‘Babilônia’ estreia nesta quinta nos cinemas mostrando o auge criativo e a decadência escatológica da Hollywood dos anos 1920. O filme é do mesmo diretor de ‘La La Land’ e ‘Whiplash’ e tem no elenco Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
É comum romantizarmos o passado, seja em tempos em que desfrutamos da juventude ou em eras que nem sequer estávamos vivos. E quando se fala da Era de Ouro do cinema estadunidense, logo vem à mente o glamour das divas na Calçada da Fama, na Hollywood Boulevard. Entretanto, toda romantização não passa de um ideal. E por isso filmes como ‘Babilônia’, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19), são tão importantes para entendermos a indústria cinematográfica.
O longa dirigido por Damien Chazelle (‘Whiplash’ de 2014, ‘La La Land’ de 2016) expõe a decadência, a depravação e todos os excessos escandalosos de uma época em que os filmes deixavam de ser mudos para ganhar falas e trilha sonora. A ascensão da própria Hollywood, nos anos 1920, é retratada no filme.
A produção conta a história do ator mexicano Manny Torres (Diego Calva; ‘Narcos: Mexico’ de 2021) que chega em Los Angeles em busca de construir uma carreira. Lá, ele começa a trabalhar nos bastidores do cinema e se envolve com figuras marcantes, como Nellie LaRoy (Margot Robbie) e Jack Conrad (Brad Pitt). Tobey Maguire (‘Homem-Aranha’ de 2002), Olivia Wilde (‘Ela’ de 2013) e outros nomes de peso dividem protagonismo, mostrando tanto a glória dos holofotes quanto a dificuldade em brilhar numa sociedade sexista, racista e homofóbica.
Facilmente a história pode lembrar filmes como ‘O Grande Gatsby’ (2013) ou ‘Era uma vez… em Hollywood’ (2019). Mas ‘Babilônia’ vai além por sair da glamourização do espetáculo. O objetivo é fazer com que o espectador se sinta em uma corrida cheia de tensões e delírios. Personagens brilhantes, performances majestosas, tragédias melodramáticas, espetáculos escatológicos e risos desconcertantes marcam a montanha-russa de sensações do filme, que se pretende ser um retrato ficcional cru e realista de uma época em que não se tinha sindicato de atores e muito menos cuidado com os animais durante as gravações.
Vale ainda ressaltar que alguns personagens são inspirados em personalidades reais de Hollywood. Nellie, por exemplo, lembra a atriz Clara Bow, primeira “it girl” do mundo. A estrela do cinema mudo era tão hipersexualizada quanto a personagem de Margot Robbie e também veio de uma infância difícil. O próprio Jack Conrad remete à figura de John Gilbert, “garoto-propaganda” da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Na vida real, ele enfrentou dificuldades na mudança para filmes falados e se tornou alcoólatra.
Premiações
Os críticos de cinema sempre valorizam filmes que contam a sua própria história. Por isso, ‘Babilônia’ concorreu em diversas premiações. Recebeu cinco indicações ao “Globo de Ouro”, mas acabou vencendo como “Melhor Trilha Sonora Original em Filme”. Já no Critics Choice Awards, realizado neste domingo (15), foram oito indicações, vencendo na de ‘Melhor Design de Produção’. Ainda espera-se que o filme também receba indicações no British Academy Film Awards (BAFTA) e no Oscar. As listas serão divulgadas nos dias 19 e 24 de janeiro, respectivamente.
Serviço
Babilônia
Estreia nesta quinta-feira (19), nos cinemas
Duração: 3h09min
Classificação indicativa: 18 anos