Exclusivo: Regiane Alves fala do espetáculo “Nosso Irmão”, que abre temporada em Fortaleza, e dos rumos da carreira

Com Regiane Alves, espetáculo Nosso Irmão faz temporada no Teatro Brasil Tropical, em Fortaleza. Em entrevista ao Tapis Rouge, a atriz detalha a personagem e comenta sobre a maternidade e o atual momento da carreira

Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br

Todo mundo já deve ter pensado, ao menos uma vez, em como seria viver diante da morte de um ente querido e todas as consequências resultantes dessa perda. Quando soma-se a isso dissabores do passados e disputa por bens familiares, nasce o enredo perfeito para a criação da peça Nosso Irmão, apresentada aos fortalezenses este fim de semana, trazendo no elenco a atriz Regiane Alves.

Após estreia em São Paulo, a montagem, escrita pelo espanhol Alejandro Melero e dirigida por Dan Rosseto, ganha o palco do Teatro Brasil Tropical, com sessões na sexta-feira (8), às 20h, no sábado (9), também no mesmo horário, e domingo (10), às 19h. Ingressos estão à venda no site sympla.com.br, com valores entre R$ 25 e R$ 80. Espetáculo marca a retomada de grandes eventos pelo CENA, anteriormente conhecido como Circuito Cearense de Teatro, que conta com apoio institucional da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE).

Compõem a cena, além de Regiane, Mariana Elias e Bruno Ferian. O trio interpreta Teresa, Maria e Jacinto, respectivamente. Após a morte da matriarca da família, os três se reencontram na casa onde a mãe cuidava do filho, diagnosticado com uma deficiência intelectual. Enquanto buscam pelo testamento, questões a respeito da divisão de patrimônio e a guarda do irmão são postas em xeque.

“Falamos muito da falta de capacidade que o irmão tem de escolha dentro da relação. No decorrer da peça, a gente percebe que ele é o mais antenado, é a pessoa que mais percebe as coisas. Damos voz à pessoa com deficiência e falamos também desse medo que as famílias têm, do que acontece com alguém que tem deficiência na ausência de quem cuida”, diz Regiane Alves. Ela interpreta uma mãe de cinco filhos, casada com um homem atolado em dívidas  e, para completar, detentora de um visão muito crítica e ácida da vida.

Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, ela brinca que a personagem é uma versão da inesquecível Dóris, personagem magistralmente defendida por ela em Mulheres Apaixonadas (2003), só que 20 anos mais velha. “A dramaturgia nunca teve uma neta que pudesse falar de um problema para o qual, na época, o país passava, mas que todo mundo estava de olhos vendados”, relembra. Para quem não acompanhou, Dóris era uma adolescente que praticava maus-tratos contra os avós idosos e chegou até a roubá-los. Naquele momento, as discussões geradas em torno da temática aceleraram o projeto de lei do que hoje se conhece como Estatuto da Pessoa Idosa. “Brinco que a Teresa é ela [Dóris] num outro momento da vida, mas não acho elas parecidas. A Teresa é mais feroz nas atitudes, na provocação. Mas aí vocês têm que assistir para saber se dá ou não para fazer esse comparativo”, convoca Regiane.

Entre reflexões e expectativas

Mãe de dois filhos, João Gabriel e Antônio, a atriz afirma que as problemáticas lançadas em cena a fizeram pensar a respeito da própria maternidade e sobre como são os ciclos da vida. “Qualquer mãe tem medo de que o filho morra, acho que é a pior dor que uma mãe pode sentir. Ao mesmo tempo, a mãe sempre tem esse pensamento: ‘não posso morrer, porque esses meninos precisam de mim e quero ver eles evoluírem’”, reflete. “Essa peça me tocou no ponto da finitude. Não tem como fugir disso. Sinto que fiquei mais tocada a estar no presente, de poder viver da melhor forma possível”, acrescenta.

As mudanças e reflexões se entrelaçam entre o pessoal e profissional, especialmente no novo momento de carreira que a atriz está vivendo, após encerrar contrato de 24 anos com a TV Globo, em 2023. “Isso tira um pouco do conforto que a gente tem de receber um salário, ter a carteira assinada, mas, ao mesmo tempo, possibilita viver outros caminhos, projetos. É uma coisa boa, porque te tira desse lugar de comodidade”, aponta. Aos 45 anos de idade, tendo feito uma novela atrás da outra por bastante tempo, ela afirma estar pronta para interpretar uma vilã mais madura ou um personagem alcoólatra, perfil inédito na sua galeria. “No momento, estou muito feliz com a recepção da peça e também com a Teresa, que é uma personagem cheia de nuances”, celebra. “Espero que o público de Fortaleza curta muito a peça, como a gente curte fazer”, completa Regiane Alves.

Serviço

Espetáculo Nosso Irmão
Dias 8, 9 e 10 de março
Horários: sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h
No Teatro Brasil Tropical (Av. Abolição, 2323 – Meireles)
Vendas: sympla.com.br ou bilheteria do teatro
Ingressos: entre R$ 25 e R$ 80

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