Em “Amores Materialistas”, estreia desta quinta (31) nos cinemas, Dakota Johnson vive uma casamenteira que descobre que o amor não cabe em planilhas. Com Pedro Pascal como partido perfeito e Chris Evans como o ex-pretendente caótico, filme de Celine Song questiona: há espaço para grandes paixões em tempos digitais?
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Imagine entrar em um aplicativo de relacionamentos e, em vez de fotos, encontrar planilhas com os “prós e contras” de cada pretendente. Bem-vindo ao universo de “Amores Materialistas”, a nova comédia romântica que promete chacoalhar as convenções do gênero quando chegar aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31). Com Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans formando um triângulo amoroso bem atípico, o filme da diretora Celine Song (“Vidas Passadas” – 2023) não se contenta em fazer o público rir ou chorar: ele quer provocar uma reflexão ácida sobre como o amor se transformou em uma commodity na era dos algoritmos. E, pelo visto, a crítica internacional já está rendida: com 80% de aprovação no Rotten Tomatoes, esta pode ser a comédia romântica mais inteligente dos últimos anos.
Neuroses amorosas
A trama acompanha Lucy (Dakota), uma casamenteira profissional de Nova York que vive de criar relacionamentos perfeitos para seus clientes até se ver em um dilema pessoal. De um lado, Harry, personagem de Pedro Pascal, um empresário bem-sucedido que representa a segurança financeira e emocional; do outro, John, vivido pelo astro Chris Evans, seu ex-namorado, um garçom aspirante a ator cujo maior talento parece ser fazer seu coração acelerar, mesmo quando a conta bancária não colabora.
“O filme nasceu da minha experiência real como casamenteira, onde vi pessoas tratando relacionamentos como transações comerciais”, revela Celine Song em entrevista ao site “Today”. “Havia clientes que rejeitavam matches perfeitos porque o candidato ganhava 5% a menos do que o esperado ou porque seu signo não era compatível. Isso me fez questionar: quando o amor virou um jogo de números?”. Essa percepção crua da diretora coreana, indicada ao Oscar por “Vidas Passadas”, permeia cada cena do longa.
Um trio perfeito
Se a premissa já chamaria atenção por si só, é no elenco que “Amores Materialistas” encontra seu maior trunfo. Dakota Johnson, longe da atuação polêmica em “Madame Teia” (2024), entrega o que muitos críticos estão chamando de “a performance da sua carreira”. Como Lucy, ela equilibra cinismo e vulnerabilidade com uma naturalidade que faz o público torcer por ela, mesmo quando as decisões da protagonista são questionáveis.
Já Pedro Pascal mostra que pode ser tão carismático como um príncipe encantado corporativo quanto é como herói na série “The Last of Us”. “Harry não é o vilão da história, mas, sim, um produto do seu meio”, explica Pascal à revista “Rolling Stone”. “Ele acredita genuinamente que amor e compatibilidade financeira andam juntos – e o filme deixa claro que, no mundo real, muita gente pensa assim”.
Mas é Chris Evans quem rouba cenas como John, o caótico sentimental que representa tudo o que Harry não é: impulsivo, apaixonado e financeiramente instável. “É o papel mais humano que já fiz”, admite o eterno Capitão América admite o eterno Capitão América também à “Rolling Stone”. “John erra, se humilha, diz as coisas erradas… mas também é o único que pergunta: ‘Quando foi a última vez que você fez algo só porque queria?’”.
Crítica social divertida
O que diferencia Amores Materialistas de outras comédias românticas é sua disposição em cutucar feridas sociais. Essa mistura de comédia e crítica social lembra os melhores trabalhos de Nora Ephron (Simplesmente Amor, 2003), mas com um pé firmemente plantado na era dos influencers. Não à toa, o filme já está sendo chamado de “’Curtindo a Vida Adoidado’ da geração Tinder”. Será que temos um novo clássico do gênero vindo aí?
mais
serviço
Filme “Amores Materialistas”
Estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas
Romance/Comédia – 1h57min
Classificação indicativa
de 14 anos