Mais do que nunca, é tempo de celebrar os músicos. Mesmo diante das angústias que 2020 trouxe, foram eles que deram um jeito de seguir próximo do público, levando leveza e esperança de que os próximos dias 22 de novembro, Dia do Músico, teremos mais o que celebrar
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Além de enfrentar as dores e angústias que a pandemia de covid-19 trouxe para toda a humanidade, os músicos – assim como a classe artística como um todo – foram obrigados a parar completamente. Longe dos palcos e do público, eles parecem ter dado um real significado à palavra reinventar-se, talvez tão batida quanto “novo normal”, mas ideal para definir o malabarismo de quem tem o calor humano como combustível para alma, mente e bolso. O Dia do Músico de 2020, celebrado neste domingo (22), tem um sabor especial. Entre tantas incertezas, uma se confirmou na prática ao longo de 2020: a música salva!
“Geralmente, quem trabalha com música tem muito da paixão. Muitas pessoas enxergam só o lado mais encantador, mais de glamour, mas não é nada disso ou não é só isso. Esse foi um ano muito desafiador, aliás, está sendo. Mas a música na pandemia foi, para todo mundo, inclusive para nós que trabalhamos com ela, o que salvou. A arte tem esse papel fundamental de tirar a gente um pouco da realidade, de deixar as coisas mais leves”, diz a DJ Isa Capelo, que fez das lives e festas virtuais a válvula de escape para a mente e uma forma de seguir próxima do público.

Para ela, nesse pacote da auto-reinvenção veio o aprendizado sobre acreditar no próprio trabalho e sobre a importância de ter uma rede de apoio para contar e manter a cabeça firme enquanto dias melhores não chegam. Fez isso tão bem que, iniciada abertura econômica, já fez trabalhos para pessoas que a conheceram através de suas lives de isolamento social.
Para 2021, a expectativa é que o Dia do Músico possa ser celebrado próximo do público, com a classe mais reconhecida pelo seu papel fundamental. “Espero que em 2021, os músicos possam estar em seus ambientes, em palcos, com as pessoas já mais aglomeradas, mas vai depender se vamos ter vacina. Uma coisa importante é que as políticas públicas possam chegar junto dessa parte estrutural porque falta uma política pública para todo mundo que trabalha no setor”, pontua a DJ.
Aprendizados e planos

Com mais de 40 anos de carreira percorrendo os palcos de todo o Brasil, o guitarrista cearense Cristiano Pinho acredita que 2020, em especial esses últimos oito meses de isolamento social, foi um tempo de aprender a viver na dicotomia entre se isolar e, ao mesmo tempo, não ficar só.
“A música, para mim, era uma forma de me manter ativo, buscando, criando, experimentando na mesma verdade que sempre me motivou. Independente de qualquer tempo. Mas a sobrevivência se tornou uma questão fundamental”, reflete o músico, que sobe aos palcos (ainda sem público) do Cineteatro São Luiz, neste sábado (21), às 19h, para show do projeto “Dentro do Som”, transmitido pelas redes sociais do equipamento.
Para a cantora Giovana Bezerra, de 31 anos, neste ano tão difícil para todo mundo, ela celebra o Dia do Músico com muitas descobertas das suas potencialidades. “Nesse período de isolamento social, eu me redescobri como cantora, assim como descobri a minha capacidade de produção também”, relata Giovana.

Projetos de gravação de disco autoral, shows próprios e eventos traçados para 2020 deram lugar a lives temáticas que, além de manter a sua saúde mental, abriram espaço para novos planos. “Em abril eu fiz uma live em homenagem à Disney e teve muito resultado, entrou muita gente. Aí toda quinta passei a fazer uma live temática, fiz de musicais da Broadway, grandes trilhas do cinema… Em 2021 pretendo transformar essas lives em shows presenciais”, conta a cantora.
Otimista que 2021 haverá muito mais a se celebrar, neste ano, ela diz que seu maior aprendizado enquanto cantora foi sobre a necessidade de estar sempre pronta. “A gente tem que estar sempre preparado para tudo, para todos os cenários, para saber lidar com esse momento e saber se adaptar aos novos momentos. Como pessoa, meu maior aprendizado foi saber como a vida é frágil”, ressalta.