Alice Dote abre primeira exposição individual para visitação gratuita no Centro Cultural Banco do Nordeste

“o nome disso não é fome”, primeira exposição individual da artista Alice Dote, ganha vida no Centro Cultural Banco do Nordeste. Transformando pintura e videoperformance em terreno sensorial, a artista convida o público a apreciar imagens que seduzem, tensionam e provocam

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

A arte provocativa da artista visual e pesquisadora Alice Dote adorna as paredes do Centro Cultural Banco do Nordeste por meio da exposição “o nome disso não é fome” – primeira individual da cearense. Curada por Eduardo Bruno e Waldirio Castro, da Plataforma Imaginários, a exibição revela ao público criações realizadas em 2025, que incluem 19 pinturas a óleo e uma videoperformance. Dote examina o olhar do desejo nas pinturas, entendo-o como um gesto erótico — capaz não apenas de figurar o desejo, mas de provocá-lo em quem observa. Disponível para visitação durante cerca quatro meses, a exposição também oportuniza ao público participar de ações propostas pela artista, como visitas guiadas, conversas com convidados e oficina de pintura.

“A exposição surgiu sem saber que seria uma exposição. É uma série de pinturas que, nesse momento, empresta nome à exposição. Embora a pesquisa na sexualidade e no erotismo já venha de muitos anos, essa exposição mostra uma intencionalidade maior em se implicar, trazendo o olhar de uma mulher presente em todos os níveis das cenas que pinta, o que faz também esse olhar girar cada vez mais do autorretrato para o corpo do outro – além dos vestígios que o encontro entre esses corpos produz”, detalha Alice acerca da origem da exposição, em entrevista ao Tapis Rouge.

As obras

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Nus e naturezas-mortas eternizadas em fotografias pela sensibilidade da própria artista foram referências para as obras da exposição. Além de provocar e trazer à tona o desejo, com a exibição a pesquisadora constrói um universo que questiona as hierarquias de gênero historicamente estabelecidas entre quem vê e quem é visto. Para exibir essa complexidade artística, foram necessários, segundo Alice, cerca de oito meses de produção intensa, com muito investimento de libido na própria prática de ateliê.

“O processo curatorial conduzido por Eduardo e Waldirio proporcionou um momento de, primeiramente, parar e olhar e entender melhor o que eu vinha produzindo. O diálogo constante me trouxe provocações, que foram incorporadas aos novos trabalhos. A seleção das obras já produzidas seguiu na proposta de um entendimento alargado de erotismo, e do aprofundamento da relação entre as tantas fomes que movem nosso corpo, e entre os diferentes gêneros e motivos historicamente construídos da pintura: a nudez e a natureza-morta”, revela Dote sobre a escolha das obras na exposição.

Para apreciar algumas obras que exploram a nudez explícita, os visitantes devem se dirigir a um local reservado, com classificação indicativa para maiores de 18 anos. Além de preventivo, o espaço também ganha um importante significado, de acordo com Alice. Com o implícito tornando-se matéria do erotismo, a artista questiona: o que é o erótico? Será apenas a nudez? A resposta para essa e outras questões está na forma como o público se relaciona com a obra, o que revela o desejo final da artista: “Meu desejo é de que o público saia dessa exposição alimentado e ainda com fome. Ou com mais fome.”

serviço

Exposição “o nome disso não é fome”
Na Galeria Experimental do Centro Cultural Banco do Nordeste – R. Conde d’Eu, 560 – Centro
Visitação: de terça a sábado, das 10h às 19h
Classificação: 18 anos
Acesso gratuito

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