Conheça mais sobre o jejum, quem pode praticar e os benefícios dele para o corpo

Quando o assunto é alimentação saudável, mitos e controvérsias costumam acompanhar as discussões. O jejum é um dos que está no rol dos assuntos polêmicos da nutrição. Conheça mais sobre a prática e os benefícios dela para o corpo

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

Embora seja uma prática milenar adotada por diferentes povos – até por questões religiosas -, ainda há quem ache que se trata apenas de uma modinha das dietas. “Jejum não é uma moda, não é nada novo, é uma situação fisiológica natural do nosso corpo”, explica a nutricionista Mirella Freire. O jejum consiste em passar períodos prolongados sem ingerir alimentos. Nesse período, o corpo usa basicamente glicose e gordura como fonte de energia, além de ativar alguns hormônios importantes como cortisol.

Estudos científicos em animais e seres humanos, indicam que, muito além de uma estratégia de emagrecimento, o jejum pode ser um aliado no controle e prevenção de diversas doenças. “O jejum pode promover uma perda de peso, mas o que realmente vai gerar a perda de peso é a restrição calórica. Para mim, a grande vantagem do jejum é melhora de parâmetros bioquímicos: melhora da resistência à insulina, dos triglicerídeos”, aponta a especialista.

Inicialmente, o jejum prolongado era utilizado para tratar pacientes com epilepsia. A percepção da melhora global do corpo e a perda de peso sem afetar a saúde do paciente ampliaram o leque de recomendações da prática. Hoje, sabe-se que ele é um grande aliado na redução de doenças autoimunes, tratamento de alguns tipos de câncer, melhora do perfil metabólico, funcionamento hepático, entre outras indicações.

Como funciona?

Há várias combinações de períodos de jejum e períodos alimentados. O mais comum e que, segundo Mirella Freire, deveria virar hábito para todos é o jejum noturno ou fisiológico, vai de 10 a 12 horas sem alimentação (nem líquidos). Nesse caso, uma pessoa que janta às 19 horas, por exemplo, só volta a ingerir alimentos às 7h da manhã.

Os horários de início e término do jejum vão de acordo com a rotina de cada um. “O jejum precisa fluir, ele não precisa ser mais uma neurose na vida da gente”, lembra a nutricionista. Há também quem adote períodos mais prolongados, entrando no chamado jejum metabólico ou intermitente. Ele pode se estender por até 13h, 16h ou 18h. “No geral eu indico o jejum fisiológico diário de 10 a 12 horas e umas três vezes na semana dar uma esticada até as 14 ou 16 horas. Só isso já vai trazer bons resultados”, destaca a especialista.

Durante o jejum, só é permitida a ingestão de líquidos como água, café e chás (sem açúcar nem qualquer tipo de adoçante). Já na primeira refeição pós-jejum, a indicação é que sejam ingeridos alimentos com maior teor de proteína, como os ovos, frutas de baixo índice glicêmico (morango, maracujá, maçã) e grãos integrais.

Quem pode ou não

O advogado Carlos Marden Coutinho aderiu ao jejum intermitente em fevereiro deste ano como estratégia de emagrecimento. Ele tinha dificuldade de baixar e manter o peso alcançava com dietas e exercícios. Acompanhado por uma nutróloga, ele adotou o jejum como prática diária. “Foi um processo que começou aos poucos. Comecei fazendo 12 horas, depois 13h e fui subindo. Hoje faço por 18 horas”, conta.

Aliado a uma dieta cetogênica, ele aponta diversos benefícios para o seu corpo. “A começar pela questão estética: estou mantendo o mesmo peso há três meses e meio sem fazer grandes sacrifícios. Depois que eu adaptei com a dieta e o jejum, minha disposição ficou muito maior também para malhar, para o trabalho”, comemora.

A nutricionista Mirella Freire alerta que, apesar dos amplos benefícios, o jejum prolongado com maior frequência é contraindicado para crianças, gestantes, lactantes e pessoas com muito baixo peso, salvo em casos de prescrição de um profissional. Pessoas com problemas gástricos, como gastrite, por exemplo, devem primeiro tratar a doença antes começar qualquer estratégia de jejum mais prolongado. “O importante é você estar bem orientado por um bom profissional”, recomenda.

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