Crítica: filme traz Superman que o mundo precisava e tom esperançoso para o novo universo da DC nos cinemas

Gabriel Amora 

amoragabriel@ootimista.com.br

Havia certa apreensão – ainda que mesclada a uma curiosidade genuína – quanto ao novo filme do Superman. Dirigido por James Gunn, cineasta já reverenciado por entregar obras marcantes tanto na Marvel quanto na DC, o projeto trazia expectativas altas. Gunn, afinal, é o responsável pela bem-sucedida trilogia “Guardiões da Galáxia” e também pelos acertos de “O Esquadrão Suicida” (2021) e da série “Pacificador” (2022). Agora, sem vínculos com a Marvel, ele assume o comando do novo universo da DC, antes sob a gestão de Zack Snyder, que imprimiu uma visão sombria, cínica e pessimista aos heróis da Liga da Justiça.

Ao contrário do antecessor, Gunn não apenas suaviza o tom, como também desenvolve com mais clareza um caminho que Snyder apenas insinuou: o político. E talvez aí resida o maior mérito deste “Superman” – um blockbuster de 200 milhões de dólares que, além das inevitáveis cenas de ação e destruição, se permite refletir sobre guerras, invasões, influência americana em conflitos globais e a ideia de uma figura mitológica tentando intervir – e sendo rejeitada por isso. No segundo ato, a trama se torna um tanto carregada, mas as boas intenções mantêm o frescor da proposta.

Outro acerto notável é o elenco. David Corenswet pode não ser o melhor Superman desde Christopher Reeve, mas está claramente no caminho. Em sua atuação há doçura, incertezas, um desejo sincero de aprender com os próprios erros. Ele interpreta não um símbolo infalível, mas um jovem com poderes imensos tentando entender o lugar que ocupa no planeta. Reeve, como Clark Kent, e Tobey Maguire, como Peter Parker, são talvez os únicos que conseguiram imprimir essa juventude heroica com tamanha sensibilidade. Corenswet, com o tempo, pode se juntar a essa galeria.

Mas quem já ocupa um lugar definitivo é Nicholas Hoult, que entrega o melhor Lex Luthor de todas as mídias. Cruel, vaidoso, frio e sedutor, se impõe com complexidade, tornando-se o alicerce dos desafios que o protagonista precisa enfrentar. Um vilão à altura do herói – e que sabe exatamente quando e como derrotá-lo.

“Superman” é, sim, político, mas também leve, divertido, colorido – como um bom filme de super-herói deve ser. E, acima de tudo, carrega algo que andava perdido nesse gênero: esperança. É raro assistir a uma obra contemporânea baseada em quadrinhos que consegue ser tão elegante, tão bem narrada, tão consciente de si. Mais do que um recomeço para a DC, é um respiro bem-vindo para o cinema de heróis.

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“Superman”

Já em cartaz nos cinemas brasileiros

Ação/ficção científica

2h09

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