Em celebração ao Dia Nacional do Livro, O Otimista conversou com dois cearenses indicados ao Prêmio Jabuti 2020

Neste Dia Nacional do Livro, o Ceará celebra o momento de destaque nacional que vive a literatura local com a indicação de seis obras de cearenses ao Prêmio Jabuti. O Otimista conversou com Camila Vieira e Ary Bezerra Leite, dois cearenses finalistas da honraria

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

No Dia Nacional do Livro, 29 de outubro, o Ceará festeja também a riqueza da sua produção literária, que neste ano ganhou destaque nacional com a indicação de seis obras assinadas por autores cearenses para o Prêmio Jabuti 2020. Na lista dos 10 finalistas das 20 categorias da honraria estão Bruno de Castro, Ary Bezerra Leite, Camila Vieira da Silva, Jarid Arraes, Tino Freitas e a editora Tempo d’Imagem, especializada em fotografia, fundada por Tiago Santana e Celso Oliveira.

Para Goreth Albuquerque, coordenadora das políticas de Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), a produção literária passa por um momento paradoxal. Ao mesmo tempo em que a crise econômica fragiliza o mercado editorial e há um desmonte das políticas públicas culturais, o Ceará vive um excelente momento no campo da criação literária. “Temos pequenas editoras que vêm em publicações constantes e que têm conseguido se firmar não só no mercado daqui, mas também fora”, diz a coordenadora.

Ela acredita que o crescimento da produção local tenha sido fruto dos esforços que vinham sendo feitos na esfera federal há cerca de oito anos, que refletiam no fortalecimento das políticas públicas estaduais e municipais. A internet, segundo ela, também tem ajudado a escoar a produção literária, especialmente de autores independentes.

Localmente, Goreth aponta a Bienal Internacional do Livro de 2019 como um marco na literatura produzida no Ceará. “A gente teve um espaço grande com uma coordenadoria jovem trazendo uma literatura da periferia, de autores jovens nunca lidos antes. Isso é uma medida fundamental. São instâncias de consagração e formativas também, que promovem o encontro entre quem já está no meio e quem está chegando”, destaca.

Dedicação e reconhecimento

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Fruto de um projeto da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e editado em parceria com a entidade, “Mulheres Atrás das Câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018” é o primeiro livro organizado pela jornalista cearense Camila Vieira da Silva, ao lado de Luiza Lusvarghi. A obra concorre na categoria “Ensaios – Artes”, a mesma de “História da fotografia no Ceará do Século XIX, de Ary Bezerra Leite, e “Penitentes – Dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo”, de Guy Veloso, publicada pela editora Tempo d’Imagem (Tiago Santana e Celso Oliveira).

O livro traz 27 artigos de 29 pesquisadoras com recortes temáticos acerca do cinema feito por realizadoras brasileiras ou sobre cineastas que se destacaram ao longo da história. A segunda parte traz ainda o “Pequeno dicionário das cineastas brasileiras”, com mais de 250 minibiografias sobre realizadoras brasileiras. “O grande desafio foi buscar as fontes de pesquisa. Existem publicações na área, mas estão espalhadas em artigos específicos, teses, dissertações e arquivos públicos”, conta Camila Vieira.

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Camila Vieira

Para a jornalista, apesar de densa, a obra é apenas o ponto de partida para o surgimento de mais projetos sobre o tema. Sobre a indicação ao Jabuti, era atribui a um esforço coletivo entre as organizadoras e as pesquisadoras que contribuíram com a obra e diz que o momento é de celebração. “A gente no momento só está comemorando, só em ser indicado, já é uma grande vitória”, festeja.

Aos 85 anos, o jornalista e pesquisador Ary Bezerra, autor de “História da fotografia no Ceará do Século XIX” (Independente, 2020), também comemora a indicação à honraria.  “É realmente um reconhecimento ao esforço da minha contribuição e dos meus apoiadores de fazer o resgate da fotografia do Ceará do Século XIX, que era uma área pouco documentada. É uma produção inédita, ainda não existia uma referência cronológica e detalhada de como a fotografia chegou ao Ceará e como foi essa evolução”, orgulha-se o escritor.

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Com mais de 400 páginas e 474 imagens, a obra terá uma continuação que já está sendo preparada por Ary, porém, ainda sem previsão de lançamento. “Meu compromisso agora é desdobrar a fotografia no Século XX, de 1901 a 1959, porque o volume de informações é muito rico”, avisa o escritor, autor também de “Fortaleza e a Era do Cinema– Pesquisa histórica: 1891-1931”, “História da Energia no Ceará”, “A Tela Prateada (Cinema em Fortaleza – 1897- 1959 – Do cinematógrafo aos anos 50)” e “Memória do Cinema: Os ambulantes no Brasil (Cinema itinerante no Brasil, 1895-1914)”.

 

DIA DO LIVRO        

A importância da leitura e do livro será tema de discussão da programação online da Secult na tarde de hoje, em celebração ao Dia do Livro. O evento ocorre a partir das 13h, no YouTube da Secult Ceará, com a participação de Goreth Albuquerque, dos poetas Caio Barbosa e Luana Beatriz, autores do livro “Limiar”; e das bibliotecárias Cássia Barroso, Ana Maria Farias e Ana Lívia Mendes.

CEARENSES INDICADOS:

 – “E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor” (Moinhos, 2020), de Bruno de Castro;

– “Redemoinho em dia quente” (Alfaguara, 2019), de Jarid Arraes;

– “Leila” (Acabatte Editorial, 2020), de Tino Freitas;

– “História da fotografia no Ceará do Século XIX” (Independente, 2020), de Ary Bezerra Leite;

– “Penitentes – Dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo” (Tempo d’Imagem, 2019), de Guy Veloso, com capa de Luisa Malzoni, Isabel Santana Terron e Beatriz Matuck;

– “Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018” (Estação Liberdade, 2020), de Luiza Lusvarghi e Camila Vieira da Silva.

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