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André Mota: Academia da Vida já ultrapassou 20 toneladas de alimentos arrecadados

Em pouco mais de um mês, a Academia da Vida já ultrapassou a marca de 20 toneladas de alimentos arrecadados para o Lar Amigos de Jesus, que acolhe crianças com câncer. Isso significa mais de 20 mil quilômetros em corridas em suas dez esteiras instaladas no piso L1 do RioMar Fortaleza. A iniciativa estreou no último dia 22 e segue até 9 de novembro.

“A Academia da Vida é uma academia diferente. Aqui, além de queimar calorias, você dá essas calorias para as crianças”, explica André Mota, sócio da Bolero e idealizador do projeto. Os alimentos são doados pela Rede Uniforça de supermercados, a cada 1 km feito pelos visitantes, 1 kg de alimento é entregue para a ONG.

O briefing, conta André, era promover uma corrida de rua. Mas o projeto acabou se tornando uma grande ação beneficente, inclusiva e engajadora. “A gente está incluindo todo mundo. “Todo mundo da cidade resolveu vir para cá. Ela acabou se tornando não só uma ação beneficente para arrecadação de alimentos, virou uma grande ação inclusiva”.

O publicitário conta acreditar que esse é o futuro da comunicação. “Eu acredito que isso é o futuro, mas acredito nisso desde 1995”, afirma antes citar outras campanhas que fez para engajamento e ação social. Para ele, ações do tipo são boas para os clientes, para quem recebe as doações e para a sociedade como um todo. “Enquanto eu tiver força para trabalhar, vou estar fazendo campanhas e buscando que minhas campanhas ajudem de alguma forma a outras pessoas”.

André recebeu o Tapis Rouge na Academia da Vida nesta semana e, em meio ao barulho das esteiras, falou do projeto e do mercado da comunicação. Confira.

Como nasceu a Academia da Vida? 
A Academia da Vida é uma academia diferente. Aqui, além de queimar calorias, você dá essas calorias para as crianças do Lar Amigos de Jesus, que é uma casa que ampara crianças que estão passando por tratamento de câncer no Ceará. A gente recebeu a missão de desenvolver uma campanha para divulgar uma corrida, mas Beira-Mar está passando por obras no trecho onde seria a corrida e a gente sugeriu que ela viesse para o RioMar. Quando chegou aqui, o Shopping emprestou uma loja. Quando eu vi que teria uma loja por três meses, pensei “então vamos fazer com que essa loja tenha alguma finalidade especial para que a gente não use só para distribuir kits de corrida”. Então decidimos abrir a Academia da Vida.

E o cliente abraçou a ideia? Há outros parceiros?
Conversamos com o nosso cliente, a Rede Uniforça, eles concordaram em doar a quantidade de alimentos por quilômetros percorridos. Aí a gente montou esse espaço. A princípio eram cinco esteiras, mas na primeira semana a gente viu que não tinha condição de ter ser essa quantidade e colocou mais cinco. Aí foi a vez da academia R2, que entrou como parceria da ação, já instalou as esteiras dela aqui em cima também. Agora, a gente está aqui cheio de parceiros. Hoje, estamos com um pouco mais de 20 toneladas de alimentos arrecadados, são 20 mil quilômetros percorridos em esteira. São longas distâncias. Os recordistas estavam aqui presentes, um fez 145 km, a feminina fez 102 km, teve gente que fez 133 km, 131 km. Setenta quilômetros, 42 km já viraram dia a dia. Correr uma maratona na esteira é moleza, até eu já corri. Assim é uma coisa que virou dia a dia, está comum. As pessoas estão se superando cada vez mais, se esforçando, atingindo distancias enormes para ajudar as crianças do Lar Amigos de Jesus. A gente fica aqui até o dia 9 de novembro, um dia antes da meia maratona. Aqui é um super aquecimento. Aquece com 145 km para correr 21 km.

O público é muito variado. Como está sendo o trabalho de engajamento?
A princípio, tinha ideia de fazer uma coisa mais voltada para atletas, até porque sou atleta também e eu sabia que nesse meio dava para convencer as pessoas a virem para cá. Só que, para a nossa surpresa, todo mundo da cidade resolveu vir para cá. Ela acabou se tornando não só uma ação beneficente para arrecadação de alimentos, virou uma grande ação inclusiva. A gente está incluindo todo mundo. Teve gente que veio correr aqui de cadeira de rodas, bota a cadeira em cima da esteira e corre. Teve gente com deficiência  cerebral, pessoas com deficiência visual, pessoas de todas as idades. Teve uma senhora de 89 anos que correu 3km na esteira. Então virou uma ação totalmente inclusiva, de amor, das pessoas pela atividade física e pelo próximo. 

A Bolero está com uma campanha nova na rua, a Surreal. Tem relação com esse trabalho?
A gente criou essa campanha com base em alguns resultados que tivemos. A ideia surgiu do comentário que uma pessoa fez. Na hora em que a pessoa viu quantas pessoas tinham correndo, que na primeira semana a gente tinha arrecadado quase 5 toneladas de alimentos, o cara disse “uma campanha dessa é surreal”. Buscamos trabalhar em cima disso. Na agência, a gente busca o além do imaginado. Estamos na busca constante de fazer algo que consiga não só agregar valor às marcas, mas também causar um grande impacto na sociedade. Já desenvolvemos algumas grandes campanhas como essa. Em 2015, nós fizemos a Loja do Bem, que foi no Iguatemi, que foi para essa mesma instituição, Lar Amigos de Jesus. Naquela ocasião, conseguimos vender 64 mil latas vazias, que para agregar valor ao produto dissemos que era recheada de sentimentos. Tinha carinho, esperança. Há pouco tempo, fizemos uma campanha que foi para o Desafio Jovem, a Musicoterapia. A gente conseguiu doação de músicas, foram mais de 90 artistas do Brasil inteiro, que tinham conteúdo positivo, mensagem positiva de autoestima para pessoas que estavam passando por alguma dificuldade com o uso de drogas. No Musicoterapia, vendemos música com dedicatória. A pessoa recebia a música com dedicatória do artista, desejando força, esperança. A gente também está fazendo uma ação paralela a essa que é o Viver Pra Valer, que é para construir uma escola. Por aí vai. A gente sempre busca. Se o briefing é vender uma corrida, a gente vende, mas também mostra que é bom vender outras coisas, que são boas para a marca, para as crianças, para todo mundo. É assim que a gente trabalha, procurando ver a possibilidade de gerar sempre um grande impacto positivo na sociedade com todas as campanhas que fazemos. 

Esse é o futuro da comunicação?
Eu acredito que isso é o futuro, mas acredito nisso desde 1995, que foi a primeira campanha beneficente que fiz nesse sentido. Foi uma campanha que, na época, não tinha internet como hoje em dia, mas conseguimos agregar. Foi um Dia dos Pais que a gente fez para o Shopping Ouro Verde. Era para arrecadar dinheiro para construção da enfermaria masculina do Lar Torres de Melo e a gente conseguiu. Naquele momento, na nossa primeira campanha nesse sentido, a gente conseguiu obter êxito. De lá para cá, foram várias. Eu não sei se é o futuro da comunicação, mas eu descobri que na comunicação cabe esse tipo de coisa e vou continuar fazendo pelo resto da minha vida. Enquanto eu tiver força para trabalhar, vou estar fazendo campanhas e buscando que minhas campanhas ajudem de alguma forma, direta ou indiretamente, a outras pessoas também. 

Como você vê o mercado de comunicação no Ceará?
Vejo o mercado do Ceará muito bem posicionado criativamente. Nós temos boas agências, que ganharam prêmios internacionais várias vezes, várias agências. Não estamos falando de um caso isolado, são várias agências diferentes que já foram premiadas. Agora vou falar uma coisa que o Orlando Mota, meu tio, falava: mesmo com verba que mal dá para espalhar um boato, a gente consegue fazer campanhas e ter grandes resultados e disputar de igual para igual, muitas vezes, com São Paulo, com outras praças bem mais desenvolvidas economicamente que a nossa. Aqui, muitas vezes, a verba que a gente tem para uma campanha inteira é a verba para produção de um filme lá. É uma concorrência meio desleal, mesmo assim a gente vem buscando, vem tendo boas ideias, vem conseguindo aparecer bem no cenário brasileiro e, algumas vezes, no cenário mundial também.

Como você o impacto das ferramentas digitais na comunicação?
Sempre considerei a internet como mais um veículo muito importante, mais uma ferramenta de comunicação que nós temos. Temos outras formas de comunicar, uma forma diferente, diferente de jornal, diferente de televisão, mas muitas vezes você observa que o que está bombando na internet acabou de sair no jornal ou na televisão. São mídias complementares e cada uma tem uma forma diferente de fazer e de fazer com que os clientes tenham bons resultados quando as estratégias são tratadas assim. A gente busca fazer além. Aqui, temos um espaço físico. Já fiz campanha com internet, com espaço físico e já fiz campanha que não tinha era nada em lugar nenhum, que eram coisas completamente abstratas. Muitas vezes a gente faz campanha em que perguntamos no outdoor e respondemos na internet. Então os meios vão se completando. A intenção da publicidade, acredito, continua sendo seduzir o consumidor, fazer com que ele goste de determinada marca ou produto e, para isso, a gente procura fazer ações como essa. Estamos mostrando que além da marca ter competência na sua área, ela também está preocupada com o próximo, com ajudar outras pessoas. Muitas vezes um fator como esse acaba sendo decisivo para escolha de uma marca. 

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