Artista plástico de Quixelô, Arivanio Alves foi selecionado para a final do prêmio nacional EDP das Artes, com três pinturas que integram a série As Lobas, que desenvolve há dois anos
Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br
Tem cearense entre os selecionados para o 7° Prêmio EDP das Artes. Natural de Quixelô, Arivanio Alves disputou com 456 outros inscritos e garantiu uma das vagas para a final da premiação, realizada pelos institutos Tomie Ohtake e EDP. A exposição das obras dos dez selecionados, assim como o anúncio dos três premiados com residências internacionais, está prevista para o primeiro dia de outubro, dependendo de como estará a pandemia nesse período.

Arivanio Alves, que se intitula artista plástico Naif – conceito que designa artistas autodidatas que desenvolvem uma linguagem pessoal e original de expressão -, foi selecionado por um conjunto de três obras: “A Cachorra Parindo”, “O Massacre dos cachorrinhos” e “Loba de Rômulo e Remo”. O recorte das telas foi retirado da série de pinturas “As Lobas”, que vem desenvolvendo há dois anos.
“Essas três obras foram feitas em pintura em óleo sobre tela. Todas elas têm o objetivo de falar do massacre feito com os animais, mas trazendo um paralelo com a vida humana, na questão que nós temos nos marginalizado como seres humanos. Eu quis também trazer um paralelo com aquela questão que chamamos ‘vida de cão’. Quando a gente diz que o ser humano está tendo uma ‘vida de cão’, na verdade, ele foi marginalizado de descer ao nível de uma coisa muito maltratada, que é o cachorro. Mas, na verdade, a gente só maltrata o cachorro porque a gente já se marginalizou antes disso e, então, marginalizamos o animal”, explica o artista.
Ainda sobre as obras recortadas da série, que demarcaram a sua seleção, Arivanio Alves conta que também faz uma “referência clara à loba de Rômulo e Remo com relação à sociedade romana, que tem uma enorme influência na nossa sociedade ocidental, na nossa cultura. Então eu faço uma referência aos nossos primórdios culturais”.

Para ele, o EDP das Artes é mais um passo na sua caminhada de 10 anos “de muita luta e muito esforço”. “Eu sempre sonhei em estar no Instituto Tomie Ohtake, mas em geral para visitar as exposições. Eu não imaginei nem que entraria lá ou que eu entraria lá tão cedo fazendo parte de uma exposição. Esse reconhecimento está acima do que eu podia imaginar, enquanto artista contemporâneo, jovem que está sendo amadurecido. Eu pensei que somente perto dos meus quarenta anos fosse ter um tipo de oportunidade como essa”, revela.
Identificação indígena
Nascido no sítio Poço da Pedra, localizado no município de Quixelô, esse jovem artista de 25 anos costuma retratar em suas obras o cotidiano as pessoas, os animais e as plantas. “Tudo envolvido em uma trama de diálogos, reflexões e inquietações que provocam o espectador”. A raiz indígena é outro tema recorrente. ”Eu pelejo na causa da identificação da cultura indígena da minha cidade”, conta.
A vida para ele é sua grande inspiração cotidiana. “Eu costumo dizer que é preciso viver para pintar”. Autoditata, Arivanio Alves revela que, entre os artistas nacionais que mais admira e que o inspiram estão Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres – também cantor e compositor – e Djanira da Motta e Silva. Entre os internacionais, “os mestres Vincent Van Gogh, Paul Cézanne, Paul Gauguin e Henri Matisse”. Ele já participou de bienais, exposições e festivais nacionais e internacionais, com obra exposta em Miami (EUA). Também participou de concurso em Buenos Aires, capital da Argentina.
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