremesas, quase 90 mil seguidores. Perto de completar uma década de experiência no ramo, Well, como carinhosamente foi apelidado, mantém firme o seu propósito de romper, através da confeitaria, os estereótipos relacionados aos nordestinos. Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, o especialista em chocolate revela detalhes acerca da carreira, participação no programa culinário, futuro e mais.
Primeiros passos
O início da jornada de Well na cozinha se assemelha a outras histórias de cozinheiros. Mesmo apaixonado pela arte da culinária, não via nela uma possibilidade de profissão. “Era [mais] uma terapia”, segundo ele. Tinha como vontade, até então, explorar os segredos da vida marinha – plano esse que logo foi esquecido. Durante o ensino médio, por incentivo da família e amigos, o confeiteiro escolheu o curso de gastronomia. No entanto, a vida tinha outros planos para Well naquele momento. Sem poder arcar com as mensalidades da graduação em uma faculdade particular e com a descoberta de que seria pai aos 17 anos, o profissional optou por ingressar no curso tecnológico de Hotelaria no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), por ter gastronomia no currículo e formar mais rápido.
“Iniciei trabalhando como auxiliar de cozinha no Restaurante Engenho Dedé que ficava no Shopping Iguatemi. De cara a chefia me colocou pra ser responsável pelas sobremesas. Em 2016, trabalhei como Supervisor de Cozinha no Fortaleza Mae Hotel e lá o contato com a Confeitaria e Panificação foi ainda mais intenso, fazendo eu me apaixonar ainda mais pela confeitaria e tomando a decisão de me especializar nessa área”, conta Well, fazendo uma linha do tempo da atuação profissional na cozinha.
Masterchef Confeitaria
Com toda essa bagagem de conhecimento e experiência na área acumulada, já era natural para Well cogitar uma participação na competição culinária. Antes mesmo de surgir a versão do Masterchef voltada para confeitaria, o chef já se inscrevia para o formato “Profissionais” todos os anos. “Eu e dois grandes amigos da cozinha fizemos um acordo onde nós três sempre iríamos nos inscrever no Master Chef Profissionais. Caso algum de nós passasse, os outros iriam treiná-lo”, conta.
Apesar das tentativas, o tão aguardado aceite para o reality só aconteceu na versão confeitaria, área de domínio de Well. “Em 2024 a Band anunciou que faria uma nova versão do programa, dessa vez especializado em Confeitaria. Eu recebi uma bomba de mensagens de amigos pedindo pra eu participar. Então me inscrevi, participei da seleção e fui aprovado”, rememora o consultor gastronômico.
No concurso, o chef e professor se destacou ao se arriscar com receitas e decorações criativas e originais. Essa ousadia o levou à semifinal, consagrando-o como um dos cearenses mais longevos na franquia. “(…) participar do MasterChef e conseguir chegar tão longe foi a validação de todo esse percurso. Participar do programa me abriu muitas portas. Tive oportunidades que eu jamais imaginava receber há 1 ano. Me senti extremamente valorizado e vi minha profissão, que normalmente é esquecida, ser engrandecida a nível nacional”, celebra.
DNA
Assim como sua própria origem, que une raízes cearenses e mineiras, o estilo culinário de Well também reflete uma fusão de influências. Como visto no reality de confeitaria, o profissional aplica técnicas clássicas francesas em receitas que enaltecem os ingredientes brasileiros, sejam eles típicos ou nativos. “Nosso país é riquíssimo em biodiversidade e pouco utilizamos isso na Confeitaria. A ideia não é reinventar a roda, mas aproveitar ao máximo o que nossa terra tem para oferecer. Eu adoro framboesa, amora e mirtilo, mas nada disso se compara ao açaí, cupuaçu, cambuci, maracujá, cajú, goiaba, pitanga, jabuticaba, pitomba, sapoti, cajá… podia passar o dia citando opções maravilhosas e que são pouco utilizadas na Confeitaria”, pontua.
Essa valorização da diversidade de sabores brasileiros também se reflete na forma como Well enxerga sua própria produção. Em constante movimento criativo, o confeiteiro não se prende a uma única receita como símbolo de sua identidade na cozinha. “Confesso que não há uma receita específica que me represente. Minha cabeça está sempre ligada em várias coisas ao mesmo tempo. No momento minha maior paixão é a produção de chocolate. Já faço isso há um tempo, mas agora estou mais imerso e curioso. O chocolate, assim como o vinho, o café, carrega muita complexidade e pluralidade de sabores na sua produção. É quase terapêutico acompanhar todo o processo”, relata.
Porvir
Crescer no meio digital é uma das principais metas para o futuro, de acordo com o Well. Apesar de já publicar vídeos nas suas redes sociais, o confeiteiro conta que deseja se profissionalizar ainda mais como “food influencer”, porém com um conteúdo mais complexo. “Nada de dancinhas por aqui”, brinca o profissional. “Mas um grande projeto que quero concluir em curto prazo é da minha marca de chocolates artesanais. É algo que tô depositando bastante paixão”, expõe.
O confeiteiro encerra com um conselho para os novos profissionais que estão começando a desbravar a confeitaria: “Estude e se especialize! Para quem não tem condições financeiras de pagar por cursos caros, a internet está lotada de conteúdo gratuito. Use a confeitaria que você trabalha como laboratório para colocar em prática esse conhecimento. Para quem trabalha em casa, use as redes sociais como canal de divulgação do seu trabalho. (…) “quem não é visto, não é lembrado” é mais real que nunca. Em algum momento uma oportunidade incrível vai aparecer, mas o terreno precisa tá preparado até lá”, conclui.