Estreia da semana, Jurassic World: Recomeço traz Scarlett Johansson no papel principal e Gareth Edwards tentando homenagear o legado de Steven Spielberg. Ao assumir a franquia, o diretor se perde e peca pela ingenuidade
Gabriel Amora
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É curioso que justamente na semana em que “Guerra dos Mundos”, dirigido por Steven Spielberg, completa 20 anos, “Jurassic World: Recomeço” – o sétimo filme da franquia iniciada pelo próprio cineasta em 1993 – chegue aos cinemas. Essa coincidência convida a uma comparação inevitável entre o legado do mestre e a atual tentativa de reviver suas ideias, ainda que de forma bastante pálida.
Enquanto “Guerra dos Mundos” trouxe um thriller de ação ininterrupta, mas carregado de alma, refletindo sobre a paranoia pós-11 de setembro, o medo coletivo e as relações familiares – tema constante na obra do diretor -, “Jurassic World: Recomeço” adota uma abordagem bem mais superficial.
O longa chega oficialmente aos cinemas nesta quinta-feira (3), e traz no elenco nomes como Scarlett Johansson, que dá vida à agente de operações especiais Zora Bennett, além do vencedor do Oscar de Melhor Ator Mahershala Ali e Jonathan Bailey, conhecido por papéis em obras como “Wicked” (2024) e “Bridgerton” (2020).
Dirigido por Gareth Edwards – fã declarado de Spielberg e responsável por obras como “Godzilla” (2014) e “Rogue One” (2016) – o filme começa com uma premissa promissora: um grupo parte em missão para coletar DNA de dinossauros em uma região remota. Porém, como era de se esperar, tudo dá errado, e a narrativa rapidamente se transforma em uma colcha de retalhos de cenas recicladas dos filmes anteriores.
Apesar de apresentar algumas boas ideias e momentos empolgantes de ação, o longa sofre pela sensação constante de déjà-vu, entregando menos intensidade e novidade do que o público esperava. O elenco até tem carisma, e ao menos duas sequências se destacam pela direção, mas falta substância e originalidade ao conjunto. Para piorar, o roteiro, simplista e apressado, aposta em diálogos expositivos, piadas constrangedoras e subtramas sem propósito – como a das crianças, que permanecem inalteradas do começo ao fim, sem desenvolvimento ou peso dramático.
A ironia maior talvez esteja no fato de o roteiro ser assinado por David Koepp, o mesmo responsável pelos textos de “Jurassic Park” e “Guerra dos Mundos”. Em todos esses filmes, ele repete uma sequência semelhante: personagens se escondendo de criaturas em espaços confinados. Se no clássico “Jurassic Park” a cena dos Velociraptor na cozinha era tensa e assustadora, e em Guerra dos Mundos a fuga no porão trazia uma claustrofobia real, aqui, a cena paralela em uma loja de conveniência parece apenas uma cópia sem emoção – tecnicamente correta, mas sem coração.
No final das contas, “Jurassic World: Recomeço” talvez seja o trabalho menos inspirado da carreira de Gareth Edwards. O diretor, que já havia prestado homenagens muito mais potentes ao cinema do cineasta responsável por nos fazer acreditar que o parque dos dinossauros existe, parece aqui cumprir uma missão burocrática, sem paixão. Uma pena.
A lição que fica é clara: nem todo mundo consegue ser Steven Spielberg. Óbvio.
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Assista ao trailer:
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Estreia de “Jurassic World: Recomeço”
Filme chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (3)
Ação/Ficção científica
Duração: 2h14m