“Agosto Dourado” marca o mês de incentivo ao aleitamento materno. Apesar dos inúmeros benefícios ao bebê e à mãe, a amamentação ainda é cercada de mitos e preconceitos. Quanto mais informadas as mães estiverem, mais tranquilo é o processo
Texto: Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Foto: Tainah Picanço
Nem peito ferido, nem noites mal dormidas, nem os olhares e perguntas indiscretas dos familiares fizeram a jornalista Larissa Freitas desistir de amamentar os dois filhos. Benjamim, hoje com sete anos, mamou até os dois anos e cinco meses. Antônio, de dois anos e três meses, segue mamando até hoje. “Realmente é prazeroso para mim”, diz Larissa.
Mas nem sempre foi assim. Ela teve dificuldades no início da amamentação dos dois filhos. Com o Benjamim, durante os primeiros 20 dias, ela não via o filho ganhar peso adequadamente. O pediatra chegou prescrever fórmula para dar ao menino no lugar do leite materno, mas ela insistiu e, com a ajuda de uma consultora de amamentação, conseguiu fazer o processo de amamentação fluir.
Com Antônio, novas dificuldades, mas a consciência sobre os benefícios da amamentação mantém Larissa firme até hoje. E os olhares tortos que recebia na época do Benjamim já não são mais iguais. “Tem todo um movimento acontecendo mais forte pró-amamentação que fez cair um pouco esse preconceito. Acho que existe muito é desinformação. Não é só a questão nutritiva da criança, é a emocional também”, lembra a jornalista.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de vida do bebê e é aconselhável a amamentação até pelo menos dois anos. O leite materno é considerado o alimento mais completo para da criança e seus benefícios têm reflexos, inclusive, na saúde do adulto.
“Na infância, ele é importante no aspecto da nutrição, da imunologia, porque ela também fornece proteção, previne infecções na infância, e também vai prevenir doenças na fase adulta, como diabetes, hipertensão, doenças autoimunes. Para a mulher, ela ajuda também no retorno do útero, diminui risco de depressão pós-parto”, enumera Bárbara Montezuma, farmacêutica do Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Assis Chateubriant (Meac).
No chamado “Agosto Dourado”, a importância do aleitamento materno ganha ainda mais visibilidade com o fortalecimento das campanhas de incentivo. Segundo Bárbara, apesar dos benefícios da amamentação serem amplamente divulgados, a forte concorrência da indústria de lacticínios torna necessária uma campanha constante sobre o tema. “É uma concorrência muito desleal. Até hoje existe uma pressão muito grande. O peito é gratuito, a mãe produz para o bebê, por isso, às vezes, não tem valor comercial”, lamenta a farmacêutica.
Os mitos da amamentação
Muitas das dificuldades das mulheres no sucesso com a amamentação provêm da falta de preparo das parturientes para o momento. O mito de que amamentar é instintivo pode levar a mãe à frustração e desistência. “É natural, mas não instintivo. A gente precisa de dicas, informações que vão fazer toda a diferença. Ela precisa de apoio e acolhimento de familiares e da sociedade”, destaca Bárbara. “Quanto mais ela colocar o bebê no peito da forma correta, mais ela vai estimular a produção do leite”, orienta a profissional da Meac, que indica a amamentação por livre demanda para melhor suprir as necessidades do bebê.
Outros mitos que permeiam a amamentação estão ligados à alimentação da mãe, à capacidade do leite de nutrir por completo a criança e ainda às cólicas nos bebês. O termo “leite fraco”, por exemplo, tem sido cada vez mais desmistificado. Segundo a nutricionista Isadora Vasconcelos, professora do curso de Nutrição da Unifametro, o leite materno é completo em nutrientes. O que precisa ser observado é a quantidade produzida, algo que pode ser afetado pela alimentação da lactante, especialmente se ela estiver em situação de desnutrição ou com dietas muito restritas em carboidratos. “Pessoas em situações normais de alimentação – consumo de calorias, distribuição adequada dos macronutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas) – não vão ter prejuízos diretos na quantidade de leite produzido”, esclarece a nutricionista.
Conforme a professora, a alimentação da mãe deve ser saudável e variada. A restrição a alimentos apontados como gás formadores e causadores de cólicas nos bebês (feijão, brócolis, repolho, batata doce…) só precisa ser feita caso a mãe perceba a relação entre a ingestão de determinados alimentos e o aumento das cólicas. Da mesma forma, os leites de vaca e derivados. “Se o bebê começa a apresentar cólica ou se a mãe associa que quando consome o alimento x, o bebê apresenta cólica, ela pode fazer testes de retirada”, explica Isadora.
Eventos sobre amamentação
– Curso para Gestantes do Banco de Leite Humano da MEAC
Amanhã (20), às 15h, online.
Inscrições: 3366.8509 (as inscritas receberão o link para participarem)
– Simpósio com o tema “Apoiar a amamentação para um planeta mais saudável”
Amanhã (20), das 13h às 16h, no canal da Unifametro no YouTube
Inscrições: https://forms.gle/Nyev3nWvtRg5Cva6A
SERVIÇO:
Banco de Leite da Meac
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h (mães devem chegar até as 17h). O atendimento é gratuito por ordem de chegada. É necessário levar documento com foto e ir acompanhada do bebê. Mais informações: 3366.8509






















