Cineasta Gabriel Mascaro e a atriz Denise Weinberg detalham produção de “O Último Azul”, que estreia nesta quinta nos cinemas 

Após figurar em grandes premiações, “O Último Azul” chega aos cinemas nesta quinta-feira (28). Ao Tapis Rouge o diretor Gabriel Mascaro e protagonista do longa, Denise Weinberg, dão detalhes da obra e revelam desejo de repetir parceria

Gabriel Amora
amoragabriel@ootimista.com.br

Gabriel Mascaro vem se consolidando entre os grandes nomes do cinema brasileiro. Diretor de “Ventos de Agosto”, “Boi Neon”, “Divino Amor” e, agora, “O Último Azul” — longa que trouxe ao Brasil o Urso de Prata do Festival de Berlim e estreia nos cinemas nacionais hoje (28) —, o cineasta pernambucano afirma que, apesar do reconhecimento internacional, cada exibição carrega uma energia própria.

“Cada sessão tem um brilho muito particular. Cada cidade, cada plateia, cada cinema é um contexto. Então a ansiedade varia bastante”, comentou. “Quando converso com as pessoas, percebo como a arte ganha novos sentidos. É muito bonito esse encontro coletivo. Perdemos isso na pandemia, mas agora vivemos uma retomada especial, uma aliança renovada com o cinema brasileiro”, celebra.

O novo filme tem como pano de fundo a Amazônia, em um Brasil quase distópico, onde o governo transfere idosos para uma colônia habitacional em que vão “desfrutar” seus últimos anos de vida. Antes de seu exílio compulsório, porém, Tereza, interpretada por Denise Weinberg, uma mulher de 77 anos, embarca em uma jornada para realizar seu último desejo.

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Denise Weinberg interpreta a protagonista Tereza ( Foto: Laurent Hou/Divulgação)

A protagonista afirma ao Tapis Rouge que chegou ao projeto após ser vista por Mascaro em Greta, de Armando Praça. “Sou fascinada por histórias. Quando li o roteiro de “O Último Azul”, tive a certeza imediata de que queria fazer. O roteiro é fundamental para mim. Essa discussão sobre envelhecimento me atraiu muito porque não é melancólica. Pelo contrário: minha personagem vai rejuvenescendo, ficando mais livre e desejante. Isso me fascinou”, destaca a atriz.

A partir dessa deixa, Mascaro explica que a escolha de colocar uma mulher idosa como protagonista veio da constatação de que esse tipo de personagem é raramente explorado no cinema. “O que mais se encontra são narrativas sobre a finitude da vida, como em Amor, de Michael Haneke. São personagens presos ao passado. Eu queria o oposto: uma personagem idosa, corajosa, sonhadora, em busca de ressignificar a vida e de exercer autonomia. A partir disso, eu brinquei com os gêneros”, dispara o pernambucano.

Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, o cineasta enfatiza: “Veja bem: o filme começa com uma distopia, mergulha na fábula fantástica, passa pelo delírio do personagem do Rodrigo Santoro, vira um road movie e termina como um coming of age. Só que, em vez do corpo jovem se descobrindo, temos o corpo idoso rompendo convenções. Quase como um gesto de rebeldia na própria estrutura do gênero”.

No meio disso tudo, muita improvisação, sobretudo nas cenas em que Denise contracenou com Santoro, homenageado no último Festival de Cinema de Gramado. “Tínhamos o roteiro como trilho, mas o Gabriel nos deixou soltos. O Rodrigo propunha, eu acompanhava, e o Gabriel absorvia. Passamos uma semana no barco, aquilo virou nossa casa. Não havia marcação rígida, o jogo cênico acontecia naturalmente”, relembra a atriz.

Por fim, Weinberg revela o desejo de voltar a trabalhar com Mascaro. “Adoro repetir parcerias. Sérgio Rezende, por exemplo, me usou em sete filmes. Essa intimidade é preciosa. Com o Gabriel sinto isso, não vejo problema em repetir. O que é bom merece ser retomado”. Mascaro sorri ao escutar isso. “Seria ótimo reviver essa parceria no futuro. Vamos encerrar esse ciclo de “O Último Azul” e, em breve, sentar para desenvolver algo novo”, afirma o diretor na sequência.

O novo longa de Mascaro está entre os 16 títulos que disputam a indicação da Academia Brasileira de Cinema para escolher o filme que irá representar o País na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar 2026.

serviço

Filme “O Último Azul”
Estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas
Ficção científica/Fantasia
Duração: 1h 27m

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