Maior aposta da TV Globo para levantar audiência do horário nobre em 2022, remake da novela Pantanal estreia hoje (28), prometendo ser fiel à memória do sucesso original, mas atualizando-o para alcançar novos públicos 

Danielber Noronha 

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Mais de 30 anos depois, o Brasil é convidado a conhecer o Pantanal sob a ótica de um folhetim, com a estreia de hoje (28) da nova novela das nove da TV Globo, que tem como pano de fundo esta que é a maior planície alagada do mundo. A trama é um remake de um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira, escrito por Benedito Ruy Barbosa e exibido na extinta TV Manchete, em 1990. A adaptação parte das mãos de Bruno Luperi, neto de Ruy Barbosa, e é vista quase como a reparação de um possível erro cometido pela emissora no passado, que recusou a novela, recebida na sequência pela Manchete e transformada em um clássico.

Entre o amor e a natureza
Em meio aos rios e matas, famílias se enfrentam na busca por poder e no meio deste campo minado surge um amor que já nasce impossível, entre os jovens Juma e Jove, interpretados por Alanis Guillen e Jesuíta Barbosa. Na versão original, os mesmos papéis ficaram conhecidos pelos rostos de Cristiana Oliveira e Marcos Winter. Jove cresce achando que o pai José Leôncio (Renato Góes / Marcos Palmeira) morreu, mas, ao descobrir que se tratava de uma mentira, 20 anos depois, parte para o Pantanal, em busca de respostas.

O cenário pantaneiro resguarda também Juma Marruá (Alanis Guillen). Filha de Maria Marruá (Juliana Paes) e Gil (Enrique Diaz), a jovem cresceu sem contato com o mundo exterior e traumatizada pelas perdas ao longo da vida, que a tornam uma mulher arredia e selvagem. Mesmo neste território inóspito, surge a paixão por Jove, que logo esbarra em diferenças culturais e sociais, tornando a relação dos dois bastante improvável de um final feliz. Como se não bastasse tudo isto, ainda paira nas redondezas a lenda de que a mãe de Juma consegue se transformar em onça.

“O Pantanal resgata heróis. É uma característica muito forte da obra do meu avô, que tem um caráter épico e fala sobre valores com personagens fortes e inspiradores […] A novela também tem esse caráter humano, que é o que mais me move, porque gera empatia. Ninguém é perfeito. A possibilidade de se apaixonar e odiar o protagonista e o antagonista é real”, comenta Luperi.

O elenco traz, ainda, nomes de peso como Camila Morgado, Murilo Benício, Leopoldo Pacheco, Bruna Linzmeyer, Caco Ciocler, Irandhir Santos e Osmar Prado, que dá vida ao Velho do Rio, entidade que narra os acontecimentos da história e tem também o dom de se transformar em uma sucuri. O cearense Silvero Pereira também integra o time de estrelas.

Investimentos 
Uma diferenciação da nova produção em relação à anterior é a tecnologia utilizada para captar as paisagens do Pantanal. Para tais fins, foram utilizados drones, câmeras à prova d’água e vários outros recursos de captação. Além disso, o primeiro episódio foi produzido em 8K e que terá transmissão em 8K pelo Globoplay, inaugurando a utilização desse formato. Para o streaming do canal, foi acrescentada também a tecnologia de áudio Dolby Atmos, com intuito de garantir maior nível de imersão ao espectador.

Entre funcionários das fazendas, transporte, equipe e elenco, cerca de 150 pessoas estiveram envolvidas diretamente com as gravações no próprio Pantanal, realizadas no segundo semestre de 2021. Toda essa movimentação foi necessária para gravar cerca de 30 a 40% da obra.

Em outra frente, a novela é também o grande trunfo da Globo para alavancar a audiência neste ano, com intuito de conquistar quem assistiu à versão original, mas também o público mais jovem. Com vistas a estes fins, foram alteradas algumas passagens do folhetim original, como quando Jove vira motivo de piada entre os peões, após um boato de que ele estaria tendo um caso com um dos funcionários do pai. A ideia é não gerar “cancelamentos” com a ala mais progressista da audiência. Por outro lado, a devastação e as queimadas, segundo Luperi, também entrarão na trama em alguns momentos.

Contudo, o desafio já começa logo na estreia: conseguir bons números diante do baixo desempenho de Um Lugar ao Sol, que já detém o título de audiência mais baixa do horário na emissora, superando Babilônia (2015). Quase que se antevendo ao que poderia vir, o canal já trabalha na divulgação da novela desde 2020, quando houve o anúncio oficial do remake. Para se ter uma ideia melhor, a divulgação de quem seria a atriz na pele da protagonista Juma rendeu uma reportagem especial no Fantástico antes mesmo da estreia de Um Lugar Ao Sol, algo inédito até então. Será que vem aí um remake à altura do original?

Serviço 

Novela Pantanal 

Estreia hoje (28), a nova novela das nove da TV Globo