Projetos estão em Caucaia e Amontada, com operação a partir de 2024. Iniciativas são pioneiras no Brasil. Apesar do alto investimento necessário, capacidade é promissora.
Nathália Bernardo
Dois projetos de geração eólica no mar avançam no Ceará, com operações previstas para a partir de 2024, somando R$ 15,4 bilhões em investimentos. Eles devem ser pioneiros em eólica offshore no País. Conforme o Altas Eólico e Solar, a ser lançado pelo Governo e Fiec, o Estado tem capacidade de 117 GW nesse tipo de geração.
Mais avançado entre ambos os projetos, situada em Amontada, a Eólica Marítima Asa Branca tem inauguração prevista para 2025, com obras iniciadas 24 meses antes. Com recursos estrangeiros e nacionais, o parque demandará R$ 10 bilhões em investimento. O projeto obteve neste mês o Despacho de Registro de Outorga (DRO) da Aneel. Outro marco foi a expedição de termo de referência pelo Ibama. Já da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), a usina recebeu certidões de disponibilidade de área.

Marcello Storrer, que está à frente da Asa Branca, conta que já tem o ok de diversos outros órgãos, entre eles Funai, Instituto Chico Mendes e Iphan. O avanço é resultado de 18 anos de trabalho no projeto e da melhora do ambiente de negócios brasileiro. O próximo passo é a submissão de estudos para obtenção da licença prévia, trabalho para o qual já há consultoria ambiental contratada. “Fizemos a nossa lição de casa. Estamos trabalhando com o devido respeito para não incomodar, para sermos um bom vizinho”, afirmou em entrevista ao Tapis Rouge.
O empresário também comemora a conclusão de montagem da maior e mais potente turbina eólica já fabricada, a GE Haliade X (foto), modelo que vai ser usado na Asa Branca. O protótipo, com 260m de diâmetro, foi montado no Porto de Roterdã, na Holanda. “Agora vai”, brinca Marcello, que preside a recém lançada Associação Brasileira de Eólicas Marítimas (Abemar).
Caucaia
Também no Ceará, a BI Energia trabalha para implantar uma usina eólica offshore de 598 MW. De origem italiana, a empresa planeja aplicar 1,2 bilhão de euros, cerca de R$ 5,4 bilhões, em Caucaia. Os valores são maiores que os previstos inicialmente, já que o projeto teve sua capacidade ampliada após mudanças em equipamentos.
Lúcio Bonfim, sócio da empresa, explica que estão sendo desenvolvidos estudos ambientais complementares a pedido do Ibama. A expectativa é que a licença prévia seja expedida no primeiro trimestre do ano que vem, com o início das obras no segundo semestre de 2021 e dois anos de construção. O projeto também prevê um quebra-mar, atendendo demanda da comunidade local.
Desafios
Como ainda não há nenhuma eólica offshore em funcionamento ou em obras no Brasil, a modalidade ainda requer altos investimentos. Por isso, Lúcio defende que sejam feitos leilões específicos para esse tipo de geração. Caso seja necessário disputar com outras fontes, a aposta está na capacidade de geração no mar, cuja média é de 62% no Ceará. Em usinas onshore, esse índice é de 44%. Os números também mostram o potencial competitivo do Estado, já que na Europa uma usina offshore tem média de 37%.

Adão Linhares, secretário-adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura, ressalta o potencial cearense e diz que o Estado fará tudo o que está a seu alcance para desenvolver a geração offshore. “Estamos aqui para apoiar Marcellos, Lucios”, afirma, destacando a inovação das iniciativas.