De promessa dourada a alvo de polêmicas, Sydney Sweeney vive um momento decisivo na carreira. A atriz, conhecida por “Euphoria” e “The White Lotus”, viu sua imagem ser abalada por campanhas publicitárias controversas e debates políticos acalorados. Aos 27 anos, ela encara o desafio de provar que talento vai muito além das manchetes e de seus “bons genes”
Sâmya Mesquita
samymesquita@ootimista.com.br
Sydney Sweeney é a garota de ouro de Hollywood: duas indicações ao Emmy antes dos 25 anos, papéis icônicos em “Euphoria” e “The White Lotus” e uma carreira que parecia imparável. Porém, a atriz de 27 anos se viu no centro de uma tempestade midiática após uma campanha publicitária com acusações de eugenia. Como uma das atrizes mais talentosas de sua geração acabou sendo reduzida a debates políticos? A resposta está numa carreira que mistura ambição, talento e escolhas controversas.
Do PowerPoint aos Emmys
Antes de ser Cassie, a adolescente vulnerável de “Euphoria”, ou Olivia, a universitária sarcástica de “The White Lotus”, Sydney era apenas uma garota determinada. Sua mãe, advogada, e seu pai, executivo no ramo de hotelaria, não eram exatamente entusiastas da ideia de uma carreira artística. Mas aos 12 anos, a jovem apresentou aos pais um detalhado projeto de cinco anos para convencê-los a deixarem Spokane, em Washington, e se mudarem para Los Angeles. “Era um plano de negócios completo, com orçamento e metas. Eu sabia exatamente como faria isso funcionar”, contou em entrevista à “Variety”.
Funcionou! Depois de pequenos papéis em séries como “Grey’s Anatomy” e “Pretty Little Liars”, ela explodiu em 2019 com “Euphoria”, série que a colocou no mapa – e também no centro de debates sobre sexualização na TV. Sua personagem, Cassie Howard, era tragicamente humana e controversa: uma adolescente que buscava amor em lugares errados. “Eu não queria que Cassie fosse só uma caricatura. Estudei diários de garotas reais, conversei com psicólogos. Ela é mais do que suas cenas de nudez”, explicou, à época, ao “The Hollywood Reporter”.
Dois anos depois, “The White Lotus” confirmou seu talento. Como Olivia, entregou um desempenho afiado, cheio de ironia e nuances. O resultado? Duas indicações ao Emmy em 2022 – um feito raro para alguém tão jovem.
Seguindo o minucioso plano de carreira, Sydney atuou como nunca em longas como “Todos Menos Você” (2023) e “Madame Teia” (2024), além de uma segunda bem-sucedida temporada de “Euphoria” (2022). Inclusive, a atriz criou uma produtora própria, a Fifty-Fifty Films, que lhe garantiu participação em “Imaculada” (2024).
A virada polêmica
Se em 2022 Sydney era a queridinha da crítica, em 2025 se tornou o alvo preferido das redes sociais. Tudo começou quando ela lançou um sabonete da marca masculina Dr. Squatch, afirmando que o produto era feito da sua própria água de banho. O lançamento foi recebido com reações diversas, desde elogios à originalidade da ideia até críticas sobre a higiene do produto e hipersexualização. O produto esgotou em questão de horas.
Recentemente, ela estrelou uma campanha da American Eagle chamada “Sydney Sweeney Has Great Jeans”, despertando o público para um trocadilho entre “jeans” e “genes”, que têm a mesma pronúncia no inglês. O comercial destaca os traços físicos da atriz, loira de olhos azuis, enquanto uma voz dizia “genes são passados de pais para filhos”. Não demorou muito para a campanha ser acusada de promover eugenia, teoria científica defasada, do início do século XX, que buscava produzir uma seleção humana baseada em uma ideia de “raça pura”.
De um lado, fãs viam a campanha como inofensiva – ou, pelo menos, que Sydney não tinha culpa da proposta de marketing, já que é apenas a modelo contratada. Do outro, críticos consideraram a propaganda um retrocesso. Até o presidente Donald Trump entrou na briga, admitindo que a atriz é filiada ao Partido Republicano dos Estados Unidos. A informação foi confirmada por meio de registros públicos: ela se registrou na Flórida como republicana em junho de 2024. E, enquanto a internet pegava fogo, Sydney permaneceu em silêncio.
O que resta?
Por trás das manchetes, porém, há uma atriz que insiste em não ser reduzida a um só rótulo. Em 2023, ela estrelou “Reality”, drama político onde interpretou Reality Winner, a analista da inteligência americana que vazou documentos confidenciais. O filme, rodado em apenas 16 dias, foi aclamado pela crítica. “Sydney prova que é muito mais do que seu físico”, escreveu o IndieWire.
Agora, ela se prepara para novos projetos: alguns arriscados, como “Christy” (2025), onde interpretará uma pugilista em transformação física radical; outros bastante aguardados, como “A Empregada” (2025), baseado no livro homônimo de Freida McFadden e co-estrelado por Amanda Seyfried. Sem falar que Euphoria retorna em 2026 para uma terceira temporada, enquanto há rumores de que Sydney também está sendo cotada para ser a próxima Bond Girl em um novo filme de James Bond, dirigido por Denis Villeneuve.
Uma coisa é certa: Sydney Sweeney não tem medo de queimar etapas; nem de pegar fogo no processo. Resta saber se Hollywood e o público estarão prontos para acompanhá-la nessa corrida.