InícioPáginas VermelhasCom palestra marcada para Fortaleza, Monja Coen fala sobre como alcançar a...

Com palestra marcada para Fortaleza, Monja Coen fala sobre como alcançar a vida plena e ter harmonia com o outro

Com intuito de repassar ensinamentos para alcançar uma vida mais plena e saudável, Monja Coen Roshi retorna a Fortaleza no próximo sábado (13), para palestra no Teatro RioMar Fortaleza. Ao O Otimista, ela falou sobre a importância de fortalecer a espiritualidade, os impactos da pandemia nas relações sociais e como viver em harmonia

Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br

Ao longo de quatro décadas dedicadas à vida monástica, Monja Coen Roshi respondeu inquietações particulares, encontrou novas dúvidas e saiu em busca de ajudar o maior número de pessoas possível a encontrar seu caminho para uma vida plena, através dos ensinamentos da tradição religiosa Zen Budista, conhecida como Soto Shu, com sede no Japão. É também com este propósito que chega a Fortaleza no próximo sábado (13), com a palestra especial Respeito Ancestral, no Teatro RioMar Fortaleza. “Não venho para convencer pessoas da tradição que escolhi para minha vida, mas para compartilhar ensinamentos que pessoas de qualquer tradição espiritual e qualquer ateu possam praticar em suas vidas para que estas sejam plenas e saudáveis”, explica a também autora de 26 livros e palestrante.

Na pandemia, detalha, viu seus conteúdos aumentarem os números de visualizações, com muitas pessoas buscando apoio para entender todas as peculiaridades do momento. No entanto, ela pondera, é preciso reconhecer também as coisas boas que ocorreram durante o período da crise da covid-19. “Se houve quem quisesse ganhar vantagens pessoais e lucrar com produtos falsos, também houve quem se dedicasse ao caminho da ética, do respeito, do amor, da inclusão e da harmonia”, pontua. Dentre outras coisas, faz um apelo para que a sociedade inclua os idosos na dinâmica social e pede que as pessoas aproveitem a vida que lhes foi concedida. “Apreciem suas vidas. Cada instante da existência é único, não há bis, não há repetição”, destaca. Confira bate-papo onde ela fala sobre as eleições no Brasil, dá detalhes sobre a palestra que traz à capital e sobre os excessos que cometeu antes de mergulhar na vida religiosa.

O Otimista – Estamos saindo de um momento delicado que foi a pandemia da covid-19. O quanto este período, no entender da senhora, pode ter nos fragilizado espiritualmente? 

Monja Coen – Esse período de reclusão, medo, negação, conflitos, hospitalizações, mortes, também teve alegrias, afirmações, harmonia, curas, nascimentos. Houve quem tenha se fortalecido espiritualmente e procurado práticas de yoga, de meditação, cursos de Filosofia a fim de refletir em como atravessar a turbulência da covid-19 e chegar a um estado de paz, tranquilidade, sabedoria e compaixão. Se houve quem quisesse ganhar vantagens pessoais e lucrar com produtos falsos, também houve quem se dedicasse ao caminho da ética, do respeito, do amor, da inclusão e da harmonia. Assim, concluo que a covid-19 fragilizou espiritualmente algumas pessoas e fortificou outras – as que procuraram por caminhos de cura.  

O Otimista – O que é preciso fazer para nos restabelecermos após esses anos de muito estresse e luto? 

Monja Coen – Viver! É preciso viver com plenitude e gratidão à vida de nós sobreviventes.  Lamentamos cada morte, sofrimento, hospitalização e festejamos cada vida, cura e alegria de viver. Nunca sinta culpa por ser feliz, mesmo em meio ao caos das diferenças sociais, das exclusões, dos sofrimentos, do estresse e da morte. Somos a vida. Apreciemos. 

O Otimista – Também neste sentido, a senhora percebeu uma procura maior pelos conteúdos que são publicados nas suas redes sociais desde a pandemia? 

Monja Coen – Sim, houve um grande aumento de procura por minhas lives, aulas, cursos, palestras durante a pandemia. Trabalhei muito online e hoje, quando saio novamente às ruas, recebo muitos agradecimentos e ternura de pessoas que consideram ter sido salvas pelos ensinamentos de Buda que transmiti e transmito. 

O Otimista – Somente no Instagram, a senhora acumula mais de 3 milhões de seguidores. Como se sente sabendo que suas palavras, lives e vídeos chegam para tanta gente? 

Monja Coen – Alegra-me saber que cada vez mais pessoas procuram pela verdade e pelo caminho. Pessoas que se preocupam umas com as outras e com todas as formas de vida. Que coisa boa que estejamos despertando para o que é essencial e fundamental à vida pessoal e comunitária. 

O Otimista – Agora falando sobre a palestra do próximo sábado (13) em Fortaleza, é algo que se restringe apenas aos adeptos do budismo ou é aberto para todos os públicos? 

Monja Coen – É para cada uma e todas nós – pessoas que procuram caminhos de liberdade, respeito e harmonia em suas vidas pessoais e sociais. 

O Otimista – Ainda sobre o evento, a senhora pode nos adiantar como se dá essa imersão o Zen budismo ao longo da palestra?

Monja Coen – Sou monja Zen Budista da tradição Soto Shu, cuja sede fica no Japão. Estou imersa nesta tradição e, logo, tudo que falo, faço e penso está diretamente ligado aos ensinamentos Zen. Minha palestra não é proselitismo, não venho para convencer pessoas da tradição que escolhi para minha vida, mas para compartilhar ensinamentos que pessoas de qualquer tradição espiritual e qualquer ateu possam praticar em suas vidas para que estas sejam plenas e saudáveis.  Respeito a inter religiosidade e as diferentes opções individuais e coletivas. Faremos alguns momentos de Zazen – meditação silenciosa sentados – prática que tem sido usada por diferentes líderes religiosos de outras traduções e também por terapeutas. 

O Otimista – A médica e multiartista Paola Torres também está presente na palestra. Como se deu o contato entre vocês duas e quanto ela engrandece a apresentação? 

Monja Coen – Conheci Paola Torres há anos, quando fui à Fortaleza para um encontro no centro de Yoga Clara Luz. Desde então, ela iniciou seus estudos à distância do Zen e recentemente se tornou oficialmente minha discípula e recebeu o nome de Dai shin – grande mente. Será minha parceira ao final da palestra, quando cantaremos e dançaremos em gratidão e homenagem a todos que viveram antes de nós e tornam possível nossa vida neste tempo e lugar. 

O Otimista – A ancestralidade é também um tópico presente na palestra e chega para um Brasil tido por muitos como “país sem memória”. Na sua análise, qual o papel dos nossos ancestrais na busca de respostas para questões tanto do plano físico quanto espiritual? 

Monja Coen – Resgatar a memória ancestral é perceber que somos elo de uma grande corrente da vida humana no planeta. Se não houvesse passado, não haveria presente nem futuro. Honramos nossa ancestralidade tanto física como espiritualmente com a maneira em que vivemos. Somos dignos desta vida e a tornamos digna com nossas decisões, palavras e atitudes. Nossa história precisa sempre ser recontada e nossos ancestrais respeitados e homenageados.

O Otimista – A senhora já tem uma idade avançada e, diante disso, como enxerga a presença da pessoa idosa na sociedade de hoje? É algo que lhe causa preocupação? 

Monja Coen – É preciso não afastar as pessoas da vida e da realidade em que estamos.  Pessoas idosas devem fazer parte do Conselho de Anciãos e Anciãs e participar ativamente da vida social, política e econômica.  Este ano teremos eleições e espero que todas as pessoas com mais de 70 anos de idade votem. Precisamos estar presentes na vida pública. O atual presidente dos Estados Unidos tem mais de 70 anos e está ativo. Nunca é tarde para estudar, aprender e ser feliz. 

O Otimista – Neste ano, a senhora alcançou 40 anos de vida monástica. Qual foi o maior aprendizado ou lição que tirou de toda essa trajetória? 

Monja Coen – Somos a vida da Terra. Estamos todos interligados uns aos outros. Não só entre seres humanos, mas toda a trama da existência. Somos o Ecosistema. O despertar da mente humana é o propósito principal de minha vida, de ajudar a fazer com que todos despertem e vivam de forma amorosa, ética, respeitosa e caridosa.

O Otimista – A senhora já teve momentos na vida, antes de escolher este caminho, onde cometeu alguns excessos? Se sim, se arrepende disso?

Monja Coen – A caminhada que nos leva ao encontro da verdade tem armadilhas, curvas, abismos. Passei por inúmeras experiências e certamente cometi alguns excessos. O que aprendi com isso? Que corrigir os erros é possível, que podemos nos transformar, pois tudo está em constante transformação. Eu escolhi e escolho o caminho do meio, sem abusos e sem insuficiências. 

O Otimista – Ao longo dessas quatro décadas, encontrou respostas para as dúvidas que tinha no início da caminhada? 

Monja Coen – Sim, encontrei algumas respostas e surgiram novas questões. A vida é movimento e transformação, o aprendizado não tem fim. A meta é continuar a questionar, duvidar, investigar, praticar, estudar, experimentar e ir adiante. 

O Otimista – Por fim, para as pessoas que hoje buscam sentidos e propósitos na vida, quais palavras pode deixar para elas? 

Monja Coen – Apreciem suas vidas. Cada instante da existência é único, não há bis, não há repetição. Estar presente no aqui e agora, respirar conscientemente, comer, falar, andar – todas as atividades da vida diária devem ser feitas com excelência e atitude. Viver com dignidade e respeito a si e ao mundo. É possível transformar a sociedade quando nos transformamos em átomos de sabedoria, paz, harmonia e compaixão. Vamos tentar? 

RELACIONADOS

PUBLICIDADE

POPULARES