A liberação da prática de esportes individuais em praças, praias e calçadões está levando muita gente de volta à rotina de exercícios físicos. O retorno, no entanto, deve ser gradual, respeitando os limites do corpo para evitar lesões. Confira as dicas de profissionais
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Foto: Beatriz Bley
Com academias fechadas e esportes coletivos ainda suspensos, poder exercitar-se individualmente nos espaços ao ar livre foi um alívio para quem não aderiu aos exercícios em casa. Para quem ficou parado durante todos esses meses de isolamento e está voltando a se mexer agora, além dos cuidados essenciais para evitar o contágio pelo novo coronavírus, a atenção nesse retorno deve ser redobrada para evitar lesões.
Especialistas são unânimes: nesse primeiro momento, é fundamental respeitar os limites do seu corpo. “Os erros mais comuns que as pessoas cometem nesse retorno é porque querem voltar a treinar no mesmo patamar de onde pararam, tanto em volume de treino quanto no mesmo nível de intensidade”, aponta o educador físico e personal trainer Thiago Bezerra. Os resultados dessa retomada abrupta – sem os devidos cuidados e sem acompanhamento profissional – podem ser lesões sérias capazes até de fazer você ficar ainda mais tempo parado.
Já para quem estava totalmente parado e pensa em voltar agora, o ortopedista Diogo Rolim recomenda fazer avaliações físicas e cardiorrespiratórias antes de retomar. “Se você estava parado, tem abaixo de 35 anos e tem um risco cardiovascular menor (sem histórico de doença cardíaca na família ou obesidade), então o ideal é só fazer uma avaliação de retorno ao esporte que pode ser feito com um educador físico. Para os maiores de 35 anos, o ideal é que procurem uma avaliação médica”. “Três meses é um período em que você pode perder todo o seu condicionamento físico caso você não tenha praticado nenhuma atividade”, lembra.
Corpo em equilíbrio
É normal que no retorno a alguma atividade física, como a corrida por exemplo, você ache que está muito bem se correu por uma longa distância e não ficou tão cansado. Embora o cardiorrespiratório possa responder positivamente ao estímulo, é preciso ter cuidado com a sobrecarga na musculatura e articulações para evitar as famosas “canelites”, tendinites e até rupturas mais graves.
De acordo com Diogo Rolim, as avaliações prévias são importantes para ajudar a identificar se a composição corporal, a aptidão cardiorrespiratória, a força e a flexibilidade estão no mesmo nível. “Geralmente não estão. Às vezes, você tem uma boa força, mas a sua aptidão cardiorrespiratória não está tão boa. Ou tem a cardiorrespiratória boa, mas a musculatura não está tão bem treinada para aquele tipo de atividade. Quando existem esses desequilíbrios, existe o risco aumentado de ter lesão”, explica o médico.
A dica do personal trainer Thiago Bezerra é ir, aos poucos, mostrando ao corpo que ele vai novamente receber os impactos, em especial aos que estão voltando a correr. Nesse momento, a orientação de um profissional é a melhor prevenção. “Sem a orientação de um profissional de educação física, você apenas volta a correr como qualquer outra pessoa correria, sem os devidos cuidados com alongamento, sem os educativos para a corrida, sem treinos específicos para evolução na corrida. Não se pode simplesmente voltar a correr, você tem que ter todo um trabalho de progressão e de base para não se machucar”, orienta.
Ah, e claro: use máscara sempre e evite o contato com outras pessoas.






















