Escultor Assis Filho apresenta nova obra, que retrata o poeta Mário Gomes

O escultor Assis Filho resgatou memórias, fotos, vídeos e obras literárias do poeta Mario Gomes para compor sua nova escultura, intitulada Drama Humano

Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br
Foto: Edimar Soares

Para celebrar a liberdade e a relação entre as pessoas da cidade, o escultor Assis Filho aproveitou o momento de reflexão vivido durante essa pandemia e se inspirou no icônico poeta Mário Gomes para criar a escultura figurativa “Drama Humano”. Durante a produção da obra, o artista se valeu da memória e do afeto do retratado, de fotos e vídeos, assim como de obras literárias que ajudaram a compor e resgatar a essência do saudoso poeta.

“Pra mim, ele é o sinônimo máximo de liberdade. O Mário pagou todos os preços para ser uma pessoa totalmente livre. Quem via ele pelas ruas, só tinha a ideia de um louco. Não conseguia ver a beleza da pessoa e da obra. Aquelas roupas apontavam a vaidade, o porte daquele homem inteligente, sensível e outra hora bem relacionado. Apesar de viver na rua, ele não aceitava ser tratado como tal, aquela agressividade foi um modo de defesa e tudo compõe a poesia que ele era”, conta o escultor.

O artista revela que já estava trabalhando no retrato dele há algum tempo, “com a calma e a dedicação que um projeto assim exige. Esse período de distanciamento da cidade e das pessoas, essa vontade de estar na rua, me fez refletir sobre a relação dele com os lugares. Senti que era o momento certo para finalizar o trabalho”.

O escultor figurativo realista conta que gosta de abordar no seu trabalho autoral o cotidiano, “o que por ser tão comum, passa despercebido aos olhos. Gosto de andar pela cidade, principalmente pelo Centro, e observar o que me cerca, imaginar a história por trás de cada pessoa ou situação, infelizmente algo que tive que parar por conta da pandemia”.

Ele conta que Mario Gomes era uma figura que sempre chamou sua atenção, sempre que o via pela Praça do Ferreira ou pelas noites do Dragão do Mar. “Mas foi numa conversa com um amigo que surgiu a ideia de representá-lo numa escultura. Nesse mesmo dia, me veio como seria a obra, mas foi depois de pesquisar e conhecer a história dele que o nome “Drama Humano” me veio à mente. Durante o processo de modelagem tive a sorte de ter uma amiga pessoal do Mario fazendo aulas no meu ateliê e, após muitas conversas, pude conhecer mais da personalidade dele, isso me permitiu representar melhor a presença dele na obra”.

Segundo ele, o seu processo de esculpir passa por diversos materiais e estágios. “A primeira parte é a modelagem, quando a ideia passa a tomar forma. Nessa etapa, uso plastilina (material parecido com massinha de modelar, mas de qualidade superior) ou então argila. Depois de pronta dou início ao molde, que pode ser em silicone, gesso ou fibra de vidro. Nessa etapa, a modelagem é destruída durante a abertura do molde. Dou início à cópia da escultura em outro material. Já fiz obras em bronze, concreto e gesso. Essas cópias podem ser tiragem numerada ou então peça única”.

O escultor cearense começou seus estudos no universo da escultura ainda criança, onde aprendeu várias técnicas para esculpir suas obras. Desde lá, ele vem se aprimorando ao longo dos anos, com práticas e estudos sobre essa arte. Há nove anos, ele dedica-se a criar peças do tipo figurativa realista. Hoje ele mantém um curso de escultura, onde usa metodologia própria que parte das formas geométricas básicas e do estudo de anatomia.

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Conheça o trabalho do artista:

@assissculptor

 

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