Buscado por quem deseja leveza e bem-estar, os sucos detox prometem acelerar a rotina e dar aquele impulso extra à saúde. Mas o que realmente funciona? Especialistas revelam como usar a bebida a favor de uma vida mais saudável, especialmente com os excessos das festas de fim de ano
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Em meio à busca por mais leveza, energia e bem-estar, os sucos detox ganham protagonismo nos copos — e nas conversas — de quem busca começar o dia com um “empurrãozinho” saudável, inclusive com a vasta agenda de confraternizações de fim de ano. Mas será que essas bebidas, de fato, contribuem para a saúde? Para entender quais são os reais benefícios dessas misturas, Tapis Rouge traz a nutricionista especialista em emagrecimento e recomposição corporal Ingrid Lima e com o nutricionista Abelardo Lima, que esclarecem as verdadeiras vantagens do líquido, suas contraindicações, e as melhores combinações para turbinar a dieta sem exageros.
Pode desintoxicar?
Se você não é um especialista da saúde e está — ou não — tendo o primeiro contato com o termo “suco detox”, é provável que associe a bebida à eliminação de substâncias negativas, ou até “tóxicas”, do organismo. Essa interpretação, no entanto, é refutada pelos especialistas consultados pela reportagem. Os nutricionistas ressaltam que a nomenclatura é fruto de um conceito popularizado pelo marketing, e não um termo técnico utilizado por profissionais da área. “Na prática, chamamos assim qualquer suco preparado com frutas, verduras, legumes e ervas frescas, como couve, limão, gengibre, pepino e maçã. Esses sucos podem ser nutritivos, já que fornecem vitaminas, minerais, compostos antioxidantes e contribuem para a hidratação. No entanto, é fundamental entender que eles não têm a capacidade de ‘desintoxicar’ o organismo”, pontua Ingrid Lima.
“Não há evidência robusta de que ‘suco detox’ aumente de forma relevante a eliminação de toxinas; ‘limpe’ fígado, rins ou intestino; faça um ‘reset metabólico’. A desintoxicação real é feita continuamente por fígado, rins, intestino, pulmões e pele, desde que a pessoa se alimente de forma adequada, não abuse de álcool, drogas e ultraprocessados, mantenha bom estado nutricional e hidratação (…) Ele não tem ‘poder mágico’ de desintoxicar”, contribui Abelardo Lima.
Contudo, isso não quer dizer que a bebida não possua nenhum valor nutricional ou benefícios. De acordo com a especialista em emagrecimento e recomposição corporal, os “sucos detox” podem fazer parte de uma alimentação saudável, com seus benefícios vindo dos nutrientes presentes nos ingredientes. É preciso, porém, o consumo regular para que haja vantagens interessantes para a saúde, como indica Lima: “Melhora a digestão, apoia a imunidade, tem potencial de redução da inflamação, aumenta a ingestão de micronutrientes, sensação de leveza e bem-estar”, descreve.
Abelardo complementa sugerindo que a inserção do líquido na dieta diária pode ajudar indiretamente se for feito com fibras – tipo vitamina/batido, sem coar – e tiver boa proporção de vegetais, frutas e água. Além dos benefícios citados por sua colega de profissão, o coordenador do curso de Nutrição da Estácio Ceará também menciona como vantagens da ingestão do “suco detox”: “(…) a melhora do trânsito intestinal [se mantiver fibras de frutas e folhas]; ajuda na hidratação; ajuda o sistema imune a funcionar bem, desde que inserido em uma dieta equilibrada; com sono adequado, baixa exposição a álcool/tabaco, etc.”, acrescenta.
Combinações para evitar
Os ingredientes de um suco separados são saudáveis, mas nem todos podem ser inseridos na mesma receita, tendo potencial de serem prejudiciais, de alguma maneira, à saúde. Conforme os nutricionistas, é importante evitar certos tipos de combinações na hora do preparo do líquido. “(…) excesso de frutas doces, como suco feito com a mistura de manga, banana, laranja e maçã, por exemplo. Ainda que sejam naturais, essas misturas acabam concentrando uma grande carga de açúcar, elevando o índice glicêmico do suco e deixando-o menos adequado para quem busca leveza, saciedade ou controle de peso. Uma regra prática é usar uma fruta por porção e priorizar verduras, legumes e ervas”, esclarece Ingrid.
Outra combinação que necessita de cuidado e atenção, segundo Abelardo, é a mistura de folhas cruas de sabor forte, como couve, beterraba e espinafre. “Muito oxalato em uso diário e crônico. Combinações diárias e por tempo prolongado de: couve crua, espinafre cru e beterraba crua dão alto volume aumenta carga de oxalato, podendo ser problema para pessoas com histórico de cálculo renal. Nesses casos, prefira variar folhas, incluir parte dos vegetais levemente cozidos e resfriados, não usar sempre os mesmos em grandes quantidades”, alerta.
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RECEITAS INDICADAS:
Suco verde digestivo e leve, por Ingrid Lima
Ingredientes:
1 folha de couve sem o talo
½ pepino
1 maçã verde (ou pera, se preferir menos acidez)
Suco de ½ limão
4 folhas de hortelã
1 pedacinho de gengibre (0,5 a 1 cm)
200–250 ml de água ou água de coco natural
Indicação: melhora da digestão, redução do inchaço, suporte ao fígado
Por que é nutritivo: boa combinação de fibras leves, minerais (potássio, magnésio) e compostos digestivos
Benefícios: ajuda na digestão, refresca, tem baixo impacto glicêmico e mantém fibras importantes quando não coado.
Laranja-dourado antioxidante e “anti-inflamatório”, por Abelardo Lima
1 laranja inteira (descascada, mas com o bagaço)
½ cenoura média crua, picada
½ maçã ou ½ manga pequena
½ colher de café de cúrcuma em pó OU 1 cm de cúrcuma fresca
1 pitada de pimenta-do-reino (ajuda a biodisponibilidade da curcumina)
200 mL de água ou chá de camomila gelado
Bater no liquidificador sem coar.
Propriedades: Cenoura + laranja → betacaroteno + vitamina C; Cúrcuma + pimenta-preta → combinação clássica usada em estudos com efeito anti-inflamatório leve. Mantendo bagaço da laranja → mais fibra, menor pico glicêmico do que o suco coado. Foco em antioxidantes, vitamina A, C e compostos anti-inflamatórios leves.



















