A busca por tratamentos estéticos baseados em fotos da internet podem trazer uma série de riscos aos pacientes

A busca por tratamentos estéticos baseados em resultados vistos em redes sociais e a realização dos mesmos sem uma avaliação prévia de médicos especializados podem gerar arrependimento ou mesmo ocasionar riscos ao paciente. Veja as dicas para não cair neste erro 

Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br

Da mesma forma em que ampliou o leque de informações acessíveis a todos, a internet também abriu espaço para diversos riscos, como, por exemplo, usar o Google como consultório médico e, posteriormente, fazer uma automedicação baseada nas conclusões que tirou da leitura (por vezes, em sites não especializados). Ou mesmo usar fotos de redes sociais como referência de beleza e achar que precisa do mesmo tratamento estético ou cirurgia plástica que a atriz X para ficar igual a ela.

“As pessoas hoje em dia veem muito as coisas na internet, na televisão, e acham que aquilo é necessário para elas. Na verdade, não. Existem vários tratamentos para várias situações”, explica a dermatologista Kaline Ferraz. “Cada paciente é único. Não existe um padrão de rosto ou um padrão de beleza”, completa a especialista.

Ela conta que, diariamente, recebe em seu consultório pacientes arrependidos dos procedimentos estéticos que realizaram e do profissional que escolheram para fazê-los. Os maiores problemas, segundo Kaline, são com os preenchimentos feitos com ácido hialurônico, geralmente realizados nas maçãs do rosto, queixo, mandíbulas ou olheiras. “Os pacientes chegam feios, deformados e, às vezes, até com complicações. Em um preenchimento de lábios, por exemplo, o paciente estava decidido a aumentar os lábios, mas não gostou do resultado. Isso tem a ver com a técnica, com o profissional e com o produto utilizado”, diz Kaline Ferraz.

Como o mercado de estética oferece diversas opções de produtos para um mesmo tratamento, mas com qualidades e preços muito variados, a escolha do que usar e de como usar prescinde de conhecimento técnico. “As pessoas estão muito envolvidas com a internet e com a necessidade de realizar procedimentos da forma mais fácil, mais barata possível. Isso faz cair em pegadinhas, em situações muito delicadas”, alerta a dermatologista. “Você poder ter complicações. O paciente não sabe o que é injetado nele, como é colocado e isso pode trazer, sim, problemas sérios e difíceis de resolver no futuro”, destaca.

Importância da avaliação prévia

Antes de realizar qualquer procedimento estético na pele, é imprescindível passar pela avaliação de um profissional especializado, como um dermatologista ou um cirurgião plástico. Em uma consulta prévia, serão ajustadas as expectativas e desejos do paciente com os tratamentos indicados após avaliação médica, conforme explica a dermatologista Rebeca Soares. “É necessário, inicialmente, procurar um profissional ético e capacitado para realizar os procedimentos e seguir um protocolo gradual e contínuo de tratamento indicado pelo médico dermatologista”, afirma.

É nesta consulta que o profissional irá explicar ao paciente o mecanismo de ação de cada tratamento e como ele pode ou não o beneficiar. “Ele [médico] deve avaliar e indicar a melhor opção para tratar a pele, a idade certa e até a época de o ano precisa ser levada em conta”, destaca Kaline Ferraz.  “Não é o paciente que decide o que precisa. Ele sabe o que está incomodando. A partir do momento em que ele faz uma consulta com uma dermatologista e diz o que está incomodando, ela vai dizer quais são os tratamentos possíveis para aquelas situações. Ela vai lhe explicar o que são esses tratamentos, passar um plano estratégico, mostrar o que vai ser utilizado e você decide se faz ou não”, detalha.

A dermatologista enfatiza também que o médico deve conscientizar o paciente de que o “mais não é o melhor”. O melhor é quando ele fica bem e opta pelo tratamento adequado. “Você tem que buscar um profissional que vai atender àquilo que está lhe incomodando e não ficar buscando em internet e rede social quais os procedimentos da moda e querer que esses procedimentos venham parar no seu rosto porque eles podem não ser adequados”, aconselha.

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